— Estou morto. — resmungou Will sentado se espreguiçando na porta do chalé dourado soltando um gemido de cansaço.
— Não está não. Eu com certeza saberia. — sorriu Nico. Ele não se sentia particularmente estranho por estar parado ali de novo. Os campistas passavam e sorriam para ele. Não como no verão após Cronos "Oooh o garoto que apareceu com um exército morto-vivo e o pai divino! Valeu por salvar o meu traseiro cara!", eram só sorrisos amigáveis de "Oi". Nico estava gostando desse amigável.
— Pelas barbas de Hefésto — riu o filho de Apolo, inclinando-se para trás nos braços. — Isso foi uma piada, Di Ângelo? Foi uma piada!
— Rá, rá. — resmungou o garoto, mas se pegou rindo também. Ele tinha senso de humor! Sarcasmo pelo menos, tinha de sobra. Mas Will não tivera muita chance de conhecer isso. O que voltava para o fato de não conhecer o filho de Apolo e mesmo assim querer estar perto.
— Eu faria bem com um pouco de paz, sabe. — Will se deitou ali no chão mesmo de olhos fechados, por dois segundos, enquanto Nico o observava. Lindo, ele pensou, Will Solace é lindo. Não bonitinho como ele pensara certa vez, ou bonito como ele diria de Jason e Apolo. Will era lindo. — Pare de me encarar! — o menino abriu os olhos e riu um pouco de Nico corando. E era o fim, Nico pensou, tinha se transformado na irmã, corando por qualquer coisa, como se tivesse vindo de outro século. Bem, ele viera de longe, mas nem tanto.
— Não estou encarando você! — negou o menino. — Estou apenas esperando você levantar daí.
— Ok, ok. Estou de pé. — e com um pulo ele estava mesmo, tirando a poeira dos jeans cortados. — E eu estou morrendo de fome! Tenho a sensação que meu estomago está devorando alguma coisa aqui dentro já.
Nico fez uma careta estranha, provavelmente porque já tinha visto algo bem similar sobre órgãos que se viraram contra o dono e... Não era sua melhor memória.
— Aliás — continuou o garoto, talvez interpretando mal a expressão de Nico. — o senhor tem se alimentado de alguma coisa mais substancial que vento?
Nico corou novamente e Will revirou os olhos adivinhando a resposta.
— Eu estou bem...— garantiu o menino para ser interrompido logo em seguida.
— Essa expressão não cola comigo. — resmungou o loiro com uma careta. — Vem. Vamos encontrar alguma coisa para comer.
Meia hora depois, Nico e Will se encontravam sentados em bancos altos na cozinha da casa grande, com um punhado de harpias mexendo panelas e lavando pratos com lava. Os dois tinham conseguido sanduíches de carne com alguma coisa verde que Will fez questão de enfiar no sanduíche do filho de Hades. Ele reclamou, ameaçou jogar fora, mas acabou provando e nem era tão ruim. Will ainda tentava - de uma forma muito irritante - o persuadir a comer frutas. Os minutos sagrados que dormira sem sonhos e em paz haviam recuperado boa parte de sua energia e diminuído qualquer dor que ainda tivesse. O braço pinicava ainda, onde tinha as marcas de garra, mas Nico começava a suspeitar que talvez fosse psicológico.
— Em geral eu não tenho tanto apetite. — comentou Nico com seu sanduíche, lembrando-se do doce de Portugal. Parecia ter sido a uma eternidade, as viagens com Reyna e o treinador. — Deve ter sido sua poção.
— Você? — brincou Will com um grande sorriso. — Esse rapaz forte, esbanjando saúde.
— Eu não preciso de tanto alimento.
— Claro que precisa. — disse o filho de Apolo em um tom que admitia ser contrariado. — E dormir. E se exercitar... Nós já nos enfraquecendo facilmente por sermos semideuses, você não precisa dar uma ajudinha.
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Love is Easy
FanfictionDepois da guerra contra Gaia, algumas coisas precisavam ser recolocadas no lugar, novos começos iam surgindo, assim como alguns pontos finais. Nico agora tinha laços de amizades tão profundos que ele mal conseguia entender. O acampamento era seu lar...