Sobre trabalho, percepções e tendas mágicas.

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— Não sei exatamente onde eu nasci. — contou Nico, enquanto ajudava a desmontar o ambulatório. Esse era o trabalho sem risco fatal afinal. Will checara alguns papeis e pacientes, enquanto Nico falava. Tinha falado mais do que previsto. A verdade é que o banho no rio Lete não levara todas as suas memórias permanentemente, elas estavam em algum lugar perdido. Quando estava no Acampamento conheceu Clóvis, um filho de Hipnos. O garoto lhe dera esperanças de poder recuperar mais memórias e de fato, Nico conseguira recuperar muito. — Minha mãe era de Veneza, e eu falava italiano quando criança, mas ela viveu um tempo com os pais em Washington D.C e estávamos aqui quando... Bem, quando tudo aconteceu.

— Você nunca perguntou para seu pai? — quis saber Will, logo em seguida dando ordem para alguns filhos de Hécate que tentava desmontar a tenda com magia. — Lou. Essa é uma tenda mágica. Ela não precisa de mais mágica para funcionar.

— Bem... Nunca pensei em perguntar. — admitiu Nico. Ele tinha se sentido tão extasiado com aquela chuva de memórias e sensações que tinha se esquecido de pensar em alguns detalhes... Como local de nascimento. — Ninguém mais precisa do ambulatório?

— Hospitais de emergência para semideuses duram pouco tempo. — explicou Will, apontando para a ponta de uma maca, enquanto levantava a outra. Nico levantou a outra ponta e Will dobrou-a até que não passava de uma tábua fina. E uma tábua fina era quase só o que havia entre eles. — Cuidar de semideuses é gratificante. — disse o garoto, sua respiração chegava até o filho de Hades. — Nós nos curamos rápido.

Nico respondeu algo inteligente como "Ah-hum" e Will sorriu indo procurar outro trabalho.

— Will! — gritou uma menina ruiva de cabelos cumpridos, devia ter uns 10 anos. Nico sabia por cima que seu nome era Kayla. — Nós transferimos os PRP para a enfermaria da casa grande.

— Ótimo agora...

— Os o que? — perguntou Nico.

— Pacientes com potencial de risco. — responderam os dois em sincronia como se fosse uma coisa óbvia demais.

— Chame Austin e leve os relatórios até Quiron, quero todos os pacientes que estão nos chalés na supervisão. — coordenou Will. Ele parecia diferente com essa expressão, Nico achava, uma mistura de médico cirurgião, chefe, irmão mais velho e garoto de 14 anos. Observou a garota tomar nota e assentir.

— E os da enfermaria? — perguntou Kayla, meio ansiosa.

— Eu estou de plantão. — sorriu o filho de Apolo, tranquilo e parecia que um peso havia sido tirado dos ombros da menina enquanto ela se afastava.

— Você estar de plantão significa...?

— Que qualquer coisa que acontecer com os pacientes, eles podem me chamar. — explicou Will apontando pra mais algumas macas. — Sou o médico chefe do acampamento no momento.

— Eles iam te chamar de qualquer forma, não iam? — adivinhou Nico. O garoto tentou visualizar como era ter tantos irmãos pra cuidar - porque ele podia ver a forma como Will estava cuidando e assumindo responsabilidade, e ao mesmo tempo que dava uma ordem, elogiava quando faziam algo certo, encorajava outros e dava bronca. Mesmo naqueles que não eram filhos de Apolo - e se orientar em torno de você.

— Iam. — riu ele.

— Eles devem adorar você.

— Eles gostam de mim. — corrigiu Will. — Ou pelo menos eu espero que gostem. Sei lá, essa coisa de conselheiro chefe surgiu muito de repente. Às vezes eu não faço ideia do que eu estou fazendo.

— Mas continua fazendo. — emendou Nico, com um torcer de lábios, parecido com um sorriso. — Às vezes você erra, mas você continua tentando acertar.

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⏰ Última atualização: Dec 27, 2017 ⏰

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