❝His Secret❞

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[23]

Anna

Entrei no ringue passo a passo com medo de escorregar.

-Eu agarro-te.- disse. -Naah. Acho que seria mais divertido ver-te realmente cair.

Sorri ironicamente e concentrei-me no meu suposto percurso.

-Desliza o teu pé direito inclinando-o ligeiramente para o mesmo lado. Repete isso com o teu pé esquerdo e desliza na direção do mesmo.

-Assim?- disse tentando imitar o que referiu, mas acabei por exagerar.

-Cuidado!- gritou apanhando-me.

Olhou-me nos olhos e fixou-se neles.

-Pára. Não é como se tu fosses o príncipe e eu a princesa. Estamos a agir como tais.

-Não me estou a queixar.

-Pois, mas eu estou.

Está tudo a acontecer tão depressa. Acontecimentos atrás de acontecimentos. Ou devo antes dizer acidentes atrás de acidentes. Quase fui violada por um tarado d'um professor. Fiquei literalmente caída por um estúpido preverso, bipolar e deficiente. Mal conheci uma rapariga e ela odeia-me, chegando ao ponto de querer que eu perca a virgindade com ela e Louis. Levei um estalo do rapaz que gosto. Esse mesmo envergonhou-me. Acabo por perdoar toda a gente e sou uma parva porque sou engolida pelos meus pensamentos, ignorando o mundo real em meu redor. Nunca ninguém gostou de mim ou irá gostar. Estou aqui a armar-me em coitadinha, enquanto devia estar a fazer alguma coisa para mudar o rumo da minha vida, mas sou demasiado fraca para o fazer. E assim se resume a minha vida desde que entrei nesta escola.

-Porque é que és sempre tão revoltada com as coisas?

-Tu também és. E acho que todos sabemos os nossos motivos.- disse saindo dos seus braços.

Deslizei cuidadosamente até à borda do ringue para me segurar em algo que não fosse ele. Harry em segundos encontrou-se ao meu lado. Irrita-me ele saber patinar, e aproveita esse facto para me seguir, sem eu conseguir fugir.

-Mas por falar nisso... Tu nunca me contaste o porquê da tua família ser o teu ponto fraco.

-Aí está. É o meu ponto fraco.- rosnou contraindo o maxilar.

-Conta lá.

-Não Anna.

-Eu confiei em ti e contei-te o que aconteceu.

-Não tinhas mais ninguém.

-Wow, espera. Tu tens?

E o silêncio foi a sua resposta. Magoou-me ele dizer que eu não tinha mais ninguém. Eu sei que não tenho mas não é preciso atirar-me com isso à cara.

-Tu não és tão boazinha como todos pensam.

Espera, ele sabe? Quer dizer não sou eu que sou má, é mais a minha mente, que está dentro de mim e me pertence.

-Tu és tão má e fria como eu. Apenas não o mostras.

-E como é que tens tanta a certeza?- perguntei tentando não me passar por óbvia.

-Vais dizer que o que eu estou a dizer não é verdade?

-E-eu, e-eu-

-Todos temos um pouco de maldade em nós.

-Ambos sabemos que tu és mais que nós todos. És violento, insensível e ignorante.- disse, e ele simplesmente riu-se como se fosse uma piada. Irritava-me o facto de ele pensar que eu não tinha neurónios suficientes para falar, mas infelizmente tenho. Demasiados.- E também tens ataques de raiva sem razão.- atirei.

Soulmate || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora