Capítulo 03

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Nico era um empresário muito respeitado e presidente da empresa Monteiros , que era de sua família há gerações. Seus negócios iam desde construtoras até empresas petrolíferas. Emi era decoradora e tinha montado um escritório na casa da piscina. Ambos não tinham parentes próximos, eram filhos únicos e os pais já haviam falecido. Só tinham alguns primos que moravam na Europa. Emi e Nico eram herdeiros de uma grande fortuna, e ainda assim, eram as pessoas mais humanas e especiais que havia conhecido em toda minha vida.

- Bom dia família, e Maria - gelei ao ouvir a voz aveludada de Pedro ecoar no cômodo me colocando no meu lugar.

- João Pedro ! - sua mãe lhe repreendeu. - Maria  também faz parte da família.

- Não da minha - respondeu rudemente. Pedro sequer me olhava ou dirigia uma palavra a minha pessoa. Ele simplesmente fingia que eu não existia.

- Quero que peça desculpas a Maria  . Agora! - Nico exigiu.

- Está tudo bem, Nico - apaziguei. Não queria de modo algum que brigassem. Afinal de contas, eu já estava acostumada a esse tratamento por parte de Pedro.

- Não está bem, não, Maria . Ele tem que lhe respeitar - Pedro fez uma careta.

- E por que eu deveria fazer isso? Ela não é nada para mim - não pude evitar surpresa ao ouvir ele falar aquilo com tanto nojo. Me segurei para não chorar.

- João Pedro ! - exclamou sua mãe.

- Com licença - pedi me levantando. Não suportava mais ficar ali.

- Filha, você não comeu nada - Emi alertou.

- Estou sem fome. Tenham um bom dia - disse saindo da mesa. Antes de subir as escadas pude ouvir Emi e Nico repreendendo Pedro , fazendo com que me sentisse ainda pior.

João Pedro

Eu não entendia o que meus pais viam nessa garota. Para mim, ela não passava de uma intrusa que se aproveitava da riqueza e bondade deles. Uma filha de empregada. Apostava que esse jeito de boa moça era só uma forma de fazer com que todos sentissem pena dela e se arrastassem aos seus pés, mas eu não estava disposto a fazer isso. Queria que ela soubesse seu lugar, que era muito abaixo de mim. Depois de aguentar mais uma bronca dos meus pais por causa daquela imbecil. Subi e fui me arrumar para o colégio.

Eu fazia parte do time de basquete e era o cara mais invejado de toda a escola. Como não ser? Eu era rico, bonito, inteligente. Não existia ninguém que não quisesse ser eu, ou estar ao meu lado. Vivia rodeado de amigos e claro, mulheres, as mais lindas e gostosas do colégio. Eu pegava quem eu queria. Ninguém era imune ao meu charme. Estava no meu último ano e assim que terminasse o colegial e conseguisse convencer meu pai, iria para a Inglaterra fazer minha faculdade de engenharia. Quando me formasse, voltaria e assumiria a vice presidência da empresa da família. Meu futuro era certo e muito promissor, mas enquanto isso, eu ia aproveitar bem minha vida.

Peguei meu Porsche preto na garagem e fui para a escola. Assim que cheguei vi meus amigos na escadaria do colégio.

- E aí, vagabundo? - Patrick me cumprimentou.

- Fala aê, seu malandro - respondi rindo. Em seguida, cumprimentei todos os que estavam ali. Era um bom lugar para secar as gatinhas.

- O que estão conversando? - questionei interessado encostando na parede.

- Estava dizendo como você já pegou quase todas as garotas da escola - arqueei minha sobrancelha.

- Como assim, quase todas? Eu já catei todas - fui enfático. Esse é o problema de pegar todas, agora estava na seca por falta de carne nova.

Uma última chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora