Capítulo 2- Aparências

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Ele respira bem fundo relaxando a postura, seus olhos que transmitiam pura raiva, agora estão me observando atentamente, o que me deixa muito desconfortável. Parece que ele está a procura de algo em sua mente, algo para suavizar o clima que paira entre nós.

- Sabe, você não se parece nem um pouco com as suas irmãs- ha, eu sei disso muito bem, não tenho a beleza de Miah, o jeito atraente de Lian ou como a Thainara que é a copia mais jovem da nossa mãe, as vezes me pego pensando o por que de ser tão diferente delas- Digo, não é tão metida a besta quanto Miah e não é arrogante como Lian, bom, não cheguei a conhecer Thainara mas, de longe percebesse que ela é bem mais calma e menos bravinha- Ele dá um sorriso torto, não tem medo de falar de minhas irmãs assim, para mim, mesmo sabendo que há riscos de eu contar para elas, espera ele me chamou de brava?

- Eu sou uma pessoa calma para a sua informação, e não sou bravinha- sento-me na namoradeira e o vento balança-me levemente, que saudades que eu já estava deste lugar- Só não gosto que as pessoas venham aqui, esse é o meu lugar.

- Hun, então toda essa sua raiva foi por que EU coloquei meus pés na SUA parte do terreno? Me parece bem familiar- ele arqueia as sobrancelhas em um tom sarcástico- Até parece as suas irmãs agora

- Esse lugar me é especial de mais, não gosto que ninguém venha aqui, apenas a minha avó tinha permissão para vir quando quisesse, pois foi eu e ela que plantamos cada flor aqui e, diferente das minhas irmãs eu não tive e não precisei da ajuda de mais ninguém para fazer tudo isso- não sei nem mesmo o por que de estar me explicando.
Vovó,se a minha avó estivesse aqui, eu sei que ela não deixaria com que nada disso estivesse acontecendo, nada de casamento forçado e nada de confusões na minha vida e nada de intrusos no nosso jardim

- Na verdade, as suas irmãs não precisam da ajuda de ninguém, elas só mandam as pessoas fazerem tudo, enquanto elas ficam se olhando em espelhos- um sorriso lhe escapa pelo canto da boca- Mas... Realmente foi você e a sua avó que fizerem tudo isso?- ele aponta para as flores ao redor, ele parece duvidar de minhas palavras, mas quem acreditaria que uma garota como eu, me daria ao trabalho de mexer com terra sendo que posso muito bem mandar alguém fazer.

- Sim, ela sempre amou flores e jardins, acho que você já ouviu falar dela não? Isadora Valentine, uma mulher que encantava as flores- acabo sorrindo ao lembrar das palavras de vovô, ele falava que as flores encantavam minha avó e a minha avó encantavam as flores.

- Espera, nossa- ele se espanta de leve- Eu cheguei a conhece-la, agora parando para pensar, já sei com quem você se parece- ele troca o peso da perna esquerda para a direita o que me faz pensar que ele esteja cansando de ficar em pé.

- Você não que se sentar?- Seus olhos azuis me olham de uma maneira divertida- ham, podemos ir para os bancos perto do riacho se quiser, eu mesma não me importo em ir para o mais longe possível daqui- os bancos perto do riacho foi papai que mandou fazer, era lá que passávamos boa parte da tarde, mas já fazem anos que ninguém vai lá.

- Seria um prazer, mas eu acho que tenho que ir, tenho assuntos a tratar com o seu pai, já que a sua irmã não vai querer a minha ajuda. Se quiser pode vir comigo - ele pisca pra mim. Mas lembro que a última coisa que quero é ver meu pai agora.

- Não obrigada, prefiro sentir o vento soprar os meus cabelos ao sentir o calor daquela casa- ele dá de ombros.

- Bem Senhorita Valentine foi um prezer conhece-lá

- Me chama só de Emilly - odeio o título que o meu carrega.

- Prazer em conhece-la Emilly- ele se vira para ir embora.

- Não vai me falar o seu nome?- ele vira a cabeça na minha direção, e os azul dos seus olhos parecem se divertir com a minha curiosidade.

- Talvez, se você for ao baile das cores, talvez eu te fale o meu nome, ou não, depende de você. - ele me parece tão familiar, esse sorriso desafiador, esse jeito de quem não tem medo dos riscos, mas não tem como eu saber quem ele é, não sei nem mesmo o seu nome.
então ele se vai e some em meio as flores, um estranho amigo, um estranho conhecido.

Por um instante esqueço da confusão que a minha vida se tornou, ele acabou conseguindo me tirar do meu mundo.
Mesmo que eu não queira encarar a realidade eu não posso fugir dela para sempre. É hora de enfrentar o dragão.
Levanto da namoradeira e respiro bem fundo.

Faço o caminho de volta, mas antes de sair do meu jardim eu arranco uma flor, eu aji de forma impensada ao sair correndo, vou tentar consertar isso. Mesmo que a única coisa que ru queira seja fugir, mas fugir pra onde?

A caminhada de volta e lenta, na ida eu só queria escapar da realidade, mas agora estou voltando a passos lentos pra ela, acho que não tem como fugir disso, mas não é como se eu quisesse isso.

Assim que entro dentro de casa mamãe vem em minha direção, pergunta se estou bem e aonde tinha ido, falei que estava bem e que tinha ido apenas tomar um ar. Não quero suas perguntas ou muito menos a sua presença, se me amasse, não teria deixado esse homem fazer o que fez.

- Seu pai não está nada feliz com a sua atitude, ele está na sala de visitas com o senhor Negri e o seu filho, acho que seria bom você ir até lá- faço que sim com a cabeça e me dirijo a sala de visitas.

Assim que entro todos me olham de uma maneira estranha, bom, eu sai correndo, então é o mínimo que poderia acontecer.
Respiro fundo e tento atuar o melhor possível, soar convincente pode me salvar da forca que meu pai deve estar preparando pra mim.

- Antes de qualquer coisa, eu peço desculpas pela forma que aji, e como forma de paz, trouxe esta rosa branca- eles me escutam com atenção, mas apenas Nicolas toma uma atitude, ele vem na minha direção e pega a rosa das minhas mãos e me abraça.

- Eu entendo, não precisa se preocupar meu amor, eu entendo você- ele me lança um sorriso que derreteria o coração de qualquer uma, mas eu acho que meu coração não pode pertencer a um contrato, a um estranho - Sei que estava apenas nervosa, afinal, quem não ficaria, até eu tive duvidas sobre este contrato, mas agora, sei que terenos o nosso felizes para sempre - Suas palavras fazem o meu estomago revirar.

Depois de toda a confusão que fiz, não deu tempo de marcar a data do casamento, então só seria marcado na semana quem vem, quando eles voltassem para acertar uns negócios com papai sobre lã e vinho. Fico feliz por adiar o inadiável mesmo que por uma semana.

O que eu não posso é me contentar com isso, tenho que bolar um plano, não posso me casar com Nicolas Negri. Eu, de agora em diante, declaro guerra aos Negri, não me deixarei vencer.




No Oceano Dos Teus Olhos {Em Revisão}Onde histórias criam vida. Descubra agora