Carta n°3.

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São Paulo, 18 de janeiro de 2015.
QUERIDO FELIPE.
Fazia dois dias que você falou comigo e me  emprestou a sua jaqueta e eu não tinha ideia como devolve-la para você. Então eu a carregava todo dia comigo, na mochila para que um dia eu tivesse coragem e te devolvesse. Mas adivinha Felipe eu não tinha coragem. Eu não tinha.
Mas foi em um belo domingo de sol, em um dos dias mais quentes do mês de janeiro, eu estava sentada em uma mesa do meu café preferido comendo um cupcake e distraída mexendo em meu celular, um dia tedioso como todos os outros domingos, mas você o mudou, você o alegrou Felipe, você coloriu o meu domingo. Você chegou de surpresa me assustando.
- OI Mel – ele disse com o maior sorriso no rosto- Posso me sentar?
Eu estava petrificada, você nunca tinha falado comigo a não ser o dia do ônibus, mas eu também não deixei de notar que você me chamou  de Mel em vez de me chamar de Melissa e ninguem me chamava assim. Antes mesmo de eu responder você já havia sentado e mastigava a metade do meu cupcake me encarrando.
- Você não podia mais já que sentou!!- ele sorriu e eu  estava muito irritada- E você não  tem autorização para me chamar de Mel?
Você se aproximou por cima da mesa  sorriu de canto e disse:
- Não preciso de autorizações. Mas já que estamos conversando Mel, eu não te encontrei em nenhum dia na escola, queria saber onde você se esconde?
- Eu não me escondo- eu disse- E não me chama de Mel.
Eu estava te tratando tão mal e em vez de você  se afastar você parecia mais divertido do que nunca.
- Tudo bem, vou fingir que acredito em você Mel.- ele respondeu se encostando na cadeira- Você pode muito bem tentar se esconder, mas agora que eu descobri você eu não vou mais te deixar ficar escondida.
- Eu não me escondo- Respondi irritada.
Como você estava na minha frente eu vi a oportunidade de te devolver a jaqueta que você tinha me emprestado, mas você me impediu antes mesmo de conseguir tirar ela da minha mochila.
-Não quero que você me devolva a jaqueta- ele se levantou, andou até do meu lado e sussurrou no meu ouvido- Quero que fique com ela para sempre se lembrar de mim.
E assim você se ajeitou e saiu andando para fora do café, eu fiquei te olhando igual a uma tonta, porque era isso que eu era perto de você uma tonta. Tudo aquilo que você me disse aquele dia eu gravei no meu coração como uma tatuagem e sabe porque eu fiz isso Felipe? Porque voce me deixava perdida só com seu olhar.
Sentada na mesma mesa algum tempo depoi estou olhando os casais felizes a minha volta e lembrando como a gente era feliz junto. E adivinha Felipe o que eu estou fazendo aqui? Exatamente a próxima carta. Eu vou deixar ela aqui no café, naquela primeira mesa perto da porta onde a gente sentava todo domingo à tarde e fazia planos para o futuro, aquele futiro que você rasgou e jogou ao vento.

Com amor, Melissa.

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