Carta n°2.

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                  São Paulo, 16 de janeiro de 2015.
QUERIDO FELIPE.

Hoje o dia amanheceu chuvoso, e sabe o que me lembra dias chuvosos Felipe? Exatamente o dia que nos conhecemos. Talvez as pessoas pensem que eu não gosto desse dia ou que eu quero esquece-lo, elas estão enganadas. Você lembra Felipe o dia que a gente se conheceu? Não! Então eu te relembro.
Era um dia chuvoso e eu mais uma vez estava atrasada para a escola, você sabe eu vivia atrasada, então sai correndo como se não houvesse amanhã para não perder o ônibus e adivinha só eu o perdi mesmo assim. No fundo eu fiquei feliz porque eu iria poder te observar, sim eu sempre te observei você chama muita atenção por onde passa, você sabe disso, voltando aquele dia eu sentei no banco e esperei até as 07:55 o exato horário em que você saia pelo portão da sua casa e atravessava a rua para esperar no ponto, naquele dia você estava mais bonito do que costuma ser, você atravessou a rua e nem percebeu minha presença e eu fiquei decepcionada, só tinha nos dois no ponto e você nem me notou. Porem você me surpreendeu, eu estava sentada toda molhada e tremendo de frio, você tirou a sua jaqueta e colocou nos meus ombros sem falar nada, eu fiquei confusa Felipe, muito confusa, mas aí você falou e até hoje eu lembro exatamente o que foi.
- Você pode ficar doente toda molhada desse jeito Melissa!
Eu nem consegui mais raciocinar o que estava acontecendo depois disso. A única coisa que eu pensava era como ele sabe meu nome. Então o ônibus chegou e você entrou primeiro e foi se sentar nos últimos bancos, deixando seu perfume pairando no ar, eu entrei no ônibus logo após você e sentei nos primeiros bancos porque adivinha eu não gostava de gente me observando e pela segunda vez eu tive uma surpresa, você se levantou do lugar que estava e se sentou do meu lado eu fiquei te olhando confusa.
- Não acompanhar as pessoas que te emprestam casacos quando precisam é falta de educação Melissa!
Pela segunda vez você falou comigo, mas dessa vez você não se calou muito menos desviou o olhar você estava esperando uma resposta e a minha foi a pior possível.
- Como sabe meu nome? Nunca conversamos e muito menos temos amigos em comum?
- Como eu sei seu nome? Sério? - Ele disse- A gente estuda na mesma escola desde a primeira série, você é a única menina que nunca tentou falar comigo em todos esses anos o que me deixou bastante curioso Melissa, porque você nunca tentou se aproximar?
E com essa frase eu vi que o que todos falavam eram verdade, você se achava o maioral Felipe, mas adivinha eu não senti uma emoção com essa sua resposta, na verdade eu senti nojo, sim nojo por você achar que o mundo gira ao seu redor. E com essa reposta eu coloquei o meu fone e te ignorei até chegar na escola e você entendeu que eu não queria papo.
Quando chegamos na escola você se levantou me olhou e disse:
- A gente se vê por aí Melissa.
A gente se vê por aí Melissa? Eu te via todos os dias rodeado por meninas, eu te via você todos os dias pegando ônibus eu te via você não me via. Mas você não se importou em esperar eu responder você apenas piscou e saiu.
E foi assim que a gente se conheceu e conversou  pela primeira vez e é exatamente por isso que eu estou deixando a segunda carta naquele velho ponto de ônibus na frente da sua casa. Porque não é nada mais justo do que isso.
Com amor, MELISSA.

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