Pô, o Yuri não dá uma moral...

Capítulo 1

N/A: Você já sentiu que perdeu o controle da sua vida acabou escrevendo algo insano? Eu já.

Foi assim que este presente saiu.

Cara amiga oculta do Otaconda @Jujubando__, obrigada por me tirar da zona de conforto, embora eu não tenha exatamente conseguido. Espero que você aprecie, porque foi feito com carinho e amor e me perdoe pela demora.

E pra você, leitor que não é minha amiga oculta do Otaconda, boa leitura. Mamãe também ama você. <3

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GTA era interessante. Sempre fora. Pelo menos deveria ser. O problema era que o jogo já não supria mais suas necessidades. Tentou trocar de console. Nintendo Wii. The Legend of Zelda and the Skyward Sword? Não... Precisava jogar algo menos complexo, como Mario Kart. Isso, Mario Kart, Yuri Plisetsky decidiu, levantando-se para colocar o citado jogo no console.

Era irônico que Yuri Plisetsky passasse praticamente o dia todo enfiado no Yurio, o Toyota Corolla preto mais charmoso e cheiroso de São Paulo, como ele nomeara e definira o próprio carro, dirigindo para os outros em troca de dinheiro e ainda assim escolhesse um jogo que envolvesse dirigir. Mas pelo menos poderia pilotar uma moto com a leve e esperta Baby Peach.

O caso era que não tinha para onde correr. Passou o dia inteiro dirigindo como motorista de Uber para pagar as contas. Por ter escolhido trabalhar como UberBlack, resolveu que seria uma boa usar terno para fazer valer o luxo, a viagem e as gorjetas que ele conseguia por proporcionar uma experiência singular na viagem com um segurança russo que tocava jazz e abria a porta para você em um carro que oferece água e doces.

Agora estava jogado na sala de espera, aguardando o mecânico fazer a revisão do carro, enquanto se preparava para jogar Mario Kart. Sem terno, gravata, cabelo solto e óculos escuros, podia dar a pinta que quisesse, falar português sem sotaque russo e descansar do personagem que o ajudava a pelo menos duplicar o lucro.

Mas, verdade fosse dita, estava exausto. Porém não estava morto e muito menos cego, concluiu ao voltar a se sentar no sofá e olhar pela janela. No salão da oficina estava Otabek Altin consertando Yurio.

O macacão azul escuro era ajustado ao corpo fazendo os músculos aparecerem nos locais que Yuri considerava mais adequados para uma anatomia digna de um desses galãs sem cérebro da Globo. Ombros largos, braços fortes, costas definidas, bunda durinha e redondinha, coxas torneadas capazes de quebrá-lo ao meio. Otabek pareceu escolher este momento para virar de frente e Yuri nem se deu ao trabalho de desviar os olhos. Quatro ou cinco dos oito botões do macacão do mecânico estavam abertos, mostrando o peito malhado, o abdome trincado, quatro dos seis gominhos da barriga e não pergunte como, mas os olhos de águia do rapaz conseguiram ter um vislumbre do que era o volume tentador entre as pernas. O rosto de queixo forte e anguloso, olhar penetrante e sério, o ar calado e misterioso e o undercut que, apesar de fora de moda, casava bem com o rapaz.

Ver aquelas mãos grandes, másculas, com veias proeminentes do jeito que ele gostava sujas de graxa, dava-lhe arrepios e uma vontade inexplicável de mandar manutenção e Mario Kart ao espaço, porque Yuri queria realizar seus sonhos mais eróticos, dignos de um roteiro de filme pornográfico. Sua imaginação não lhe poupava detalhes. Viu-se de quatro, empinado, com as mãos apoiadas no capô do seu carro, a bunda marcada de dedos, manchas de graxa e a vermelhidão dos tapas que ele levaria com gosto e gemidos, enquanto Otabek lhe puxava os cabelos e lhe proferia ao ouvido obscenidades degradantes que o excitariam ainda mais e o fariam gemer, pedindo por mais...

A realidade o atingiu como um raio ao notar que estava tendo fantasias sexuais arrepiantes e excitantes com um mecânico. Este, por sinal, encarava-o com interesse indecifrável. Podia estar dando em cima dele com aquele macacão obscenamente aberto, mas também podia estar simplesmente tentando entender o motivo de ser encarado. Yuri engoliu a saliva, foi até a geladeira, pegou um suco de uva para beber e, por fim, jogou-se no sofá, iniciando sua incursão por Mario Kart enquanto o carro não ficava pronto.