Capítulo 7 - Welcome, Riles

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    Eu acordei sem saber onde estava, mas depois lembrei da praia, da festa, do Lucas...
    Por falar no Lucas, onde ele estava? Virei pro lado, ele não estava lá. Tudo estava silencioso, exceto por pequenas vozes que pareciam risadas.
    Me sentei e abri a barraca devagar, ainda estava escuro, clareando um pouco. Quando abri a barraca até a metade, vi Lucas conversando com a ruiva, não consegui ouvir muito, mas sei que ele disse "eu te amo" várias vezes para ela, e então segurou sua cintura e a beijou, e eu comecei a chorar.
    Eu não sabia o que estava sentindo, meu coração queimava, e ao mesmo tempo se rachava, eu senti uma vontade enorme de vomitar. Me senti usada, um lixo, uma qualquer pra ele, depois de anos de amizade.
    Abri a barraca com toda minha força e saí, ele olhou em minha direção e começou a falar meu nome, mas eu não dei a mínima. Dei passos furiosos e largos da praia até o carro, peguei minhas coisas e estava com meu celular na mão, pronta para ligar para alguém me buscar. Olhei no visor: 4:56AM.
    - Maya, deixa eu explicar, você não sabe o que viu... - o Lucas veio correndo até mim com uma cara de coitado.
    - Não, Lucas. Quem não sabe o que vê é você, que não se decide e vai atrás da namorada dos outros, eu tô dando o fora, nunca mais fala comigo. - dito isso, fechei a porta do carro com força, botei a sandália no pé, e fui andando pela pista, de camisola e com uma mochila nas costas.
    Até que me veio em mente: o Josh, ele tinha me falado que ia para uma cidade perto passar o Ano Novo... Tomei coragem, peguei o celular, e cliquei no seu nome na lista de contatos.
    - Alô? Josh?
    - Alôô? Que horas são? Quem é? - ele estava com uma voz de sono enorme, morri de pena.
    - Josh, é a Maya, preciso de ajuda, eu estou em Montauk, na rodoviária. De camisola.
    - Maya? Meu Deus, você ta sozinha? Pera, to saindo de casa agora, fica aí, chego em uns cinco minutos - nesse meio tempo, escutei várias portas abrindo e fechando pelo celular, e uma porta de carro batendo.
    Fiquei um tempo sentada, algumas pessoas paravam e olhavam pra mim, outras só passavam apressadas para comprar passagens. Até que alguém sentou do meu lado e eu o vi: Josh.
   [...]
    - Então você só me chamou porque o babaca do Lucas faz isso?
    Eu senti uma pontada de raiva na voz do Josh. Ele estava dirigindo com as duas mãos no volante, sempre olhando para frente, e eu para a janela, admirando a paisagem. Ele estava com o cabelo um pouco bagunçado, o rosto ainda cansado, provavelmente ele só tinha colocado uma camisa e uma sandália, e foi correndo me buscar.
    - Eu sou uma idiota, entendi.
    - Olha, eu não vou falar sobre isso, nem como eu me sinto sobre isso, pois sei que dói pra você - ele olhou pra mim por uns segundos - a Riley já chegou, a essa hora.
    - Sério? Eu estou tão animada! Preciso ir logo pra casa me trocar!
    E então, ele sorriu.

[...]

    Eu e o Josh estávamos super animados para a chegada da Riley, segundo a tvzinha do aeroporto, ela já tinha aterrissado, então estávamos esperando ela na porta de desembarque. Depois de um tempão esperando, o Josh disse que ia ao banheiro, e bem na hora que ele ia voltando, a Riley saiu correndo para nos abraçar. Mas algo ficou diferente em seu rosto, assim que ela pôs seus olhos em mim e analisou por completo, vi em seu rosto uma expressão de espanto, tristeza e pena.

    - Maya, você tá tão... magra..?  O que houve? 

    Eu já estava abrindo a boca para intervir, quando Josh pegou as malas e empurrou a Riley, sussurrando alguma coisa no ouvido dela, que eu não consegui escutar. Depois disso, me senti ainda pior, eu não disse nada pra a Riley, nem ninguém deve ter dito. Senti vergonha. Pelo que tinha acontecido comigo antes, pelo que tinha acontecido comigo e com  o Lucas, e comecei a pensar no que estava acontecendo comigo, no que eu queria pro meu futuro.

    Entrei no carro sem dizer uma palavra, sem nem prestar atenção na música que tocava, na bela paisagem de Nova Iorque, nem no que eles dois estavam conversando. Eu só pensava no começo de tudo. Henry. Tinha mesmo tudo isso sido por causa dele? Por causa das meninas que caçoavam de mim? Por causa de ida da Riley, do distanciamento de todos? Ou seria por causa... de mim

    No momento eu sabia, eu precisava ficar sozinha. Algo em mim precisava gritar, chorar, e desabar, mas eu não poderia contar para ninguém. Por que ninguém sabe, como é estar se matando.

Anorexia || JoshayaOnde histórias criam vida. Descubra agora