Capítulo 10

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[Alice]

As semanas foram passando rapidamente e já estávamos no final do mês de maio. Faltava apenas mais um mês para o semestre acabar e o desespero começava a bater em nós, alunos, com receio da reprovação em alguma disciplina. O meu estágio na empresa do Timi estava superando minhas expectativas e eu havia tido um aumento no valor da bolsa devido um programa de recompensa que eles utilizavam. O Timi me jurou não ter feito isso, pois não era ele que tratava diretamente dos valores, era o pessoal do RH que também cuidava da parte das empresas do pai dele, mas pelo o que eu me informei, quem indicava isso era o meu chefe imediato, quem nos dava as ordens e conferia nosso serviço, que no caso era o Timi.

Algumas vezes nesse último mês, eu cheguei atrasada nas aulas, pois ficava até mais tarde na empresa ajudando os caras a desenvolverem algum aplicativo ou software que não estava dando certo. Eu tinha algumas ideias, mas não sabia executá-las por completo, já que não tinha formação para aquilo e acabava que eu não levava nenhum crédito quando o projeto ficava pronto. Quem se vangloriava daquilo eram os próprios funcionários do setor. Só que o que eles não sabiam, era minha relação de intimidade com o dono da empresa e claro, deixei o Timi por dentro de tudo. Se eles achavam que eu seria besta em trabalhar sem levar o crédito somente porque era uma estagiária, estavam bem enganados!

***

Início do mês de junho, nosso grupo de amigos tirou um sábado para sair, após tantas provas e trabalhos que massacravam nossos finais de semana. Fomos para o barzinho jogar sinuca em torno das oito horas da noite e depois iriamos para o Domus. Quando o Timi foi me buscar, a Estela já estava no carro com a Laís, mas ele não tinha o semblante muito animado. Não me cumprimentou e sequer conversou conosco, já que as meninas falavam sobre um show que estava sendo anunciado na televisão.

Paramos o carro no bar e deixei que as duas descessem, indo logo para a mesa onde os garotos estavam. Desci em seguida e esperei que o Marcelo saísse do carro, para poder falar com ele a sós.

– oi chefinho – falei com um sorriso falso, apenas para vê-lo sorrir.

– e ai, Li? – ele murmurou, batendo a porta.

– o que você tem? – suspirei, amolecendo os ombros e o olhando com dó.

– nada – ele chacoalhou a cabeça.

– não mente para mim – falei entediada e ele me encarou com o semblante sério – essa ruguinha não combina com seus lindos olhos puxados – coloquei o dedo entre suas sobrancelhas, indicando um vinco que formava e ele sorriu fraco.

– podemos conversar depois? – ele perguntou e eu assenti.

– quando você quiser – exclamei de forma complacente – só confere antes se eu não estou muito bêbada, para não dá nenhum conselho errado – cerrei um dos olhos em uma careta.

Sem Legenda - Parte 1 - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora