Capítulo 2

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[Alice]

Descemos a rampa para o pátio ainda falando sobre o projeto, mas logo o Hugo e o Diego se dispersaram e eu fui com o Marcelo de um lado e o Thiago do outro. Avistei a namorada do japa, parada com duas amigas, no final da rampa e ela nos olhou com insatisfação. Ouvi o seu suspiro, já imaginando que ela o encheria de perguntas por minha causa, mas tentei disfarçar a situação, dando total atenção para o Thiago, que estava me oferecendo uma carona para casa. Expliquei que eu estava de carro e ele projetou o beiço para frente, me deixando tentada a largar meu carro no estacionamento e ir com ele, afinal, o cara era lindo, loiro e cheiroso. Seria difícil resistir, mas uma coisa eu tinha colocado em minha cabeça é que eu não me envolveria com meus amigos. Há um tempo, perdi uma amizade após um envolvimento de uma noite e não queria que aquilo acontecesse novamente. Então apenas agradeci ao Thiago e fui em direção ao meu carro, sozinha, para não cair em tentação.

***

[Alice]

Final de semana chegou e eu fiquei em casa, comendo pizza, tomando sorvete e assistindo netflix. Não por querer, já que adorava uma balada, mas como não conhecia nada da cidade, fiquei receosa de sair sozinha a procura de um algum lugar. Não tinha o número de nenhum dos caras da faculdade e não tinha feito nenhum amigo ainda.

Segunda feira, final da tarde, tomei meu banho após a academia e coloquei minha calça preta, rasgada, e uma camiseta branca, estampada, saindo apressada, para não pegar o transito da cidade. Assim que subi a rampa, avistei o Thiago e o Hugo encostados na grade de proteção do corredor, olhando para mim. Sorri para eles e continuei a subir, parando aos seus lados.

– oi garotos – falei e vi o loiro sorrir.

– e aí, gatinha? – o Hugo falou e me deu um beijo no rosto – e o final de semana?

– muito divertido debaixo das minhas cobertas – respondi irônica.

– ah, que isso! – o Thiago resmungou, franzindo a testa – sério mesmo?

– não conheço a cidade, não conheço ninguém... – encolhi os ombros – até pensei em pegar o carro e rodar por aí, mas também não conheço nenhuma balada...

– que dó! – Hugo disse fazendo bico – essa semana você vai conosco – disse, virando o rosto para o Thiago, que assentiu – vamos te levar em uns lugares bacanas.

– vocês saem sempre? – perguntei, me interessando pelas companhias.

– de quinta a domingo – Thiago disse com desdém e eu ri.

– só, né? – falei irônica.

– só – o Hugo piscou para mim – às vezes jogamos sinuca em um barzinho que tem aqui perto. Galera sempre se reúne por lá depois das aulas.

– eu já vi – afirmei – sempre lotado mesmo...

– fomos para lá na sexta – ele informou.

– nem chamam! Valeu – fingi indignação e eles se entreolharam, erguendo as sobrancelhas e sorrindo.

– sexta você saiu fugida de mim – o Thiago disse, sustentando um sorriso malicioso e eu senti minha pele queimar de vergonha.

– mentira... – resmunguei com humor.

– todos os dias você saí apressada – o Hugo me interrompeu, me deixando surpresa por eles terem reparado nisso.

– ah, é que não conheço bem o caminho e levo muito tempo para chegar ao apartamento, então saio cedo por medo de dirigir sozinha... – expliquei com sinceridade e encolhi os ombros.

Sem Legenda - Parte 1 - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora