Prólogo

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Era mais um dia de aula naquela quarta-feira. Mais um dia de aula, mas que, diferentemente de todos os outros dias em que chegara pontualmente a sala de aula, Anahí corria pelo corredor da escola atrasada. Isso tudo porque cedera às chantagens emocionais de Maite na noite anterior e saíram para beber. Estava quase no ultimo ano, e não podia mais ceder a chantagens, tinha que focar nos estudos e garantir sua vaga na faculdade de medicina. Mas ela deixaria para focar nos estudos na manhã seguinte, porque àquela estava sendo um desastre com a dor de cabeça e o sono que estava sentindo, e só o que a fez levantar da cama naquele dia era que não poderia perder sua bolsa, que seus pais lutaram tanto para conseguir, porque em pleno começo de século, ainda era muito difícil ser imigrante em um país completamente xenofóbico.

O corredor da escola já estava vazio, e ela já estava quase chegando a sua sala, com a desculpa perfeita que teria que dizer ao professor, quando distraída não viu a única pessoa que além dela, andava por ali, e com isso, eles acabaram se esbarrando. O choque foi tão grande que o corpo de Anahí foi para trás, e ela com certeza levaria a maior queda da sua vida se ele não a tivesse segurado. Os livros dos dois estavam misturados pelo chão, e Anahí completamente atônica.

Anahí: Dios! -exclamou com o susto, mais para si mesma- Me desculpe, eu não vi você. -pediu, tentando se ajeitar, mas a pessoa ainda a segurava e só então ela levantou os olhos para ver quem era-

Era Alfonso Herrera, do terceiro ano, ela sabia disso. Mas não que ela o conhecesse, eles nunca nem ao menos trocaram uma palavra alguma vez na vida. Mas Anahí sabia seu nome, a escola toda sabia.

Alfonso é o que Anahí chama de garoto despojado. Ele estava sempre usando uma jaqueta preta, seja de couro, jeans ou um simples casaco. As calças eram largas e havia também as botas. Ela achava engraçado, mas não podia negar que era um charme ao mesmo tempo. Ele estava sempre com seu fone de ouvido, e cantarolando pelos corredores. Já ouvira Maite dizer que ele tinha uma banda de rock, não dera muita importância no dia, mas agora olhando-o tão de perto, fazia todo o sentido.

Alfonso: Me desculpe também, eu estava distraído. -falou a soltando, e sem querer, Anahí percebeu que sua voz era maravilhosa-

Os dois se abaixaram para juntar suas coisas que haviam caído e Anahí lembrou-se do quanto deveria estar atrasada. Ela se despediu, pedindo desculpas mais uma vez, mas Alfonso insistiu em levar ela até a sua sala, ajudando-a com os livros.

Alfonso: Por que você anda com tantos livros? -perguntou carregando os livros dela. Eram quatro, enquanto ele andava somente com um, e porque a professora o obrigou a levar-

Anahí: Como por que? –perguntou confusa, o olhando rapidamente enquanto os dois caminhavam até a sala dela- Os professores usam eles todos os dias. Não usam livros no terceiro ano?

Alfonso: Sim, mas... Eu quase não toco neles. –respondeu sorrindo de canto-

Anahí: Mas deveria, um dia eles irão lhe fazer falta. –disse quando chegaram em frente a sala dela-

Alfonso: Eu acho difícil. –respondeu casual, observando ela olhar para dentro da sala de aula-

Anahí: Obrigada pela ajuda. –agradeceu, pegando seus livros das mãos dele- Eu preciso ir.

Alfonso: Espera... –balbuciou, mas ela já entrava na sala, deixando-o-

Alfonso a olhou pelo pequeno quadrado de vidro na porta da sala e a observou falar com o professor alguma coisa que ele não pôde ouvir, mas viu quando ela sorriu, agradecendo ao professor e indo sentar em sua cadeira, no meio da sala. Só então ele voltou a seguir seu caminho, indo até a sua aula.

O Giro do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora