Capítulo 16

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No dia seguinte, Anahí pegou um avião rumo a Nova Jersey, para a casa dos pais. Fazia tanto tempo que não ia visita-los que antes mesmo de chegar seu coração já apertava de ansiedade. Desde que saíra de Nova York, anos atrás para ir para Harvard, sua vida mudou completamente. Ela saiu de casa para ir atrás de um sonho que não era só dela, mas também deles. Fazia tanto tempo, mas até hoje lembra-se do dia em que se fora. Estava feliz por ter conseguido ingressar na universidade, mas seu coração estava destroçado em ter que deixá-los e pelo que havia acontecido com seu grande amor. Ela teve que tomar grandes e difíceis decisões naquele tempo, decisões que até hoje doem em seu peito.

Desde que se fora de casa para ir a faculdade, via os pais poucas vezes no ano. Quando ainda estava em Harvard, voltava para casa somente nas férias, duas vezes ao ano, e nem sempre podia ficar muito tempo. Mas as coisas ficaram mesmo difíceis foi quando terminou a faculdade e começou a residência. Seu tempo era quase zero e sentia falta deles em cada minuto do seu dia. Mas era com o pensamento neles que conseguia guarra para continuar. Eles foram e são sua grande força e inspiração.

Ainda era cedo quando o táxi a deixou em frente a casa dos pais, e caminhou com sua mala até a casa em que os pais moravam há alguns anos, tocando a campainha com um sorriso.

Marichelo: Anahí! –falou animada ao ver a filha, depois de mais de um ano sem se verem- Que saudade! –ela a puxou para seus braços, a apertando com todo o amor que tinham uma pela outra-

Com o grito de Marichelo, logo Enrique apareceu e os três se envolveram em um abraço demorado. Enrique carregou a mala de Anahí e juntos entraram em casa. Anahí respirou fundo, sentindo o cheiro de lar que sempre exalava onde eles estavam. Apesar de já morar em Los Angeles a muitos anos, e de ter seu apartamento e o adorar, sentia que seu lar sempre era onde eles estavam.

Enrique: E esta mala tão pequena? –questionou desapontado-

Anahí: São só duas semanas de folga, papai. –disse em um lamento-

Enrique: Não deveria ter alimentado tanto esse seu sonho de ser médica. –suspirou, recebendo da esposa um tapa no braço-

Anahí: Não seja tão dramático papa. –disse com um riso-

Marichelo: Vamos acabar com essas lamentações. Estamos finalmente juntos. Venha, vamos para a cozinha, diga o que quer comer que eu faço. –falou, puxando a filha pela mão para dentro da casa-

Estavam na cozinha, já cercados por café, quando alguém apareceu. Muito pequeno para ser visto atrás do balcão da cozinha, onde estavam sentados. Confuso com tantos risos e vozes.

Marichelo: Vejam só quem acordou. –falou quando o sentiu puxar sua blusa, o carregando para seu colo-

Anahí: Luca! –sorriu ao vê-lo, caminhando até a mãe e o carregando para seu colo- Que saudade garoto.

Luca: Any! –falou com a vozinha rouca, agarrando seu pescoço-

Luca tinha seus poucos seis anos, e adorava a sua nova família. Obviamente que não se lembra muito bem de como tudo começou, de quando com apenas dois anos tentou atravessar a fronteira junto com os pais, e os perdeu. Havia passado um ano em um abrigo social, quando finalmente foi encontrado por Marichelo e Enrique, que se apaixonaram pelo garoto e por suas histórias serem tão semelhantes. Eles foram atrás de tudo e conseguiram adotar o menino, que nem no México, como nos EUA, não havia mais ninguém na vida.

Luca: Você sumiu. –acusou, ainda nos braços da irmã, e os três riram-

Anahí: Vejo que você está aprendendo muito com nosso pai, não é? –falou e o menino assentiu, inocente. Anahí riu novamente, beijando a bochecha dele. Ela o abraçou novamente e sentiu- Ele está febril.

O Giro do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora