Capítulo 8

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"ㅡ Bem feito! ㅡ Marlene falou e nós rimos mais ainda. Depois que vi a cara de ódio deles, saí correndo para meu quarto, juntamente com as meninas."

Então entramos no nosso quarto. Não me canso de dizer o quanto ele é lindo e aconchegante. As camas são vermelhas e tem um dossel mais antigo acoplado. As cortinas são um pouco gastas, mas isso não faz com que o brasão da Grifinória desaparecesse. Eu passaria o dia todo olhando para a cortina, ou até mesmo para a lareira no meio do quarto, que deixa tudo mais quente. Outra coisa que me deixa sem fôlego é a vista que temos aqui.

Como os dormitórios ficam em uma torre, podemos ver o terreno de Hogwarts. A única coisa ruim é que, as vezes, alguns pássaros batem no vidro. Não sei se chegam a morrer, mas me parte o coração considerar essa possibilidade.

Aqui é, com certeza, mil vezes melhor que o orfanato.

Paro um pouco de andar e olho para as garotas, que me encaram com curiosidade. Eu nunca tive isso na minha vida, ninguém nunca me olhou dessa forma.

Como se eu realmente fosse importante. Como se eu realmente fizesse a diferença nesse mundo.

Tenho vontade de congelar o tempo e ficar aqui para sempre, tenho vontade de pintar um quadro com esse olhar. Tenho vontade de me transformar em um travesseiro e ficar aqui o resto da vida. Quero grudar os meus pés no chão e ficar presa, quero me transformar em um fantasma e ficar vagando por Hogwarts.

Nunca me senti assim, amada.

Saio dos meus pensamentos e sento-me na minha cama, as meninas sentam-se no chão, formando assim uma meia lua.

ㅡ Pode começar ㅡ a voz de Lily me fez recordar tudo o que passei nessa tarde.

ㅡ Tá ㅡ foi a minha vez de falar, revirei os olhos em seguida ㅡ quando eu saí da Sala Comunal, nós fomos de braço dados até o jardim

ㅡ Que fofo! ㅡ Dorcas exclamou.

Por um segundo isso passou pela minha cabeça. Ele realmente foi fofo. Mas por quê?

Então uma ideia mais absurda ainda passou pela minha cabeça: e se foi tudo proposital? Tenho uma leve lembrança de ter visto ele andando pelo outro lado do corredor, bem longe e sem perigo de esbarrar. Lembro-me de ver ele me olhando, mas essa memória simplesmente sumiu quando nos esbarramos. Era como se alguém tivesse a apagado.

Loucura.

E se ele realmente gostou de mim? Por algum motivo, para mim, a ideia de ser proposital me pareceu mais familiar.

Não é porque você passou a vida toda sem ninguém que não existe alguém nesse mundo capaz de te amar.

Mas ele é irmão do Sirius. Por algum motivo, Sirius nunca me falou dele. Bem, na verdade, tenho que dar um desconto para ele. Escutou aqui há pouco tempo, e nem tivemos a chance de conversar sobre a família.

ㅡ Me deixa continuar! ㅡ falei ㅡ então... Nós fomos conversando, tipo, falando da família. Eu falei que moro em um orfanato, e ele disse que os pais dele são muito rígidos, tipo: eles ficaram 'p' da vida quando descobriram que Sirius foi para a Grifinória.

Paro de falar quando lembro as exatas palavras dele:

"ㅡ Orfanato? Bem, aposto que é melhor que a minha casa. Aquilo é o próprio inferno. Sirius foi deserdado por se misturar com sangue-ruins e por ter caído na Grifinória. Meus pais são bem tradicionais, então não admitem erros da minha parte. Para falar a verdade, acho que Sirius é a ovelha branca da família."

ㅡ Que horror! ㅡ disse Marlene. Ou Lene, um apelido para seu nome maravilhosamente grande.

ㅡ Exato! Mas ele me disse que não suporta isso, que só está obedecendo para dar orgulho aos pais. E por medo.

A MarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora