deito me numa cama
em segunda mão sou tocada
agarro-me ao que me esquenta
a tua imagem torna-se desfocada
altero-te na minha cabeça
não correspondes ao que eras
do meu agrado sou viciada
nesta mudança de atmosferas
quis proibir entrada à tua alma camuflada
ela retorquiu com os seus direitos
poder soprar o fumo que nos polui
seria renascer dos nossos corpos desfeitos
mas pudera eu ser-me só
pudera eu queimar a tua moldura
afeiçoei-me à cereja mais venenosa
que outrora possuía a invejável ternura
a minha, a tua,
a nossa ternura