O grande dia

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Vitória

Enfim chegou o dia da viagem, acordei cedo, já que a viajem também era cedo, me arrumei, com um vestido preto, longo e bem solto, amarrei meu cabelo em um coque bagunçado, me despedi da minha família com uma dor no peito, que não queria largar tudo ali, aquilo era meu conforto, e agora eu estava voando em outras direções. Infelizmente, ninguém pode me acompanhar por ser dia de semana todos estavam trabalhando, peguei um táxi e fui em direção ao aeroporto.

Ana Clara

Acordei com uma luz queimando minha cara, né possível, já são 08 da manhã e meu voo sai às 10 hrs. Levantei tão rápido que fui tomada por uma tontura e cai ali pelo chão, não demorou muito tempo, me recompuz e fui me arrumar, tomei um banho, e quando chego de frente pro meu guarda roupa veio a dúvida, mesmo que não tivesse tanta roupa ali já que estava nas malas, eu ainda tinha dúvida, depois de tanto tempo, vesti um vestido branco, tomei um rápido café, não me despedi da minha mãe nem do meu pai já que eles não falam comigo. Fui pro aeroporto super atrasada já eram 09:45.

Desci o mais rápido que pude do táxi, como fiz o check in online, fui direto pra sala de embarque, entrando nela, dou uma esbarrada tão forte numa garota, que nos duas acabamos caindo.

- Opa, desculpa. - Digo me levantando, e quando a olho, uma surpresa. - Olhe só, Vitória Falcão.

- Parece que o jogo viro num é mermo? - Ela diz dando gargalhadas. - Oque faz aqui?

- Vou entrar naquele passarinho de ferro rumo a São Paulo, e tú moça? - digo caminhando ao lado dela.

- Mas mulher, eu também.

Vamos seguindo conversando até o avião.

- Bom, acho que é agora que nos separamos. - Digo triste, por que afinal, adorei aquele encontro nada planejado.

- Aqui é meu acento, qual o teu? - Ela diz curiosa.

-Deixa eu vê. - Pego o papel olhando, olho pro seu sorriso, olho o número, olho o papel. - Opa, coincidência ou destino, sou sua dupla de voo. - Digo sorrindo enquanto me ajeito na cadeira.

- Mas mulher. - ela abre um sorriso tão gostoso. Então me conte, oque vai fazer na grande selva que é São Paulo?

- Seguir meu sonho kk faculdade de medicina, tive uma ótima oportunidade, e não podia perder. É você? Não vai me dizer que é medicina também ? - Digo sorrindo.

- Não. - ela gargalha - vou fazer teatro, infelizmente não passei em Paris, a escolha foi a Selva de Pedra kkkkk

Conversamos por muito tempo, até que Vitória adormeceu em meus ombros, eu gostei dela, senti uma conexão forte, como se meu coração já a conhecia.

Chegamos em São Paulo e ela ainda estava dormindo.

- Acorda leãozinho - eu disse a cutucando.

- Me deixa dormir Ninha - ela disse com uma voz tão manhosa, que me arrepiou por inteira, eu já estava triste em saber que não iria ver ela mais, nessa cidade tão grande, não seria tão fácil cair novamente nela.

- Já chegamos. - Eu disse, tirando uma mecha do seu cabelo do rosto.

- Como vai ser agora Ninha? - ela me olha triste

- Eu não sei. Não quero me afastar de você, me conectei muito bem com você. - Digo a abracando.

- Eu também Ninha.

Ficamos em silêncio até o avião pousar, descemos juntas e quando foi enfrente ao aeroporto, nos despedimos.

- Então é isso Vi! Cada uma pro seu canto agora, foi maravilhoso casa trombo que demos. - Eu disse tímida, de alguma forma eu não queria a deixar, queria ficar por perto dela.

- Cada uma pro seu canto, mas - ela tira um papel do bolso - Não precisamos ficar sem nos falar, aqui tá meu número. - Ela me deu um beijo no canto da boca, meu coração parecia sair pra fora, e entrou em seu táxi, e eu fiz o mesmo.

Cheguei enfrente a um grande apartamento, e o porteiro já sabia quem eu era, e me deu a chave, meu apartamento era no último andar, graças, tinha elevador. Quando cheguei estava tocando Novos Baianos minha banda favorita, entrei ja com um sorriso tímido e pra minha surpresa...

- Vi?! - Pulo nela

- Ninha, num vai me dizer que é tu que vai dividir cmg o apê?! - Ela diz empolgada.

- Acho q sou eu. - Digo sorrindo e ela me abraça forte.

- Isso seria minhas orações que deu certo ou o destino querendo nus junta?

- Olha Vi, eu num sei, só sei que tô feliz. - A abraço e quando eu ia lhe dá um beijo na bochecha ela se vira e acaba se tornando um selinho. - Eita, desculpa.

Ela não me respondeu, colou as mãos entre meus cabelos, e me beijou, um beijou calmo, mas gostoso, parecia que éramos encaixe, parecia que minha língua já conhecia a dela.

- Desculpa eu, queria fazer isso desde que cai em você no parque. - Ela disse se afastando e sorrindo.

- Estamos quitis. - Saio dos seus braços, dou outro selinho, e vou em direção ao meu quarto e não espero ela dizer nada.

Vitória

Saber que NaClara ia ser minha colega me deu um alívio enorme, sair da minha cidade, largar toda minha família, foi dolorido demais, NaClara de alguma forma, me transmitia paz, estar com ela me fazia esquecer dos meus problemas. Desde que a vi no lago não consigo deixar de pensar nela, ou pior, desejar ela. Deixei meus pensamentos de lado e fui tomar um longo banho gelado, estava tão cansada da viajem, quando terminei percebi que não havia trago a toalha.

- Droga, num posso sair pelada pela casa enquanto a ninha não conhecer minhas manias. - Fico pensando em um jeito de sair dali.

- Ninhaaaaaaaaaaa. - Grito

- Ooi Vi - ouço ela dizer atrás da porta do banheiro.

-Pega a toalha pra mim mulher, eu esqueci. - Digo tímida.

-Vou colocar aqui na porta. - Ela diz parecendo mais tímida ainda.

-Oxi, traga pra mim.

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