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Eu sinto que vivi cem anos. É uma velhice estranha sob as veias, uma sensação de secura na carne.
Já estou cansada.
As festas, as danças, as bebidas, as risadas, os fogos de artifício... Não faz mais sentido. Nada faz sentido, nada é como antes. É preciso de muito mais para me fazer vibrar, pular, sorrir, cantar como nos velhos tempos.
Eu quero hoje é silêncio, solitude. Eu e esse mar de dentro, as profundezas da minha alma. Quero descobrir meus segredos mais profundos, resolver meus enigmas, quebrar as algemas postas nos meus pulsos em um passado remoto.
Eu e o barulho das ondas, eu e as minhas várias versões, olhando o sol se por em perfeita harmonia com meu universo próprio.
Que venha o novo ano e que ele traga, pelo menos, silêncio dentro de mim, o fim desses pensamentos incontroláveis e sem sentido.

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