Assim que fechei a porta da minha varanda, Sea entrou no meu quarto que nem um torpedo, me enchendo de perguntas e mais perguntas sobre quem estava no mesmo ou o quê estava acontecendo comigo.
Pode passar o tempo que passar, Sea vai continuar sendo dramática, foi Sea que me criou, sempre esteve comigo, mamãe fazia muitas turnês e sua presença na minha vida foi preenchida por Sea.
Não tive tempo para pensar no que realmente havia acontecido, porque se eu parar para pensar havia um homem no meu quarto! E ele era belo e ousado, tanto que me acariciou e fez meu coração bater desenfreadamente, tudo bem até aí.
O problema é descobrir quem é ele.
Seria algum duque? E se ele fosse um entregador ou serviçal? Para mim não fazia diferença, eu vivi tantos anos e nunca ninguém me fez sentir o que eu senti ainda pouco. E isso me preocupa.
Como pude ter sido tão insensata? Porque não disse o meu nome? Agora eu não sei o nome dele e nem ele sabe o meu. Como nos veremos novamente? A lembrança do olhar dele ainda parecia tão viva! Aquele brilho intenso que ele possuía... Lembrei da forma de como tinha algo que parecia me puxar para ele.
Me senti arrepiar.
"Toc, toc". Ouvi a batida na porta do meu quarto e me virei para ver quem batia. O rosto de Jullia apareceu entre a minha porta e ela estranhamente sorriu na minha direção.
Como ela podia sorrir?
Ela entrou com passos hesitante na direção da minha cama, me olhou nos olhos e sorriu, algo me dizia que vinha confusão.
- Vamos logo, Jullia! Diga logo o que queres! - Já que me meteria em confusão, por que não adiantar logo?!
- Credo, Juliet! Assim você me ofende. - ela disse se fazendo de rogada.
- Até parece! Eu sei que há algo que queres, ande, diga-me logo!
Ela bufou, e olhou para mim com o olhar suplicante.
- Não há, não! - teimou
- Sendo assim, podes por favor sair para que eu possa me arrumar para o desejum? - pedi.
Ela arregalou os olhos e balançou a cabeça.
- Está bem! Você ganhou. Eu preciso de algo sim! E apenas você pode me ajudar, apenas você e mais ninguém... Por favor, estou perdida! - Sim, eu sabia! Era algo para eu fazer.
- Minha irmã, diga-me logo! Quanto mais cedo me falar, mais cedo eu termino. - A paciência não era uma das minhas qualidades.
Ela levantou da cama e começou a andar pelo quarto, ela sempre faz isso quando está nervosa e todo esse movimento repetitivo acaba me deixando nervosa também.
- Fale agora, Jullia! - Já estou ficando nervosa demais.
Ela parou bem no meio do meu quarto, olhou na minha direção respirou fundo e começou a mexer com o babado do seu vestido azul turquesa.
- Papai foi até meu quarto, ainda agora. E adivinhe o propósito da sua visita? - Ela deu uma pausa, quando pensei que fosse para eu responder, ela tornou a falar. - Ele disse que Charlie está para chegar e que eu deveria me arrumar, pois iria tomar chá com ele! Mas aí está o problema, eu não posso nem sequer lembrar que este fulano existe, que já sinto vontade de chorar! E ainda por cima, Matheo convidou-me, para que eu fosse passear com ele nos jardins, então eu pensei que talvez você pudesse... se passar por mim. - Não acredito.
Tudo bem que quando éramos crianças adorávamos confundir as pessoas com a nossa aparência... Mas isso é sério. Ela quer que eu me passe por ela em um encontro onde ela vai conhecer a pessoa com quem vai passar o resto da sua vida.

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A PRIMEIRA VISTA
Nouvelles"Este conto foi escrito para o primeiro desafio do projeto Cherrys e foi inspirado no livro Romeu e julieta." Duas famílias rivais. Um acordo de paz Um amor quase impossível Juliet Amér...