XXV. Just Like You

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♐Notas iniciais do Autor♐

❎🌈Meia noite a hora do fim! BAN UM CAP GIGANTE🌈❎

Eu me definia, com uma careta contorcida
Disfarçada por um sorriso, bem, você nunca teria que saber
Eu tinha tudo, mas não o que eu queria
Porque a esperança pra mim era como um lugar inexplorado e escondido

(Careful - Paramore)

Mais tarde, Louise segurava apertado a cadeira da mesa de jantar, esperando alguma reação, enquanto olhava Mark trabalhar apressado de um lado para outro, tinha respiração pesada e olhava os dedos pequenos começarem a ficar vermelhos por conta do aperto, o outro Tomlinson ainda falava sem parar.

"... Que foi muito bem feito, eles devem passar muito tempo fora juntos... nós a muito tempo não viajamos... Você lembra a última vez que viajarmos juntos?" Louise negou, tentando segurar as lágrimas enquanto via seu pai evitar seu olhar a qualquer custo.

Ele ainda fitava o pano rosado, que limpava a mesa quando perguntou baixo. "Louis o que você acha de irmos viajar juntos?" Enquanto falava seus olhos finalmente alcançaram os de Louise, ele parecia está querendo mesmo ajudar, isso estava fazendo mais lágrimas brotarem no rosto já vermelho da garota, por quanto mais tempo ele ficaria tão cego? "Uma viagem de meninos, não seria legal? Você tem estado tão confuso nesse último período de tempo, talvez uma viagem é o que você precise pra manter a cabeça no lugar, os pensamentos sobre controle, e então ficará tudo bem." Aquilo era falado normalmente por ele, e isso doeu em Louise, como ela não imaginou que machucaria.

A menor respirou fundo, olhou pra janela tentando conter milhares de lágrimas e então voltou a olhar pra Mark. "Pai... Pai me explica o que você realmente não entende?" Ela já começava se alterar, implorava a seu pai que unicamente a entende-se... Só isso. "Eu apenas... Apenas nasci no corpo errado e eu... Eu estou tentando aceitar isso... Isso isso é uma merda que eu tenho que enfrenta todos os dias... E eu estou tentando me amar... tenho certeza que umas férias não vão me ajudar em nada!" Aquela dor não estava a ajudando a respirar direito, e ela começou a ficar nervosa, respirava pela boca, e sentiu um soluço lhe escapar e se calou, segurando as lágrimas, balançando a cabeça sem conseguir mais se segurar, por que ele não a enxergava? Por que não conseguia ver como ela? Que nunca teve um filho. E sim uma filha.

"Eu não consigo entender isso Lou." A voz do pai saiu baixa, e ele se inclinou em direção a mesa nervoso, parecia não conseguir sustentar o próprio peso. "Isso.. Isso é você tentando me punir? Eu fiz algo errado?" Gaguejou o mais velho, olhando Louise com nojo, e ela sentiu uma lágrima cair, enquanto não conseguia mais olhar o pai, e fitava os próprios dedos, ele não a via, não percebia que não era nada sobre ele, e sim sobre ela. "Nó... nóss... podemos apenas tirar as férias?" Ele começou a se alterar, gritando e apontando o dedo pra Louise, enquanto tinha as mãos nas cabeça, e girava em círculos no cômodo pequeno que era a sala de jantar. "Você precisa de ajuda! Você está me deixando louco com tudo isso! Não sei o que fazer Louis! Eu..."

A menor sentiu mais e mais soluços lhe escaparem junto as lágrimas, e então resolveu que era sua hora de falar, tornando seu tom mais alto que o do seu pai.

"Do que porra você está falando? Você está ficando louco? Eu estou ficando louca!" Lágrimas caiam e ela se sentia desmoronando, mas não iria parar agora. "Todos esses anos de almoços e jantares de natal, páscoa e ano novo em que estou preso em alguém que eu não sou... por sua causa! Por eu queria ser o homem que você idealizou mais que na verdade só existiu na sua cabeça!" A garota falava entre soluços, apertava os próprios cabelos tentando se manter em pé, seus lábios tremiam e as lágrimas a faziam gaguejar. "E... E eu não posso... Eu não consigo fazer isso mais!" Gritou por fim, e virou de costas para o homem, tentando a todo custo fazer com que suas lágrimas parassem, mais os soluços eram quase compulsivos, e ela se sentia exausta.

"Nós vamos dar um jeito nisso filho... juntos." O homem se aproximou e tentou a abraçar, segurando seu rosto para que a menina o olha-se, mas Louise o afastou, ainda com uma das mãos no rosto, não querendo ter o olhar de nojo e julgador que era o do seu pai naquele momento, para cima de si. "Vamos conseguir concertar tudo isso."

"Não!" O gritou saiu fino e rouco, ela se afastou mais do homem. "Eu não estou quebrada! Você precisa apenas me deixar ser feliz em paz me aceitar como eu sou!" Ela se balançava pra longe dele, lágrimas caiam e caiam e ela não conseguia respirar direito, nem enxergar, e isso só estava a deixando mais nervosa.

"Mas eu só quero ajudar filho." A voz de Mark saiu baixa, e Louise não via alternativa, via nos olhos do pai, que ele continuava não querendo enxergar a verdade, e parecia ser isso que estava a sufocando e a menina respirou uma, duas, três vezes pela boca e então gritou.

"EU SOU UMA GAROTA!" O tapa veio sem ela perceber, o soluço alto escapou e ela se afastou, abraçando o próprio corpo, enquanto as lágrimas ocupavam seu rosto agora vermelho e inchado do tapa, Mark pôs as mãos na cabeça parecendo arrependido com o próprio ato, contudo não se aproximou mais de Louise.

Com os gritos, Charlotte entrou no cômodo, parecendo assustada e transtornada com o pai, ainda sem entender bem o que aconteceu.

"Você está ficando louco de vez?" Outro soluço escapou da garganta da menor e ela correu para os braços da irmã mais velha que a abraçou apertado, repreendendo Mark com o olhar, ela não precisava saber o que ele fez, pra saber que o homem tinha magoado a sua irmãzinha.

"Shii... calma, calma." A mais velha segurava a irmã nos braços, enquanto soluços altos a escapavam, e ela tentava em vão acalmá-la, Mark parecia transtornado murmurando pra si mesmo coisas que nenhuma das filhas conseguia entender, respirava fundo, voltando a jogar o próprio peso contra a mesa de jantar, e Louise ouviu seu choro e soluços, mais tinha o rosto apertado contra o peito da irmã ainda sem querer olhar pra o homem.

"Esse não é mais meu filho! Não é meu Louis!" Devagar a menina ouviu os soluços do homem pararem, e ele ouviu a cadeira se mover e imaginou que Mark tinha sentado.

"Charlotte?" Chamou baixo e a garota olhou para ele de canto. "Me da esse laço na sua cabeça."

"Meu laço?" Perguntou confusa.

"Sim seu laço." Lottie ainda confusa, se afastou um pouco da irmã, que colocou as mãos no rosto ainda assustada.

Mantendo o olhar entre a garota e o pai, ela pôs as mãos atrás da cabeça e com um pouco de dificuldade tirou o lacinho rosa bebê, que inclusive ganhou do pai a alguns anos, e ela não usava mais com tanta frequência, apenas em ocasiões especiais como aquela, Mark levantou e a loira entregou o laço nas mãos dele.

Tomlinson se aproximou da filha mais nova, tocou seu ombro e afastou as mãos da garota do rosto, com cuidado, os dois entres soluços do choro recente, ele arrumou a franja da garota e depois de algum tempo arrumando, numa concentração que Lou nunca viu, ele prendeu o laço entre os cabelos castanhos da menor.

Durante toda a infância, Louise viu Mark fazer isso com suas irmãs com um sorriso no rosto, durante muito tempo desejou aquilo pra ela, porém aprendeu, com o passar dos anos, que aquilo não era pra ele e nunca séria, e agora seu pai estava ali, fazendo aquilo para ela, e aquele olhar de julgamento tinha sumido, isso fez Louise relaxar.

Quando Mark terminou e se afastou um pouco pra olhar o próprio trabalho, a menor olhou para os próprios pés pequenos dentro dos vans brancos, depois para o pai só pra confirmar que aquele olhar não estava lá de novo, então baixou o olhar de novo começando a sentir seu rosto quente e o sangue o deixando todo vermelho.

Mas conseguiu olhar pra seu pai para agradecer em tom baixo. "Obrigada papai." Apenas assim conseguiu abraçá-lo apertado por um longo tempo, e ela finalmente se sentiu protegida nos braços do pai.

"Vamos conseguir fazer isso dar certo." Sussurrou deixando um beijo em sua cabeça.

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