Naquela rede azul,
Debaixo daquela árvore de flores rosa, caindo ao chão. Percebi que não me faltava nada.Havia um pé de alecrim
Com aquele cheiro de curar qualquer rancor que habitava alí.
Havia bananeira, com a fruta mais apetitosa que já comi.
No chão, eu via pés de mangericão,
que se misturavam com o capim e a galinha botava ovos logo alí.Naquele lugarzinho,
próximo a rede azul,
surgiam mais vidas.
ouvi dizer que lá nasceu a filha da Maria, esposa do caseiro, da fazenda santa Luisa.Lá também tinha
Porco
Cabra
E galinha caipira
Estavam ali por algum motivo que eu ainda não sabia.Assim como a vida.
A vida é linda
E a minha intuição dizia: viva.A rede se desmanchou
O pé de alecrim secou
Assim como a bananeira.
Os pintinhos não chegaram a nascer, os ovos foram vendidos logo no amanhecer.
A cabra, coitada, foi esfaqueada
Assim como o coitado do porco que foi abatido e vendido à preço de pinga.
Pedi tudo que eu tinha.Mas havia uma coisa
Que não podiam tirar de mim
Ser feliz era minha prioridade
Mudei para a cidade
E abri uma fábrica de redes,
Dessa vez douradas.
Que duravam mais que os verões da minha antiga e pedida fazenda santa LuízaEntre um intervalo e outro
Eu deitava e me imaginava
Debaixo de uma árvore.
E Igual a antigamente,
Como sempre
não me faltava nada.