Essas São As Noites Que Nunca Morrem

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POV – Katherine

Nem notei quando eu havia pegado no sono na noite anterior, apenas sentia um leve incômodo nos meus olhos de tanto que havia chorado, gemi me sentindo quebrada fisicamente e psicologicamente, o chão não havia sido um bom local para dormir. Me levantei sabendo que não poderia ficar vegetando dentro do quarto, tirei a minha roupa e me joguei de baixo do chuveiro na tentativa me deixar com uma aparência melhor e que talvez eu pudesse resolver todos os meus problemas. Quando sai do banho já me sentia melhor aparentemente, a minha aparência antes do banho era deplorável.

Coloquei uma calça jeans, uma blusa solta e fiz a minha trança de lado me sentindo imediatamente nostálgica, eu não precisava dela aqui na Califórnia. Não precisava dela para me esconder ou até mesmo para me colocar na posição de subordinada na minha escola, mesmo assim ela já fazia parte de mim, não como um lembrete de que eu ainda era a mesma garota por que eu já não me sentia mais a mesma.

Suspirei me sentindo dramática, a inércia estava me matando. Eu não sabia como resolver os meus problemas, eu voltaria para Londres e simplesmente esqueceria toda dor e angústia? Mas como conseguiria esquecer? Afinal eu sei que fui uma covarde, mas James em nenhum momento foi santo, ambos falhamos. E ele, porque estando livre de Bethany não veio atrás de mim? Ele estava tão bem ao ponto de nem sequer notar a minha ausência? Bufei, provavelmente eu não devia tomar nenhuma conclusão, já fizera isso diversas vezes e o resultado não havia sido dos melhores. Escutei batidas leves na porta, me senti tensa ao imaginar o show que eu havia dado ontem, torci para que não fosse meu pai e nem Donna.

– Quem é? – Perguntei, minha voz havia saído esganiçada.

– Sou eu. – Sussurrou Nate bem próximo da porta, eu não poderia ignorá-lo, na verdade diante das circunstâncias seria melhor ele, afinal eu não tinha intimidade o suficiente com o meu pai e com Donna para conversar sobre assuntos pessoais. Caminhei receosa até a porta e abri dando de cara com Nate que estava com um olhar preocupado. – Gostei da trança. – Disse ele dando um sorriso singelo.

– Obrigada. – Abri espaço para Nate entrar, me sentei na cama enquanto Nate arrastou a cadeira da escrivaninha para que ficássemos frente a frente. Ele me olhou por alguns segundos que parecia durar horas, bufei já irritada. – Não quero conversar, pode desistir. – Cruzei os braços fazendo bico. Nate deu um sorriso zombeteiro diante do meu gesto infantil.

– Tudo bem, então acho que vou chamar o papai para vim conversar com você. – Disse ele dando de ombros, antes que Nate se levantasse eu segurei o seu braço impedindo-o de chamar o nosso pai. Nate sorriu vitorioso e voltou a se sentar. – Isso é chantagem.

– Acostume-se, eu respiro chantagem.

Talvez não fosse tão horrível assim conversar com Nate, ele não iria julgar com os olhos de quem acompanha de perto a história e que acabou se envolvendo, com a sua opinião externa eu talvez conseguisse enxergar sobre outro ângulo e quem sabe assim tivesse alguma direção. Já me sentia terrivelmente perdida, antes tudo estava nos seus eixos, mas eu já não sabia se gostava de viver nessa tempestade ou naquela calmaria em que eu vivia.

Abri a minha boca para começar a tentar explicar, mas quando me deparei já estava soluçando enquanto novas lágrimas rolavam pelo o meu rosto. Descansei o meu rosto na curva do pescoço de Nate que afagava os meus cabelos com calmaria, lágrimas silenciosas rolavam pelo o meu rosto e molhavam a camisa branca do meu irmão, o cheiro do perfume de Nate não era nem de longe tão bom quanto de James, mas naquele momento me acalmou, assim como os seus braços pareciam servir de escudo para qualquer coisa que fosse me machucar.

Realmente eu tinha os melhores irmãos do mundo, isso eu não poderia reclamar. Me afastei aos poucos limpando as lágrimas e respirando fundo.

– Uma pessoa me machucou gravemente e recentemente descobri que ela fez isso para me proteger, só que descobri tarde demais. Mas isso piorou tudo porque eu achei que fosse possível me livrar dela, mas parece que tudo se intensifica dentro de mim e não é apenas isso! As coisas ficaram difíceis para ela também, tudo o que fez foi me proteger e quando precisou eu não estava lá. – Nate pareceu analisar as minhas palavras por um longo tempo.

O Melhor Amigo Do Meu irmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora