Antes de sair em disparada do quarto, Lídia pegou a garrafa de champagne e tomou direto nela enquanto fazia o caminho de volta. Ela escutou Fernando bater à porta e ordenar algo ao homem que estava de vigia no quarto que em menos de uma semana seria o lugar onde teria que ficar.
Raiva e desprezo estava a envenenando. Queria Fernando morto, mas para chegar até lá precisava, necessitava machuca-lo primeiro.
— Me der isso! — Fernando tomou a garrafa das mãos de Lídia, admirando logo em seguida a fúria nos olhos dela. — Você causou cena o suficiente para ano inteiro. Já chega!
— idti trakhat'sya¹! — Lídia vociferou em russo, uma pequena frase que aprendeu na época da faculdade. Em seguida, dando-lhe as costas para seu marido, fazendo a saia do seu vestido rodopiar violentamente.
— Eu sei muito bem falar russo — avisou ele, segurando o braço de sua mulher. — Você só esqueceu de um detalhe minha querida — dramatizou perigosamente —, para onde eu for você vai. E já que me mandou ir a merda irei com todo prazer, mas você vem junto.
Fernando a arrastou escada a baixo, descendo rápido, levando Lídia consigo.
— Me largue seu cavalo! — gritou ela, socando o corpo duro do seu esposo. Quando tentou acertar um soco no rosto de Fernando, o mesmo segurou seu punho com precisão e apertou até as expressões de dor aparecerem no rosto de Lídia. — Você está me machucando Fernando — grunhiu, no meio da escada.
— Você pediu por isso — Fernando falou baixo, ameaçador, largando o delicado punho, agora vermelho.
Lídia não demorou mais que dois segundos, para, com as costas de sua mão, lançar uma bofetada contra o rosto com expressão dura, cruel e quase escarnecedora de seu marido. O solitário em seu dedo – o anel dado em seu noivado – rasgou a boca de Fernando, fazendo brotar sangue.
Fernando sentiu o peso da mão pequena de sua mulher. Estava quase sem acreditar que havia recebido um tapa na cara. Seus olhos encararam a petulante que ainda estava presa em sua mão. Ele viu raiva se desfazendo em receio nos olhos escuros de Lídia.
Como provocação, Fernando passou a ponta do seu polegar na ferida aberta, o dedo deslizou sobre o sangue ainda quente, depois ele pois o dedo na boca, aterrorizando-a, menosprezando a tentativa falha de Lídia lhe causar dor.
— Se acha muito esperta, não é? — Fernando a colocou contra o corrimão da escada, encurralando sua noiva contra o metal, fazendo o corpo magro inclinar para fora, deixando para Lídia a visão assustadora de uma queda livre, caso seu marido tente se desfazer dela naquele momento.
Por sobrevivência, Lídia segurou no terno de seu marido. Sentindo os ouvidos latejarem.
— Fernando. — Sua voz era quase um sopro.
— Acha que vou ficar parado sempre que tentar contra mim? — Fernando rosnou.
— Pare Fernando. — O pedido veio ao contrário. Por maldade, Fernando inclinou ainda mais o corpo de sua mulher.
Era certo que assim que o corpo esguio de Lídia tocasse o chão seus ossos quebrariam.
A posição em que Lídia se encontrava, deixava seu pescoço a mostra, Fernando o segurou, apertou, fazendo lagrimas frias sarem do rosto de Lídia.
A situação o excitou com violência. O pescoço longo de pele perfumada, macia e quente eletrizou contra a palma de sua mão.
— Não faça isso — pediu Lídia, sentindo o ar lhe faltar.
Os olhos lacrimejados de sua mulher não tocaram seu coração, os seios subindo e descendo tentadoramente sobre o decote do vestido fez ele olhar, desejar.
Lídia estava arrepiada de temor. Ele parecia um animal pronto para raspa-lhe a carne, devorar tudo. Temendo por sua vida, ela teve que pensar rápido, sair sem precisar se cansar.
Era um acordo que não poderia ser rompido, mas até que ela o matasse ou ele a ela, ambos teriam que viver de aparências.
— Fernando — ela o chamou, carinhosa, tirando a mão do terno e deslizando pelo rosto de seu marido, passando os dedos sobre a ferida que sangrava sutilmente. Admirando-o, flertando com olhar. — Pare.
Fernando não deu trégua, mas quando Lídia deslizou a mão para mais em baixo, passando as unhas sobre os botões do seu terno, chegando a fivela só seu cinto, ele aliviou o aperto.
Quando Lídia sentiu que o peso de sua mão já não forçava mais contra seu pescoço ela se aproximou da boca de Fernando, ainda tocando seu corpo, provocando com o decote, com a respiração acelerada, quente, cortada...
Fernando ainda tinha as mãos no pescoço de Lídia, e quando sentiu ela roçar os lábios vermelhos, cheios e macios contra o dele, apenas para sentir seu hálito, Fernando não segurou o desejo. A trouxe contra ele, capturando os lábios de sua mulher, enfiando-lhe logo a língua para amolecer a alma da noiva atrevida com quem se casou, fazendo ela provar seu sangue.
Os joelhos de Lídia tremeram quando sentiu que além de uma língua quente enfiada em sua língua, tinha um pênis duro pressionando-a.
Com a mão no pescoço de Lídia, Fernando deslizou a outra até o quadril de sua mulher, e apertou, fazendo ela gemer.
Mesmo com o salto, ela mal conseguia alcançar o queixo de Fernando. E para que ele não curvasse, suspendeu-a em seu corpo, colocando contra a parede, roçando seu corpo contra o dela.
Lídia deslizava suas mãos pelo corpo de Fernando, provocando, deixando-o maluco, assim como ela estava. Ele sabia como queimar as veias da mulher que tentava ser indiferente, fria, distante.
— Vou foder cada buraco do seu corpo — ele rosnou completamente perturbado, contra a língua dela, que dançava sobre os lábios dele. Fernando ergueu a coxa de Lídia, deixando-a aberta, subindo e descendo, se esfregando, querendo aliviar, estourar.
Click.
Ele escutou e precisou voltar a mente para entender o que a traiçoeira da sua esposa fazia.
Lídia havia conseguido tirar uma das pistolas de dentro do terno de Fernando, engatilhando em seguida uma bala ao cano e mirando no pau duro que ele tinha fazendo um volume enorme dentro do tecido macio da calça preta.
Do prazer ao desapontamento, foi uma queda livre que lhe deu uma dor de cabeça.
— Largue essa arma — pediu ele, com olhar baixo, ainda excitado. — Pare com tudo isso Lídia, pare de tentar me atingir.
— Eu nunca vou parar Fernando. Até você me matar ou eu matar você.
Fernando se afastou, então Lídia desengatilhou a bala e entregou a pistola.
— Os convidados nos esperam — ela disse, fazendo o percurso de volta para a festa.
¹(Давай, дерьмо é a forma de escrita correta, em russo, da frase Vá a merda, ou Vamos, merda! As letras usadas no texto idti trakhat'sya é forma da pronúncia.)
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General FictionISBN 978-65-00-17309-3 ESTE LIVRO ENCONTRA-SE COMPLETO EM FORMATO EBOOK E VENDA FÍSICA (LINK NA MINHA BIO) +18 Os problemas foram surgindo com a mesma rapidez de uma queda de fileiras de dominós. Traição, roubo, ameaças, assassinatos, intrigas e s...