Do I Wanna Know - Solangelo

Do I Wanna Know

   Dia e noite. Luz e escuridão.

Nunca fomos de seguir padrões, não é mesmo? Não era agora que iriamos nos adequar. Nunca me importei com o que os outros pensavam, mas isso se tornou mais difícil com o tempo. Principalmente quando os outros se referia a você. Não era o tipo de cara que se misturava muito, não que fosse exatamente uma escolha. As pessoas o temiam e se sentiam mal perto de você, culpa da herança, nada com que eu me importasse. Com os braços cruzados e a jaqueta de couro amarrotada, se sentava do outro lado do pátio, longe dos outros. Comia quieto e depois largava suas coisas de qualquer jeito. Até mesmo girar o anel de caveira em seu dedo era mais interessante que o resto.

Já eu, mantinha a máscara. Me sentava com os outros e sorria, fazia piadas e brincava. Não que eu não seja assim, até gosto de ser bem humorado, mas não... não naquele momento. Eu queria me sentar com você. Perguntar como estava. O que fazia tanto tempo longe. Mas antes que eu tomasse coragem, você ia embora de novo. Ficava longe por meses até que aparecia de novo como se nada tivesse acontecido.

Da última vez, as coisas estavam complicadas. Mas você apareceu. Quando te vi, só tive certeza de que as coisas ficariam bem, de que juntos, daríamos um jeito. Você não estava mais sozinho, tinha amigos e eu senti ciúmes. O garoto loiro e você eram próximos, ou melhor são próximos. Eu via você com ele e não gostava. Mas você continuava lá. Daquela vez foi diferente. Eu não sei por que, nem sei se você me contaria, mas sei que ficou e essa foi a melhor coisa que poderia ter acontecido.

Começamos a nos ver com frequência e cada vez mais eu sentia a diferença. O seu cabelo negro, tão chamativo perto da sua pele branca, a jaqueta de couro e o tênis All Star, os olhos escuros como a noite. Tudo passou a ser normal, a ser o dia-a-dia. Você se machucava e me procurava, jurava que iria tomar cuidado, mas sempre voltava. Me lembro das primeiras vezes em que cuidei de você. Antes daquilo você era tão estranho para mim. Estranho no sentido de que eu não sabia quem você era. Sempre tão fechado quanto a o que você sente. Me sentia como se levado pela correnteza, forte demais para ir para o lado contrário.

Sonhava com você dia e noite, mas não acho que você sabia. Eu estava simplesmente sempre à beira de tentar beijar você e não era algo tão simples de controlar. Eu só queria saber se esse sentimento é reciproco. Eu só queria que só dessa vez você ficasse. Você sabia que aquele era o momento para dizer o que precisasse ser dito, sabia que quando o sol surgisse e o efeito do álcool passasse tudo estaria perdido. Mas ainda assim, eu queria e precisava, a cada segundo que passava necessitava mais. Eu não sobreviveria sem você ao meu lado, da mesma maneira que sei que você não sobreviveria sem mim. Não se trata apenas de uma ordem médica. Eu quero e preciso de você aqui, preciso que saiba que você é a minha obsessão.

Quantos segredos você é capaz de guarda? Eu já cheguei ao meu limite, já estou rastejando por você. Em meu limite, não viverei mais sem minha dose diária de você, no fim, eu sei que sinto o mesmo que você. E sabe... nós poderíamos estar juntos, desde que desejássemos. Não há limites para o que podemos ser e eu quero ser seu. Já não quero mais ver os outros olhando para você, não quero mais apenas desejar te ligar depois de uns drinks, quero ter você ao meu lado e poder dizer tudo. Quero sentir a chuva e ver o sol nascer, olhar as estrelas e sentir o vento da noite. Com você. Tudo com você. É sempre você.