EntreMundos

I

Tudo começa quando eu saio da Faculdade de Medicina da universidade de Lisboa, com uma ótima média, e não sei o que fazer. Penso para mim: O que eu vou fazer da minha vida agora?

Eu penso que todo mundo pensa assim não é... Bom, nem todos...

No início, quando somos pequenos, queremos ser isto, queremos ser aquilo, normalmente até é o que os pais fazem, e pensamos que queremos tudo e que conseguimos fazer tudo.
Depois, na altura da puberdade, não pensamos tanto no trabalho, também porque pensamos mais com as hormonas do que com os neurónios, e pensamos mais em como a vida vai ser em relação a relacionamentos, família, atividade sexual, etc.
Agora, quando estamos na idade adulta, chegamos á conclusão de que a vida é feita de aquilo que gostamos e não gostamos, e temos que aprender a "comer e calar", como se costuma dizer.

Com isto tudo ainda nem me apresentei: sou Lucas Fonseca, tenho 20 anos, 1,81 metros de altura, saloio de nascença, nasci numa aldeia nos subúrbios de Lisboa que se forem pesquisar nem aparece no mapa, e vivi e estudei lá até ao meu 9º ano. Depois disso fui para lisboa, onde fiz o secundário e faculdade. Sou sobredotado, com 5 anos a minha professora do 1º ano pôs-me logo na turma de 4º ano, e em todas as disciplinas de todos os anos tinha sempre as melhores notas da turma. Tirei a licenciatura em medicina geral e mestrado em medicina cirúrgica, com as melhores notas da minha turma, logo, podia ir para qualquer hospital do país, e como tenho também formações em vários idiomas, tais como francês, espanhol, inglês, italiano, russo e mandarim, poderia ir para qualquer hospital do mundo sem nenhum tipo de problema.

Voltando à história, não sei para onde vou trabalhar para, por fim, conseguir ter uma vida estável, família, e outros extras que a vida nos dá. Decido, então, viajar para a Austrália, onde me encontro neste preciso momento, e consigo ter um emprego no melhor hospital de Sydney.

E agora vocês perguntam: Luke, como é que tu conseguiste ter emprego no melhor hospital de Sydney, quando existem tantas pessoas na Austrália que querem esse emprego e não conseguem?

Eu posso explicar...

Há uns anos, até posso dizer que foram por volta de uns dois anos atrás, fiz uma pequena visita de 2 semanas à Austrália, e, apesar de não conhecer lá ninguém, o meu pai conhecia, e já que ia sozinho de férias, das duas uma: ou ia ter com os amigos do meu pai, ou ia dar umas voltas por aí e depois via-se se iria ter companhia ou não, até porque coincidências acontecem não é verdade?

Acabei por escolher a segunda opção, a de seguir com as minhas férias sem ir ter com amigos do meu pai, até porque eram mais velhos que eu e não valia a pena, e depois via o que acontecia, que é como quem diz "viver um dia de cada vez". E como nada acontece por acaso, quando saio do hotel onde estava em estadia deparo-me com uma rapariga de tamanho médio, esbelta, de cabelo castanho com madeixas azuis e olhos castanhos. Nunca tinha visto uma miúda tão bonita como ela. Fui ter com ela e cumprimentei-a:

-Olá!

-Olá... Conhecemo-nos? É que eu não me lembro de ter visto uma pessoa como tu...

-Não, não nos conhecemos, mas isso não é motivo para tal... Sou o Lucas, e a senhora?

-Por favor, trata-me por tu, devo ser até mais nova que tu!... Sou a Mikaela, mas os meus amigos tratam-me por Milka.

-Então muito prazer, Milka...

Apertamos a mão e começamos a rir. Que maneira estranha de conhecer uma pessoa! Ainda por cima a sua alcunha era um nome de uma marca de chocolate... A verdade é que com esta cena acabei por descobrir a minha melhor amiga. Depois daquela cena, a mais estranha que eu possa ter feito à face da Terra (e que até acabou por correr bem, porque se corresse mal ia ser muito vergonhoso), estivemos a falar um pouco e acabamos por ir para um café para nos conhecermos melhor.

Acabei por descobrir que ela tinha 17 anos nessa altura, que já tinha estado em Portugal e que tinha adorado, e que tem namorado. Achavam que agora a história ia ser do género "vou namorar com ela e vamos ser felizes para sempre"? Então parece que vos troquei as voltas...

Depois do café, ela mostrou-me a cidade e, por fim, fomos para a minha suite no hotel, e continuamos a falar:

- Então diz me coisas sobre ti... Eu no café falei coisas sobre mim mas tu não me disseste nada...

- Bom... Tenho 18 anos, estou a terminar o curso de medicina, e muito provavelmente não vou conseguir arranjar um emprego em Portugal com o meu curso, devido aos vários acontecimentos que se estão a passar agora.

- Oh, isso é uma pena... Mas talvez eu te possa ajudar!

- Como?

- O meu avô foi o fundador do melhor hospital de Sydney, e agora o meu pai está na presidência do hospital... Quando acabares o curso, talvez possa por uma cunha, não sei...

- A sério? Obrigado Milka, és a maior!

- Eu sei que sou, não precisas de dizer!

Começamos a rir. Que convencida! Depois daquelas gargalhadas que pareceram infinitas, despedimo-nos e fui me deitar.

Bem e com este resuminho acho que já perceberam como consegui arranjar este emprego bastante ambicionado por muitos. Averdade é que com a média que tinha e as habilitações que tenho, entraria facilmete em qualquer lado, por isso nem precisei da cunha, entrei justamente como qualquer funcionário naquele hospital. Mas foi bom ter entrado para o hospital do Sr. Eric, o pai da Milka.