Primeira falha no plano

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Claire Oldtwitt. Uma tímida garota de 14 anos com muitas ideias e cachos loiros na cabeça. Calada, introspectiva. Tinha por paixão a arte, as flores e os livros. Estava sempre com uma flor nos cabelos e a imagem de uma pintura a óleo mágico de girassol no fundo dos olhos. Amava a Sonserina, mas às vezes achava que deveria ter ido para a Corvinal, como seu pai.

Dona de olhos azuis e de uma varinha com núcleo de pelo de unicórnio. Poucos sorrisos e nenhum amigo. Neta de uma das mais influentes bruxas da atualidade e a melhor aluna do ano. Só que essa não era a história de Claire Oldtwitt.

Claire estava sentada na mesa da Sonserina. Era início do ano letivo e os novos alunos já tinham passado todos pelo chapéu seletor. Só que uma garota nova continuava em pé ao lado do banco e os olhos de Claire estavam fixos nela, cheios de expectativa. Era Honey Song. E essa era a sua história.

Honey tinha os cabelos brancos de tão claros, exceto por uma mecha verde que caía sobre os olhos. Olhou para todos no salão com superioridade antes de encontrar Claire no meio dos alunos. Sorriu erguendo o canto da boca de leve, sabendo que só Claire perceberia. Quando a velha diretora terminou de explicar para Hogwarts quem era sua nova colega, transferida de uma renomada escola bruxa alemã, já sabia o que fazer. Sentou no banco, colocou o chapéu e já sabia o que iria ouvir. Sonserina.

- Grifinória! – sentenciou o chapéu.

A diretora, com suas mãos debilitadas, retirou o chapeú enquanto Honey continuava sentada. Procurou Claire com os olhos de novo e captou a expressão de terror em seu rosto. Alguma coisa havia dado errado.

- Senhorita Song, pode ir para a mesa da sua casa agora. – lembrou a diretora.

Quando Honey se sentou na mesa da Grifinória, Claire derrubou a varinha do outro lado do salão. Alguma coisa havia dado errado.

- Ei, você sabe falar inglês? – perguntou o garoto ao lado de Honey.

Honey piscou duas vezes antes de olhar para ele. Falar com ele não fazia parte do plano, mas estar ali também não fazia. Alguma coisa havia dado muito errado, mas isso era problema só dela agora.

- Sei. Como é o seu nome?

- Que legal, você nem tem sotaque! Enrik Elliot. E o seu?

- Honey Song. E não me olhe com essa cara.

Ao final do jantar, Claire correu até a mesa da Grifinória e Honey já estava esperando.

- Por quê? – Claire perguntou, com os olhos lacrimosos.

- Não sei.

Silêncio.

- Era para você ser minha amiga. – Claire lembrou.

- Eu sou sua amiga, Claire.

- Não! Era para você ser minha melhor amiga em Hogwarts! Era para irmos às aulas juntas, dividirmos o dormitório! Era para eu poder ter com quem conversar.

- Eu sei, não foi minha culpa. Acho. Mas nós podemos continuar sendo melhores amigas mesmo assim.

- Era para você estar o tempo todo ao meu lado! – Claire estava chorando. - É para isso que você veio para cá! É para isso que você existe!

- Tudo bem, Claire. – Honey a abraçou. – Marjorie vai dar um jeito. E eu vou estar sempre ao seu lado. Mesmo que eu não esteja.

Claire olhou para Honey. Enxugou as lágrimas e sorriu.

- É verdade, desculpe. Minha vó vai dar um jeito. É muito cedo para dar tudo errado, afinal.

- É claro que é! Agora deixa eu ir, quero ver se esse lugar é mesmo tudo aquilo que você diz ser.

- Ok. Não leve uma detenção no seu primeiro dia. Especialmente sem mim.

Cada uma estava indo para um lado, quando Claire olhou para trás.

- Honey! Só mais uma coisa. Tinha que ter ido justo para a Grifinória?

Honey riu.

- Pelo jeito o chapéu conhece melhor minha alma do que a Marjorie. Isto é... se eu tivesse uma.

Claire riu e deixaram o salão. Claire foi para o salão comunal da Sonserina e Honey diminuiu o passo para ficar bem para atrás de seus colegas grifinórios. Quando se viu sozinha, olhou em volta e tirou um pergaminho amarelado da capa. Desdobrou-o e observou as palavras se reorganizarem em forma de mapa. Era hora da segunda parte do plano.

Honey SongWhere stories live. Discover now