Augustín

105 12 0
                                    

           

Compromissos reais nem sempre são agradáveis. Digo isso porque nesse exato momento, meu secretário pessoal (e braço direito) segura uma roupa de Papai Noel com enchimento e uma barba falsa. Sorri como se fosse a coisa mais divertida do mundo e estende para mim.

— Foi um conselho vindo direto da Eslováquia, majestade.

Bufo e reviro os olhos, puxando a fantasia das mãos dele e resmungando ao tentar vestir a calça estranha.

— Dê um sorriso, majestade. Pelo menos as alianças políticas com os Estados Unidos foram reforçadas.

— Como se isso fizesse o fato de que eu me vestirei de Papai Noel soar mais agradável, secretário Dávid. — Falo, entredentes, enquanto forço a calça para passar pelo meu traseiro.

Apesar da parte de cima ser imensa, a parte de baixo não condiz com nada disso. Preciso puxar com força para cima para que isso sirva.

— Aquele presidente até que foi agradável.

— Fala de Trump?

— Sim... Não nos tratou mal como achei que faria.

— Não confie muito nele. — Alerto, finalmente terminando a minha luta contra a calça. — Ele é como uma cobra e a qualquer momento pode atacar.

Coloco a parte de cima e o enchimento me deixa com uma aparência bizarra. Vejo quando Dávid disfarça uma risada e eu preciso me segurar para não gritar de frustração. Nesse exato momento, meus funcionários devem estar comunicando a população eslovaca que o seu rei está sendo (ridículo) caridoso e está fantasiado de Papai Noel.

— Papai! — Dominik grita, anunciando sua chegada.

Sorrio largo para o meu filho, não conseguindo manter meu mau humor perto dele. O pestinha só tem cinco anos, mas é tudo para mim.

— Como está o meu garotão? — Pego-o no colo e sorrio ainda mais, colocando atrás da orelha uma mexa do seu cabelo longo.

— Bem! Estou ansioso para abrir os presentes! — Comemora, animado.

Dou risada e olho quando meu secretário aponta para o relógio de bolso, indicando que precisamos ir.

— Ainda não é Natal, filho. A véspera é apenas amanhã, então tenta esperar um pouco.

Ele faz biquinho e eu me derreto, como o bom pai bobão que sou. Beijo demoradamente a sua testa e o coloco no chão novamente.

— O Papai terá que resolver algumas coisas, tudo bem?

— É por isso que você está vestido de Papai Noel? — Ele ri e eu balanço a cabeça, fazendo careta. — Está muito engraçado, papai.

— Sim, mas não durará muito tempo, ok? Eu vou num pé e volto no outro. Logo estarei de volta...

   É pior do que eu pensava

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

   É pior do que eu pensava. Acreditei que por serem crianças, o trabalho seria mais fácil, só que pelo jeito eu me enganei...
   A gritaria é insuportável, as mães desesperadas parecem mais ansiosas que os próprios filhos e esses pequenos demônios (Deus que me perdoe), são infernais quando tentam arrancar a barba que está colada no seu rosto. Eu já não sinto as minhas pernas de tanto que pularam nelas e o meu secretário teve que se retirar para rir do seu rei.
— Será um longo dia...

(500 palavras)

Natal em Tons VermelhosOnde histórias criam vida. Descubra agora