Capítulo Dois

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Assim que entro no apartamento minha irmã nota que estou diferente. Não preciso de um espelho para afirmar que devo estar pálida e assustada. Depois que o elevador parou no meu andar, tive uma leve queda de pressão. Ainda não posso acreditar que aquele homem mora no mesmo prédio que eu, além do mais no mesmo andar.

— Você tá bem?

Minha irmã se aproxima e pega minha mão para verificar o meu pulso, quando constata que está acelerado, resolve me levar até o sofá. Em seguida, ela se levanta para pegar um copo d'água, assim que retorna coloco a matraca para funcionar e conto tudo que acabou de acontecer.

— Ah, sei quem é — diz alegremente. — Ele mora com o irmão mais velho aqui há mais tempo que eu, parecem ser gente fina.

Aceno. Porque não tenho nada para dizer. Um homem lindo estava aparecendo para mim constantemente – dois dias seguidos – e eu estava surtando. Não era incomum receber atenção de rapazes onde morava, haviam muitos caras bonitos por lá, mas... Não sei... Não faço ideia nem do que quero explicar. Talvez ele tenha sido gentil na hora certa e isso chamou minha atenção, não poderia ser apenas beleza.

— Se ele foi gentil de convidar para tocar em um piano bom, você deveria aceitar. — Mordo o lábio inferior, sem saber o que dizer. Val aperta minha mão para chamar minha atenção e quando os meus olhos se focam no seu rosto, há um sorriso meigo em seus lábios. — Se ele tentar alguma coisa você sempre pode gritar, estou aqui do lado mesmo e como trabalho em casa não haverá problemas.

Gemo em protesto.

— Não sei, Val. Papai disse que não devia confiar nos homens. — Ela revira os olhos.

— Fala sério, Veronica. — Me encolho ao ouvir meu nome inteiro. — O cara te ajudou ontem, te livrou de uns idiotas, dê um crédito para ele. Nunca o ouvi tocar o piano, no entanto, quando fui entregar a correspondência dele, porque colocaram errado junto com a minha, vi mesmo que tinha um piano. Então ele não tava mentindo sobre, talvez só queira ajudar você.

— Você tem razão. — Dou um suspiro. — Vou parar de ouvir a voz do papai na minha cabeça.

Ela dá uma gargalhada e me puxa para os seus braços.

— Ainda bem que tem a mim, não tive ninguém pra tirar a voz dele da minha cabeça.

No outro dia, acordei com a voz de Liam na minha mente e a afirmação da minha irmã que o melhor a se fazer era a aceitar a proposta dele

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No outro dia, acordei com a voz de Liam na minha mente e a afirmação da minha irmã que o melhor a se fazer era a aceitar a proposta dele. Porém, eu era teimosa e preferia recorrer ao piano malcuidado do nono andar. Preparei o café da manhã, comi e deixei a parte de Val dentro do micro-ondas. Segui para o elevador e quando ele chegou ao meu destino, encarei o piano empoeirado, lembrando-me dos ruídos desagradáveis e resolvi apertar o botão para o meu andar mais uma vez.

Não sei que força e coragem surgiu dentro de mim, entretanto, assim que cheguei a porta do 701 apertei a campainha torcendo para que não tivesse ninguém em casa. Contudo, a porta foi aberta e fui recepcionada pelo mesmo homem de olhos verdes e cabelos compridos, um sorriso estonteante se formou em sua boca bem desenhada.

Menina SonanteOnde histórias criam vida. Descubra agora