Capítulo único.

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Era a festa do fim de ano, quando toda a Rússia se ilumina e prepara para a chegada do Ded Moroz com os presentes. Todas as crianças estavam arrumadas e prontas para ir ao salão do castelo da família Romanov, menos Anastásia.

A pequena princesa estava olhando pela janela a neve cair, estava com um semblante triste, pois sua avó não pode vir passar esse dia especial com ela. Pela primeira vez, não ouviria as histórias da mais velha ou se aconchegar em seu abraço, próximas a lareira.

"Anastásia! " A ama Vânia chamou a atenção da ruiva. "Ainda não se aprontou? Ainda de pijama? " A mulher mais velha e enrugada se aproximou e tocou na veste da menina.

"Não quero ir. Posso ficar em meu quarto? " A feição triste da pequena comoveu a mais velha. Os olhos da ruiva chegaram a ficar cheios d'água, sem hesitar a ama limpou suas lágrimas com um lenço.

"Tudo bem. Trarei seus presentes e vou deixar debaixo de sua cama para seu irmão não achar. " Vânia piscou um dos olhos e esboçou um sorriso. "Não fique triste, sei que sua avó vai vir assim que puder. Ela vai trazer histórias novas e divertidas da Espanha. "

"Obrigada... " A criança voltou a olhar a neve cair lá fora. "Será que está nevando na Espanha? "

Em um café barulhento de Madrid, estava Maria Feodorovna, avó de Anastásia. A mulher bebericava seu chá com um semblante cheio de dor, pois não conseguiu comprar uma passagem de trem a tempo para visitar sua neta e podia sentir em seu coração que Anastásia está desapontada.

"Ih! Vai ficar com essa cara a noite inteira? " Perguntou Sophie, sua amiga gorducha e carismática. "Eu sei que queria ter visto sua neta, mas não dá para ter tudo o que quer! Ora... " A mulher comia chocolates enquanto falava sem parar. "Sabe o que queria estar fazendo? "

"Não. O que? " A mais velha arqueou uma das sobrancelhas e ficou intrigada. Colocou sua xícara na mesa.

"Ah! " Soph respirou fundo e soltou o ar com delicadeza, parecia sonhar. "Queria estar em Paris. Sabe como amo aquela cidade? Iria para aquele bar da rua onde moramos e me apaixonaria de novo. Beijaria alguém à meia noite com meu coração pulsando. " Ela fez uma pausa, pegou um croquete e apontou para Maria, balançando o pão. "MAS VOCÊ quis vir para Espanha. Fica me impedindo de me sentir uma adolescente aos 30. "

Maria gargalhou, limpou sua boca em um guardanapo e se levantou.

"Não tenho culpa se você me ama demais e não pode passar um minuto sem mim! " A mulher se levantou, pegou seu casaco de pele, que estava pendurado na cadeira, e vestiu.

"EU?!? NUNCA! Você é quem fica me perseguindo! " A briga de mentira entre as duas poderia parecer estar em um tom alto de voz, mas naquele café todos falavam gritando, então as vozes das mulheres passavam despercebidas.

Sophie se levantou, depois de deixar uma gorjeta generosa na mesa, junto de um número de telefone para o garçom encantador, que as atendeu.

Maria saiu pela porta e sua amiga veio logo em seguida, o vento frio cortava a pele e chegava a queimar. No entanto, para as duas isso não era nada, já passaram muitos dias de inverno piores na Rússia.

"Então, por que está saindo junto comigo? " Maria perguntou de costas para a amiga ainda na frente do café. Assim que a porta se fechou, foi feito um barulho de sino.

"Porque acabei minha comida. Ora..." Sophie e Maria começaram a rir. Se agasalharam e começaram a andar em direção ao hotel onde estavam. Como era próximo do café, não viam necessidade de pegar uma carruagem ou táxi.

Foi no mês de Dezembro.Where stories live. Discover now