Greenwood

Era uma vez, Greenwood

Pesquise Greenwood em seu navegador, meu caro, e saiba mais sobre o Sr. Harrison, descendente de ingleses, ele é um magnata rico e importante de Brusque, conhecido por toda Santa Catarina e muito influente. Ou, melhor dizendo, assim foi até que seu verdadeiro eu, seu interior maníaco e psicótico mostrou-se ao mundo.

Mas, para não confundir sua cabeça, vou começar do começo. Ou tentar.

Sr. Harrison Savior Greenwood, ainda muito jovem, herdou do pai inglês parte da grande riqueza da família e, junto a ela, o acampamento, o belo acampamento Greenwood. Um lugar lindo, um lugar que apaixonou Harrison desde o começo de sua vida, lá na sua infância. Essa paixão acresceu, no entanto, quando o acampamento tornou-se todo dele.

A herança do velho Greenwood foi dividida, após sua morte, aos quatro filhos. Harrison escolheu o acampamento como principal bem e fez dele seu sustento e o da família que em seguida criou.

Dois dos irmãos Greenwood faliram e sumiram do mapa, enquanto os outros dois só prosperaram. O mais velho e ainda herdado, Sr. Harold, divulgou a rede de apartamentos que herdou do pai e os tornou ainda mais conhecidos do que já eram. Casou-se com uma mulher bonita e de família prestigiada e teve quatro filhos. Uma menina e três meninos.

Já o Sr. Harrison, o mais novo, fez do acampamento um grande nome cultural de Brusque - pelo menos até a série de desastres futuros -, e criou uma família. A esposa, infelizmente, morreu cedo. Mas, antes de tal desgosto, presenteou Harrison com dois garotinhos de espírito enérgico.

Ainda perdidamente apaixonado por Greenwood e depressivo com a morte da amada, Harrison deixou a casa na cidade e fez morada definitiva em seu acampamento, onde ergueu a Mansão Maior e criou os dois garotos: Erick e Jackson. Dizem que foi a partir daí, dessa mudança não planejada e da morte inimaginável da esposa, que o Sr. Harrison foi tomado pela loucura psicótica. Mas... Quem sou eu para confirmar ou negar algo, não é mesmo?

Com Greenwood nas alturas - logo depois da mudança - e muito movimentado, os cofres de Harrison ficavam cada vez mais fartos. Até que...

Até que a loucura recaiu sobre o acampamento e, consequentemente, sobre as pessoas que nele estavam na época - época esta que ficou conhecida como Verão Sangrento -, tornando tudo ainda mais terrivelmente público. Foi inclusive palco da morte de nosso magnata depressivo e de seu primogênito, Erick, no misterioso incêndio decorrido.

Eu falo sobre loucuras, desastres, fogo e sangue, meu caro, é verdade, mas adio o que, na verdade, está por trás dessas coisas. Mas é porque, e serei sincera, nem mesmo eu sei ao certo. Há dezenas, centenas de teorias pela internet e pelo povoado de Brusque contando típicas variações diferentes. Algumas são bobas e insignificantes, fruto de mentes tolas, mas outras...

Às vezes saber o que aconteceu e crer nessa sabedoria, embora essas duas coisas pareçam pertencer uma a outra, são dois fatos tão distintos que ficam a um mundo de distância cada.

Essas teorias mais afiadas se encaixam perfeitamente no termo dito acima. É como você saber, ter certeza disso, mas não conseguir acreditar pois é absurdo demais para tal.

Eu poderia listar a você, meu caro, essas teorias. O texto seria enorme, sem dúvidas, mas eu realmente poderia. O porém, portanto, é que às vezes você precisa distorcer alguns pequenos fatos para chegar a uma conclusão sua. E talvez saber e acreditar nela.

Uma vez que o estranho desastre do Sr. Harrison - e nunca desvendado, devo acrescentar - e seu amado acampamento vá se repetir, deixarei que você, junto comigo, tire suas próprias conclusões e acredite. Tentarei fazer o mesmo enquanto narro a minha história e de mais onze jovens diferentes e ao mesmo tempo tão iguais.

Se quer saber do desastre do primeiro Verão Sangrento e conhecer o do segundo, embarque comigo nessa viagem aterrorizante, emocionante e inacreditável.

Bem-vindo a Greenwood e aos pesadelos neste acampamento vividos.

- Julia Teles.