Festas e cortinas

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A grande cabana estava quase que totalmente preparada para a festa. Havia decorações pendendo do teto, vasilhas com comidas acima das mesas longas, um galão de ponche e jarras de suco, e também uma discoteca fechada no canto superior direito. Ben estava ajudando a prender os aparelhos de fumaça e luzes coloridas junto à Jackson e dois dos monitores.

Eu, Vanessa e Liza enrolávamos fitas de seda nas pilastras de madeira.

- A garota com quem eu divido a Cabana V é um saco - disse Vanessa. Ela estava de mal humor. - Qualquer barulho que faço no meu quarto, por menor que for, ela grita reclamando e ameaça arrancar minhas orelhas! Vê se pode! Eu é que arrancarei aquela língua de vadia que ela tem na boca!

Liza riu baixinho.

- Como é o nome dela?

- Catarina Vadia Marquês.

- A minha é legal. Ana Clara Felix.

- E a minha é maluca - falei, passando a cola quente no topo da décima pilastra. - Ela fala sozinha e rápido demais. É muito estranho.

- Melhor louca à insuportável - replicou Vanessa, passando a mão pelos cabelos descoloridos. - Juro que uma hora vou esmurrar a cara dela.

Menos de uma hora depois, a decoração da reinauguração estava pronta. Eu vestia calças pretas de couro justo, um cropped branco e um colete jeans. Os cozinheiros partiram pouco antes, junto aos motoristas das vans. Em todo o acampamento ficou apenas os alunos da Simas e da Escola Municipal de Brusque, Jackson e os quatro monitores: Alberto, Diego, Raquel e Carmen. Todos compareceram à reinauguração.

Jonathan se ofereceu para ser o Dj e Diego, o dono dos aparelhos de música, permitiu.

Antes do som começar, Jackson falou algumas coisas para nós, agradecendo novamente pela presença de todos e nos desejando uma boa festa. E então Jonathan iniciou seu trabalho. Ele era de fato um bom Dj.

Liza foi conversar com Ana, deixando eu e Vanessa sentadas em uma das mesas dispostas e ornadas. Vanessa fitava a discoteca com uma careta.

- Aquela é Catarina - disse ela, apontando com o queixo para uma garota de corpo espetacular e longos cabelos negros. Era bonita. E dançava muito bem. - A vadia insuportável.

- Ela é realmente tão ruim assim?

- O quádruplo de ruim, se quer saber.

Ergui as sobrancelhas.

- Não vou entrar naquela discoteca até ela sair. Não mesmo - disse Vanessa, ainda irritada. - Olha como ela se joga para cima dos garotos!

Catarina fazia par com Ben quando olhei novamente. Ele parecia vidrado nos movimentos dela, tão próximos do corpo dele. Limpei a garganta, revirando os olhos. Já estava na hora dele se comportar como um canalha, descendo a mão pela cintura de Catarina e puxando-a para mais perto. Desviei o olhar, enojada.

- A seguir virá um beijo e então as roupas vão voar por toda a parte - disse Vanessa com desdém aparente.

Mudei a direção da minha visão, ignorando a discoteca e o carvalho ao longe, iluminado por lâmpadas no chão, e o fixei na taça com ponche à minha frente. Intocada.

- Você é tão quieta assim? - perguntou Vanessa repentinamente. - Está doente?

Doente de ver Ben se entrelaçando com uma estranha como se estar em Greenwood fosse normal, pensei em dizer. Mas não disse. Não. Aquilo não era da conta de Vanessa e nem da de ninguém. Me arrependi de ter tocado no assunto aquela manhã com Ben. Ele estava apenas sendo superficial como era em geral. Provavelmente mentiu quando disse que visitou Jonas no hospital. Provavelmente.

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