Tem alguém aí?

8 0 0
                                    

O acampamento dormia quando acordei aquela madrugada e comecei a retirar os quadros de pesquisa da mala. Preguei tudo ordenadamente pelas paredes do quarto, rabiscando o que estava interligado e o que ainda não tinha resposta.

Usei um bloco novo de post-its para adicionar mais perguntas e reescrever anteriores, com possíveis respostas abaixo de algumas.

"Se o sonho foi real, então de quem era a mão na porta da cabana e o vulto? Seria de Ricardo, o investigador federal? Seria de outra pessoa no acampamento procurando saber mais a respeito do que houve uma década atrás? Ou foi um fantasma?"

A ideia de um fantasma me parecia ridícula atualmente, embora eu tivesse de marcá-la no quadro como uma opção. Parte de mim ainda associava certas coisas àquilo que não tinha resposta científica.

"Se o vulto na cabana pertence a um fantasma, será que foi sua força sobrenatural que levou Jonas a buscar o mesmo destino de Harrison?"

"Por que, depois de dez anos, a polícia finalmente resolveu encontrar um desfecho para o caso? Teriam eles descoberto alguma pista importante desconhecida pelo resto povo? Ou será que desconfiam da sanidade de Jackson, embora o juiz tenha permitido que ele ficasse com o acampamento?"

Enchi os espaços vazios com perguntas e novas teorias. Foi só quando a luz do sol entrou suavemente pela janela, penetrando as cortinas escuras, que terminei as colagens.

Recuei alguns passos para admirar meu trabalho até esbarrar na cama. A parede à frente estava repleta de quadros coloridos, do rodapé ao teto, onde usei um pequeno pufe para alcançar, e atrás do armário. As laterais tinham o mesmo aspecto, embora até a metade.

Meu corpo brilhava com suor e minha garganta estava seca. Abaixar e levantar cansava. Felizmente os comprimidos de pura cafeína mandaram o sono embora. O efeito, no entanto, estava perto de acabar.

Satisfeita com todas as ligações investigativas e o rumo em que eu estava caminhando, afastei as madeixas do rosto e segui para o banheiro, necessitando de um bom banho.

Deixei a água fria escorrer pelo meu corpo, as gotas fazendo trilhas vivas por toda parte, e finalmente senti a noite não dormida pesar nos ombros. Ao que parecia, uma boa ducha limpava bem mais que o corpo. Aquilo era um adeus ao efeito dos comprimidos. Meus olhos pesaram, mas os esfreguei com a água gelada e os forçei a aguentar aquele novo dia que começava.

Os apitos dos monitores soaram, então me enrolei na toalha e saí do banheiro. Arregalei os olhos ao notar que a porta do meu quarto estava entreaberta. Meu coração palpitou forte no peito. Engoli em seco, tentando lembrar se eu havia esquecido de fechá-la. Um passo leve atrás do outro, segui até lá. Empurrei o peso da madeira para dentro e espiei o interior.

Senti uma onda de choque vibrar por cada pedaço do meu corpo quando vi Mariana de pé ali dentro, vidrada em meu mural, os olhos fixos e o corpo imóvel.

- Mariana? - Minha voz saiu vacilante, recheada de tensão. Ela se voltou imediatamente para mim, assustada. Seus olhos amendoados brilhavam. - O que está fazendo aqui?

Mariana deslizou o olhar para as colagens à frente e então o voltou para mim.

- Está investigando Greenwood? Está? Como sabe tudo isso? Quem é Jonas? E espíritos? Há fantasmas aqui? Há?

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 27, 2018 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

GreenwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora