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Passar o natal com a minha família definitivamente não estava nos meus planos para o final de ano. Na verdade, eu nem tinha planos. Desde que eu deixei a minha família para morar na Florida com meu ex namorado psicomaniaco, passei a comemorar o natal enfurnada num apartamento. Basicamente, nós dois bebiamos e na sequência transavamos assistindo um programa de culinária japonesa na tv. Era tão excitante quando ele entrava dentro de mim ao mesmo tempo que aquela velha asiática dizia: "E agora você enfia o arroz branco dentro do salmão". Tão irônico. Tão...trivial. Sim, trivial era a palavra certa.
Amarga, me pergunto se já naquela época ele me traía com aquela vadia da faculdade. O pensamento me consome como uma chama faminta.
Eu o odeio.
Uma sensação doentia de alegria me invade.
Oh, ele vai adorar o fim que eu dei ao seus cd's.
Todos os anos, no começo de novembro, as estradas de terra Virginianas tornam-se serpentes lamacentas, estreiras e difíceis de enfrentar. De um lado, vê-se rochas, altas e limosas, empertigadas na beira das estradas.
As vezes, em épocas de geada nas montanhas, algumas rochas se dilatam e acabam caindo nessas estradas, acertando qualquer imbecil desavisado.
Embora ainda faltassem aproximadamente duas semanas para essas épocas começarem, me estremeci só de observar aquela névoa acizentada rodeando o alto das montanhas, como um anel de fumaça. Meu pai morreu assim. Atingido por uma rocha suprema, caindo do alto numa velocidade assustadora. Me obriguei a prestar atenção na estrada, recheada de buracos e pedras.
Meu estômago já estava se habituando as sacodidas que a estrada proporcionava, mas desta vez, sacolejou tão forte que quase fui arremessada para a frente. Quase, o cinto de segurança não quis me deixar ir. Um último sacolejo, e um som como uma bomba ressoou em um dos pneus.
Sobressaltada, desliguei o motor e saí para ver o que havia acontecido. Deslizei e quase escorreguei pelo chão lamacento. Me agarrei ao teto do carro para me firmar.
Bosta de lugar imundo!
Que eu me lembre bem, mamãe, ou a "Senhorita-Dependente-De-Pau-Morto", como eu costumo a chamar em pensamentos, ganhava um farto dinheiro pela morte de meu pai. Que ideia, poderia comprar uma propriedade descente em um lugar descente. E não deste fim de mundo.
O pneu havia estourado. Como assim, sem mais nem menos!? Arfei, e uma fumaça densa saiu da minha boca e se projetou no ar. Estou com tanto frio. Usava meu melhor agasalho de pelo sintético, mas o ar glacial ainda conseguia penetrar nas minhas roupas. O que eu iria fazer? Sozinha, numa estrada deserta e com um carro incapacitado. E já estava escurecendo...Deus, o que eu faço!? Foi como se Deus houvesse ouvido as minhas preces. Uma luz reinou na estrada, eram dois faróis. Uma picape!!
Ela se aproximou e parou ao meu lado. O motorista baixou o vidro do carro.
- OI, TÁ PERDIDA? - ele gritava, tentando abafar o som rancoroso do automóvel. O homem tinha cabelos grisalhos e uma barba mal cortada da mesma cor. Parecia não ter mais que uns 45 anos.
- O pneu do meu carro estourou! - respondi.
- O QUE VOCÊ DISSE? EU NÃO OUVI DIREITO!
- O PNEU DO MEU CARRO ESTOUROU!
- AAH! PARA ONDE VOCÊ ESTÁ INDO?
- PARA A FAZENDA GWEENE!
- OH! VOCÊ TEVE SORTE, MINHA CASA É QUASE VIZINHA, SE QUISER POSSO TE LEVAR ATÉ LÁ!
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Meu Pior Natal Em Família
General FictionUm livro diferente dos que você já leu, porque nenhum deles tem essa capa, esse título e essa sinopse. Obra não recomendável para menores de 16 aninhos. Plágio é crime (embora ninguém com o juízo perfeito vá plagear uma obra com menos de 100 v...