A montadora

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Acordei ansiosa porque meu guarda-roupa novo seria montado. Me encaminhei para o espelho sorrindo plenamente, o dentista já havia colocado todos os meus dentes no lugar e eu estava sorridente como nunca.

O dia passou normalmente. Dinah estava com sua sobrancelha pintada que mais parecia um tufo de cabelo colado, mas resolvi não comentar já que eu era a responsável pelo incidente.

Eu estava voltando para casa a pé mesmo, meu dia não poderia estar melhor. Meu rosto estava molhado de tantas lágrimas que derramei ao ter explicado com emoção às minhas amigas que eu ganharia um guarda-roupa novo. Elas choraram comigo e disseram que estavam muito felizes por mim. Dinah até se assustou porque pensou que eu queria voltar para o armário, mas isso não podia acontecer já que eu nem tinha saído ainda. Mas ninguém precisa saber. Levo em consideração o melhor conselho que vovó já me deu.

"Seja uma sapatão feliz, minha neta."

Abuela sempre me apoiou e ainda pretende me ajudar quando eu for me assumir para mama e papa. Nesse dia eu tinha chorado de emoção.

(...)

Subi as escadas delicadamente e mamãe me chamou. Desci as escadas para ver o que queria e ela apenas me disse que era para eu me vestir porque o montador tinha chegado. Eu subi as escadas mas meu pai me chamou, desci as escadas e ele apenas disse para eu não demorar. Subi as escadas mas derrubei meu celular no andar de baixo. Desci as escadas e peguei meu celular, joguei os restos no lixo e chorei um pouco. Subi as escadas e fui até meu quarto para me vestir e receber o montador.

Optei por vestir uma calça jeans clara, um cropped de mangas vermelho e minhas havaianas do Brasil que Anira tinha me dado quando veio me visitar. Desci as escadas e caminhei até a sala de estar, encontrando abuela, Sofia e meus pais conversando gentilmente com o montador, que eu descobri que não era exatamente um montador.

E sim a bela de uma montadora...

Meu queixo quase caiu quando vi a mulher de olhos esmeraldas, com cabelos ondulados caindo como cascatas em seus ombros, vestida por uma regata branca, um macacão jeans soltinho e um par de coturnos negros. Não entendi bem aquele visual, mas quase me molhei ao notar que ela me encarava.

Fiquei admirado com seus olhos verdes e sua pele cor de requeijão. Branquinha como a neve.

— Hija, esta é a montadora, Lauren Jauregui. - Papa disse acenando para a mesma. — Leve-a até seu quarto para que ela monte seu guarda-roupa. 

— E-está bem, papa. Ve-venha comigo, Lauren. - Ela sorriu com os lábios cerrados e seguiu meus passos até às escadas.

Branquela, você é montadora mas desmontou meu coração. - Pensei enquanto tentava recuperar da aparência desumana da mulher.

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