Eu e o Eduardo crescemos juntos na mesma rua. Tínhamos a mesma idade, então participávamos das mesmas brincadeiras, do mesmo grupinho de meninos.No começo brigávamos bastante, como quaisquer outros meninos da mesma idade. Com o tempo fomos descobrindo afinidades. Adorávamos animais. Eu tinha dois cachorros e ele três. Por conta disso deplorávamos quando alguém maltratava algum animal na nossa frente, fosse cachorro, gato, passarinho ou qualquer outro. Partíamos pra cima e, com isso, começamos a nos aproximar.
O Eduardo não era especialmente forte, eu sempre tive mais corpo que ele. Mas ele não tinha medo de enfrentar quem quer que fosse. Isso rendeu a ele alguns olhos roxos memoráveis. Eu, por minha vez, muitas vezes tive que partir em socorro do Eduardo para tirá-lo das garras dos meninos mais velhos. Nessa época, o que eu tinha de mais forte, tinha também de mais tímido, enquanto o Eduardo era quase o relações públicas da dupla.
Éramos inseparáveis. Fazíamos quase tudo juntos. Organizávamos campeonatos de videogame que varavam a noite, ora na casa de um, ora na do outro. Sempre ficamos na mesma turma da escola, participávamos dos mesmos grupos de estudo. Na sétima série eu estava muito mal nas notas e havia a ameaça séria de reprovação. O Edu ficou desesperado e ficávamos até tarde estudando. Com a ajuda dele consegui passar de ano e nos mantivemos na mesma turma. Éramos tão colados que ganhamos o indefectível apelido de Batman e Robin. Só não éramos muito sacaneados porque éramos bastante gaiatos e azarávamos todas as meninas bonitas da escola como qualquer garoto no começo da adolescência. Eu já estava bem menos tímido, mas o Eduardo me ajudava bastante a chegar junto nas garotas.
Nessa época os hormônios começaram a entrar em ebulição. Conversávamos muito sobre as meninas da rua, da escola, da TV, enfim, falávamos de garotas a maior parte do tempo. Eu nunca o havia visto pelado antes, no máximo de cueca ou de calção de banho, pois não fazíamos educação física no mesmo grupo, já que a turma era dividida em três grupos. Ele preferia nadar e eu gostava mais de jogar vôlei e futebol.
Naturalmente, conversávamos sobre tudo. As mudanças em nossos corpos, a excitação constante, a vontade de perder a virgindade, qual garota seria a felizarda e coisas do gênero. Papo de adolescente.
Éramos ambos muito bonitos. Não tínhamos nenhuma dificuldade em chegar nas garotas nas festinhas. Mas ainda não tínhamos conseguido convencer nenhuma a liberar pra gente, e a nossa seca continuava.
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Felipe e Eduardo
RomanceDois jovens amigos de infância, ligados por uma forte amizade durante muitos anos, aos poucos percebem assustados que o afeto ingênuo da adolescência tornou-se uma paixão desenfreada. Um belíssima história de amor.