Boa leitura ❤️Natália Mendes
Acordei meio desnorteada e só me dei conta de que Nova Lima era minha nova realidade quando, mais uma vez, escutei a Lurdinha berrando com a mãe.
Nossas casas não eram tão próximas, pois havia um terreno que separava nossos muros mesmo assim era impossível não a escutar reclamando da camiseta do seu uniforme de trabalho que estava malpassada.
Me espreguicei, desci as escadas, ainda meio sonolenta, escolhi minha cápsula favorita e esperei que a cafeteira fizesse sua mágica. Meu dia não começava antes de uma boa xícara de café. E não era apenas pela bebida ser deliciosa, mas pelo cheiro nostálgico que ela me trazia.
Depois de pronto, fui até a varanda que ficava atrás da casa e me sentei no velho banco do papai, que também fora todo reformado. A vista era incrível, um campo vasto e verdejante que se perdia de vista e acabava entre duas montanhas. Eu sempre amei ficar ali para ver o sol se pôr.
Óbvio que, com o passar dos anos, nem tudo poderia permanecer igual e uma estrada de asfalto, cortando o vasto campo verdejante, foi uma grande surpresa para mim. Ela era larga, parecia uma pista de pouso.
Terminei meu café e subi para me arrumar.
Seria o meu primeiro dia ajudando a tia Cecília no estabelecimento capenga de que era proprietária. Ela ajudou a custear a minha faculdade, então a minha mãe achou justo eu usar tudo o que aprendi no curso para salvar minha tia da falência.
Aceitei de imediato, pois sempre que precisei, tia Cecília estava pronta para ajudar. Mesmo assim, sentia uma pontinha de tristeza por estar no fim do mundo e não realizando os meus sonhos.
Saí do banho e vesti as roupas que havia deixado separadas em cima da cama. Dei uma olhadinha no espelho para ver como tinha ficado. Eu possuía uma cintura muito fina e geralmente o jeans sobrava em alguma parte, porém, aquele ficara perfeito e combinou bastante com a blusa soltinha que havia escolhido. Para completar, calcei uma sapatilha. Em Nova Lima, tudo era perto, de modo que eu só me deslocaria pé, então não dava para usar salto.
Deixei os cabelos soltos e saí pelas ruas da charmosa cidade. Diferente do dia anterior, naquele, todo o comércio estava funcionando e havia muitos carros circulando por todos os lados.
Uma peculiaridade de Nova Lima era que havia um tipo de comércio de cada: uma farmácia, um mercado, uma panificadora... Parecia haver um tipo de acordo entre os moradores no qual ninguém abria concorrência com os negócios já existentes; tal regra só não valia para os bares, pois havia um em cada esquina.
A cidade era um ovo, eu não tinha ideia do que iria fazer para levantar a moral do comércio da tia Cecília, já que quem realmente tinha dinheiro e queria diversão, saía para as cidades próximas e não costumava gastar o seu dinheiro em bares locais. Então, imaginem o tamanho do meu desafio.
Atravessei a rua principal embaixo de um sol tímido, que não era páreo para o clima outonal, e sob os olhares curiosos de quem se encontrava na rua. Isso me incomodou um pouco a princípio, mas depois das primeiras quadras eu já não me importava com quem olhava ou falava de mim.
Poucos minutos depois estava chegando em frente ao Boteco do Nonato. Tive que me segurar para não revirar os olhos. Nenhum estabelecimento teria sucesso com um nome desses. Sem contar a fachada, toda num marrom escuro com o nome pintado em branco. Horrível. O espaço parecia bom, mas o resto era uma piada.
Agora entendi por que a tia Cecília precisa da minha ajuda, refleti.
— Ah, meu Deus, você veio! — ela exclamou, saindo de trás do balcão e correndo para me encontrar do lado de fora.
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ÁLVARO ASSUNÇÃO- O FAZENDEIRO
Short StorySINOPSE: Natália Mendes sonhava com uma carreira promissora em uma grande empresa, no entanto, seus sonhos foram interrompidos quando teve que se mudar para Nova Lima com a missão de reerguer o bar falido de sua tia. Ainda assim, seus planos eram cl...