Um dia quase normal... Parte 2

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ㅡ Muito bem, quem irá ajudar a senhorita Potter será... ㅡ ela retira um papelzinho da caixa, lê, e olha para os meninos com um sorrisinho ㅡ Sirius Black.

Seu olhar encontra o meu e tenho certeza de que ele quer me matar, mas não posso fazer nada. É claro que não estou contente com isso, mas se ele ficar todo bravinho vai ser pior, já que teremos que trabalhar juntos. Aliás, se ele não tivesse pintado o meu cabelo, nada disso teria acontecido. É fácil colocar a culpa nos outros quando, na verdade, foi a própria pessoa que fez o começo.

Isso me lembrou uma cena no orfanato, na qual uma criança provou a outro o dia todo, somente no final do dia foi quando a outra criança não aguentou e empurrou aquela que estava provocando. No final, a culpada foi a que empurrou, embora ela só tenha se defendido. Mas é sempre assim, as pessoas não ligam para o acontece antes de um desastre, elas não querem saber o motivo de tal ação, só sabem julgar o depois. É como se o sentimento de alguém não importasse, apenas a sua raiva. Minha diretora sempre falou que ninguém liga se você está triste, mas quando você faz uma ação bruta acaba caindo em julgamento. Eu sempre discordei, mas estou mudando de opinião. É claro que existem exceções.

Ninguém se importa com o outro verdadeiramente. E parece que está tudo bem assim. Fazer o outro chorar? Ok. Fazer o outro se odiar? Ok. Fazer o outro criar inseguranças? Ok. Tudo é normal hoje em dia.

ㅡ Esse é o castigo por ter feito o que fizeram, e os senhores Potter e Lupin vão ter que limpar e polir todos os troféus de Hogwarts, que não são poucos. ㅡ Minerva me tira de meus pensamentos ㅡ Para os senhores Black, podem começar amanhã cedo. Podem sair.

Senhores Black. Ela parece ter algo com isso. Parece sentir satisfação quando diz. Seus olhos chegam a brilhar. Será que tem algo aí? Provavelmente. Eu daria tudo para saber as coisas que Minerva sabe. Ela deve saber de cada segredo de Dumbledore e do Mundo Bruxo.

Nos levantamos para sair, mas Sirius bate levemente no meu ombro quando passa por mim. É sério? Ele vai realmente ficar nessa? Decido entrar em seu joguinho.

ㅡ A culpa é de vocês. ㅡ digo irritada quando passamos da porta, em uma distância segura para Minerva não nos escutar.

ㅡ Vai começar ㅡ murmurou Sirius.

ㅡ Sim! Vou começar! Se vocês tivessem me mostrado o vira-tempo, nada disso teria acontecido!

ㅡ Se você não fosse tão curiosa, nada disso teria acontecido! ㅡ disse James, então o olhei indignada.

A culpa é minha, afinal de contas? Eles têm razão? Eu só queria fazer parte disso. Só queria que eles gostassem de mim. Estou fazendo de tudo para me sentir parte deles, mas será que estraguei tudo?
Milhares de pensamentos passam pela minha cabeça. São inúmeros e eu não consigo me concentrar em nenhum. Não consigo escutar o que falam, eu preciso respirar.

ㅡ Querem saber? Me deixem em paz. ㅡ eu digo e saio correndo o mais rápido possível.

Percebo que saio do castelo tarde demais. A escuridão a minha volta diz que estou na Floresta Proibida. Meu coração dispara de medo. Os pensamentos se intensificam e eu tenho vontade de bater a minha cabeça em algum lugar. Eu só preciso do silêncio.

Eu quero a calmaria de volta. Quero escutar a mim mesma.

Eu realmente estraguei tudo? Eu nos prendi aqui? O que acontecerá?

Começo a correr para onde eu achava que era a saída. Com certeza eu estou completamente perdida, até que escuto um barulho vindo atrás de uma árvore. Então eu tenho a melhor ideia que alguém pode ter: começo a correr. Consigo escutar claramente quem quer que fosse, vindo atrás de mim. Então, como acontece naqueles filmes trouxas, meu pé prendeu em um galho e eu caio com tudo no chão.

Meu coração acelerado e os pensamentos não me deixam em paz. Arregalo os olhos quando percebo que não consigo ter reação alguma além de chorar.

É então que vejo a criatura se aproximando: era um lobo. Começo a berrar, pedindo socorro, mas ninguém aparece. É claro que ninguém irá aparecer, eu estou no meio da floresta. O lobo se aproxima mais e mais, é aí que vejo que esse é o meu ultimo segundo de vida. A criatura levanta uma pata, e enfinca as garras no meu pescoço. Sinto uma dor alucinante passar pelo meu corpo e começo a berrar. Minha visão se perde aos poucos e ainda tento me debater, mas a criatura é bem mais forte que eu. A última coisa que vejo é um clarão vermelho e o lobo sendo lançado para longe, mas pode ser uma alucinação e que na verdade essa é a minha morte.

[...]

Nunca entendi o conceito de uma pessoa dramática, mas agora entendo. Eu não estava morrendo, mas talvez eu morreria se o lobo não tivesse sido lançado para longe; não era uma alucinação.

Percebo que os pensamentos pararam e me sinto estúpida. Um vira-tempo não seria o responsável pela nossa desgraça. Tenho que aprender a parar de me culpar por absolutamente tudo o que acontece.

Acordo com uma grande dor no pescoço, bem no lugar onde o lobo passou as suas garras.Olho em volta e vejo os Marotos e o pessoal do futuro ali. Tento falar, mas nada sai. Meus olhos passam por todo o lugar e logo percebo que estou na Ala Hospitalar de Hogwarts.

Aquela sensação de gritar socorro e não ser ouvida grudou na minha cabeça. Enquanto eu olhava as pessoas, me lembro da cena. É como se eu já tivesse passado por isso. Sinto um deja vu: aqueles olhares eram extremamente familiares.

ㅡ Nem adianta tentar falar, o lobo cortou muito fundo o seu pescoço ㅡ disse James.

Eu estava cansada demais para falar qualquer coisa, só queria ficar sozinha em silêncio, sem me sentir culpada como eles fazem eu me sentir. Grande parte disso é culpa deles.

Peguei a minha varinha e escrevi no ar “Saiam”, eles me olharam indignados, mas nada adiantou. Então os Marotos saíram, os do futuro também iam sair, mas Lily voltou e disse:

ㅡ Sabe, você deveria dar uma chance para eles, já que foram eles que te salvaram. ㅡ ela disse isso e saiu.

Ela me deixou com o meu silêncio e várias dúvidas: eles realmente correram atrás de mim? Para me ajudar?

Talvez eu devesse parar de forçar algo que irá acontecer naturalmente. Talvez eu já pertença a um grupo.

Qualquer tipo de atenção é melhor do que o vazio daquele lugar.










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