b r e a k

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Bruxas. Era exatamente sobre isso que Brooke Pickett desenhava em seu caderninho, enquanto a professora de matemática avançada falava algo sobre fractal que em nada lhe interessava. Céus, ela realmente tinha errado na hora de escolher suas matérias.

O sinal tocou indicando que era a hora do intervalo e, apesar da melodia com cara de velório, os alunos pareciam mais vivos do que nunca, jogando seus materiais nas mochilas e saindo às pressas da sala, enquanto a srta. Frank gritava algo sobre a entrega dos trabalhos na próxima segunda e como eles poderiam encontrar os exercícios no site da escola.

Brooke respirou fundo assim que conseguiu passar pelo mar de pessoas no corredor e enfim chegar à área externa. Ali o movimento era bem menor, já que todos haviam se encaminhado para o refeitório atrás de uma refeição digna de presidiários. Seguiu até o auditório principal, onde costumava passar seus intervalos quando não estava na biblioteca. Antes de entrar percebeu que colado ao lado da porta do local estava um cartaz anunciando a chegada da festa de Halloween da Saint Denis. A garota sorriu abertamente, com o correr dos dias mal se lembrara de que o fim de outubro já se aproximava e que com ele, segundo ela, trazia a melhor festa de todo o ano.

Brooke sentou-se em uma das poltronas do meio. O lugar estava vazio como sempre. Na verdade, a garota nem ao menos sabia se era permitido estar ali naquele horário, mas até o momento ninguém a havia descoberto, então estava tudo bem. Tirou da mochila o saco pardo, pronta a descobrir o que sua mãe lhe aprontara dessa vez. Abriu-o, revelando alguns talos de aipo cortados dentro de um saquinho transparente zipado ao lado de um pequeno recipiente, também transparente, que guardava uma pasta marrom. Aipo com manteiga de amendoim. Sua mãe só poderia estar brincando. Brooke não comia na escola, mas também tinha refeições de prisioneiros. Mergulhando um talo na manteiga, a garota o levou à boca, comendo-o. Não podia reclamar, afinal, era preguiçosa demais para acordar cedo e preparar seu lanche por si só.

Ainda faltavam cerca de 10 minutos para o fim do intervalo e Brooke já havia lanchado e agora conferia seu blog pessoal em seu celular, quando uma voz lhe roubou a atenção.

— Por acaso a senhorita tem permissão para ficar aqui?

O timbre estava forçadamente mais grosso, mas não foi preciso muito mais do que olhar para trás para que a garota pudesse reconhecê-lo. Mesmo na leve penumbra do auditório aqueles cabelos longos eram inconfundíveis.

— Você não me assusta, príncipe da Pérsia. — ela sorriu abusada, enquanto o via se aproximar com uma careta.

— Não me chame assim! Te procurei por toda parte, parece mais um tatu que adora viver em tocas.

O corpo de Noah jogou-se desleixadamente sobre a poltrona ao lado da de Brooke e ele abriu seu característico sorriso de lado, bagunçando os cabelos da menina, que reclamou, os arrumando novamente.

— Pensei que estivesse com os garotos no refeitório, como sempre.

— Eu estava. Isto é, até sentir sua falta. — ele deu de ombros.

Brooke abriu um sorriso divertido e então apertou as bochechas do amigo.

— Que coisa mais bonitinha, como esse bebê sente a minha falta!

— Tá, tá. Chega. — ele riu, dando um leve tapa nas mãos dela que lhe apertavam as bochechas, fazendo com que ela parasse com aquilo.

— Então, qual foi o menu de hoje?

Brooke se ajeitou na poltrona, ficando de lado para poder olhar melhor para o amigo enquanto conversavam.

— Hum... uma espécie de salada cozida, almondegas moles demais e um suco de soja que mais parecia água suja.

Como Conquistar Brooke PickettOnde histórias criam vida. Descubra agora