Capítulo dois

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– Eu não acredito que você comeu três doces daqueles!

L'Éclair. Aquele doce era incrivelmente maravilhoso. Eu não sabia do meu amor por aquele doce — que era muito parecido com a bomba de chocolate — até vir para Paris e provar um. Deus, era o melhor doce do planeta! Não sei porque Luc ficou tão impressionado quando me viu comendo mais de um.

– É meu preferido! — respondi, toda animada.

Aquele foi um dos encontros mais incríveis que eu já tive em toda a minha vida. Talvez porque o primeiro lugar que ele resolveu me levar foi em uma das doceiras mais deliciosas da cidade. Fora isso, ainda tinha mais uma surpresa e, no final da noite, ele me levaria para dançar porque eu amava dançar.

– Três, Sofi, três! — ele falou antes de uma gargalhada.

– Tá, tá. Podemos parar de falar sobre a minha fome e irmos para a surpresa logo? — pedi, puxando-o pelo braço.

– Por que você está conduzindo se eu é quem sei onde fica?

Revirei os olhos e deixei Luc me guiar. Nós chegamos em uma rua que se dividia em duas bifurcações. Eu conhecia aquele lugar, só não lembrava direito dele porque pegava aquele atalho muitas poucas vezes. É, com certeza era um atalho. Mas pra que lugar?

– Sofi, eu sei que você odeia andar sem saber para onde está indo, mas isso é muito importante.

Franzi o cenho. Ele não ia me vendar nem nada né? Porque eu morria de medo de ser vendada.

– Luc...?

– Não vou te vendar, nem nada, mas se eu pedir para você fechar os olhos e só abrir quando eu mandar, você faria isso?

– E ficar o caminho inteiro sem saber onde pisar?

– Eu te guio.

Olhei para ele, desconfiada, e pensando seriamente em não fazer aquilo. Mas era uma surpresa, não era? E eu amava surpresas.

Fechei os olhos com um sorriso e senti o entusiasmo dele ao pegar na minha mão para me conduzir.

Não demorou muito tempo e, tenho que admitir, não gostei muito da caminhada com os olhos fechados. Quando ele finalmente parou, eu suspirei, aliviada.

Luc pediu para eu abrir os olhos e, quando o fiz, me deparei com a Ponte dos Cadeados. O meu lugar favorito em toda Paris. Sorri para ele, não podendo estar mais feliz.

Foi lá que eu e Luc nos conhecemos. A primeira vez, muito antes de eu começar a trabalhar para sua tia. Era o meu primeiro ano em Paris e ainda morria de medo de conversar com as pessoas porque franceses tinham fama de frios e pouco amigáveis. Não Luc.

Eu fitava o rio fluir e alguns barquinhos passarem por lá com ora pessoas felizes, ora entediadas quando o garoto se juntou a mim e perguntou o porquê de eu ir tanto naquele lugar, já que eu aparecia todos os dias.

– É só uma ponte. — o francês dele era tão engraçado de se escutar; achava que nunca ia me acostumar com isso.

– Uma ponte com histórias. As minhas preferidas, aliás. — Deus, o meu sotaque era péssimo – Por que passar por aqui e apenas ignorar?

Ele riu. Um francês riu para mim. E tinha um sorriso lindo.

– É meu lugar favorito. — ele falou, me surpreendendo — O seu sotaque é fofo. De onde você é?

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