Falar com Deus (Conto)

Conto 💌

Provérbios 11: 25. "A alma generosa prosperará e aquele que atende também será atendido."

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Escrever para Deus pode parecer loucura e sinônimo de poucos amigos, mas a verdade é que é uma das formas que tenho para estar mais próxima Dele, não o quero perder de vista não quero que o tempo e os dias que se seguem me façam acomodar.

A missionária Zoe era muito feliz com a decisão que havia tomado sua fé era bem alicerçada e desde muito pequena escrevia cartas para Deus, contudo, ninguém possuía conhecimento de seu hábito. Zoe tinha um bom relacionamento com a família e era muito apegada a mãe,Rute,mulher de estatura média, corpulenta, cabelos ralos e encaracolados, seu destaque eram seu fortes olhos pretos feito jabuticabas. Rute era uma típica descendente de africanos, e Zoe havia herdado os traços da mãe, vivia no estado do Espírito Santo,ao ser trazida de Rondônia pelos pais, João e Alda,está passou a ser originalmente chamada de Capixaba. Rute descobre aos seus 54 anos que teria que fazer uma mastectomia, a retirada das mamas,deixando suas atividades usuais para frequentes e angustiantes visitas ao médico.O que era uma fé concreta,fora abalada. Zoe não sorria mais e estava prestes a deixar de ser missionária.

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Era 6:30 da manhã de uma quinta,o céu estava azul com pinceladas de uma cor acinzentada,nuvens carregadas,indicando que iria chover.

Zoe, com o carro quebrado, tendo que deixar o automóvel e seguir a pé,pega uma sombrinha na bolsa e segue até o hospital, que não era muito distante de onde se encontrava, ao passar pela recepção encontra o médico na sala de plantões,este expressava uma fisionomia indecifrável.

Pode falar, doutor Carlos.Estou preparada para qualquer que seja o diagnóstico._Tenta expressar força e calmaria ,em pleno mar de descrença.

O médico coloca as mãos nos bolsos do jaleco,inclina a postura,fazendo um certo suspense,anda até Zoe, retirando uma das mãos passa pelos cabelos os alinhando demonstrando certa inquietação e também elaborando uma boa mensagem para a jovem receptora. Se sentido pronto,olha fixamente na direção de Zoe.

_ Sua mãe não está reagindo como o esperado em relação ao tratamento._ Diz com calma e pesar.

_Isso quer dizer... ?_Zoe estava com lágrimas nos olhos,os quais questionavam a situação.

_Será necessário uma cirurgia de emergência para a retirada total do tumor, é a solução viável.

_E quais são as chances de sucesso?_Zoe se mostra aflita.

_ Mínimas_Com seriedade pronúncia o diagnóstico. E continua...

_ Ela quer falar com você._Dr.Carlos aponta para o grande corredor, que era de uma brancura conflitante.

Zoe vê alguns corpos doentes jogados em cima de macas, enfileiradas no estreito corredor.Se sentiu egocêntrica em colocar sua dor em um pedestal e adorá-la.A cada corpo quase morto o coração de Zoe se apertava e sabia que Deus a havia escolhido para o propósito de ajudar pessoas,mas a mesma encontrava-se em um dilema.

Zoe era consciente de que sua mãe estava morrendo,mas sentiu uma dor inexplicável tomar seu ser, não queria que todas aquelas pessoas também morressem, sem o conhecimento da existência do filho de Deus. Não só o corpo morreria, como também o espírito. Sabia que sua amada mãe, estaria ao lado do pai. Então sentiu-se pequena, seu orgulho era tão grande, Mesmo já adulta, não sabia lidar com alguns de seus impulsos.

Zoe volta para casa em turbilhão, assim que consegue pegar as chaves de casa, se derrama em lágrimas. Chorar parecia ser a única coisa a se fazer, sua mãe era seu refúgio, não estava pronta para se despedir. A tristeza era muito grande, rasgava seu peito a ponto de a fazer repensar sua missão, reconhece então em sua tribulação a mão de Deus e ora a ele como nunca antes, pede por sabedoria e espírito quebrantado, reconhece que não pode nada sem o Senhor. Coloca sua mãe nas mãos dele e lembra que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar;nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Chora por mais alguns minutos, mas não assume uma posição de auto piedade. Se levanta toma banho e decide seguir com o ministério.

Era abril, em noite de Páscoa, estava sendo feito atuações da ressurreição de Jesus. Com o coração transbordando de paz , sentiu que só ele poderia encher o seu ser,a mãe poderia ir ,o grande amor ,aquela paixão poderia nunca existir, poderia não haver riquezas e prestígio. Mas tudo bem se o amor de Cristo a enchesse, fizesse tudo novo. Tudo valeria a pena, todos os dilemas terão fim, pois estaremos diante da própria resposta. Creia nEle, creia em seu amor e como Zoe, não deixe o seu ministério, se for para cuidar de crianças continue o fazendo, se for para cantar, cante como nunca. Ele quer que tenhamos a experiência satisfatória, assim como ele teve ao vencer a morte e a Satanás. E ele disse, está tudo consumado, ele veio em forma de homem para mostrar que também podemos, é difícil, mas podemos.

Ao terminar a carta, Zoe escreve o versículo 8 do capítulo 13 de Hebreus"Eis que estou convosco todos os dias".Pega um envelope e disponho a folha no mesmo o selando em seguida,ao verso do segundo papel escreve com letras desenhadas.

Uma carta para Deus!

Zoe escrevia cartas a todos os missionários que se dedicavam a obra.

E a cena da partida de sua mãe passava mais uma vez em sua memória.Uma linda e singela lembrança.O pastor Fábio havia ido visitar D.Rute no hospital na semana seguinte.Este achando que iria encorajar a senhora,que estava em seus últimos dias, após ter orado,recebe uma grande lição.

_Posso cantar um último louvor? _D.Rute pede para o jovem a sua frente.

_Sim, mas é claro. _ Este pega em uma das mãos da senhora, com delicadeza, a fitando com intensidade via dela sair-lhe o espírito.

(Louvor)_ Eu vou seguir com fé,com meu Deus eu vou para a rocha mais alta que eu...