Part 1- O erro

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A história de um detetive, muitos sentiam que as importâncias dos fatos descritos não passam de pura interpretação barata e egocêntrica. Os casos chegaram até mim de uma maneira única, estava em minha casa ouvindo um pouco de Bach, tomando sem dó de meus rins apáticos, uma vodka vinda diretamente da Rússia. Um amigo que recebeu uma proposta de emprego foi quem me enviou, isso me deixava da vez pior, estava falido, nenhuma boa história parecia querer surgir... A campainha toca, vou levantando, cambaleando por entre os móveis, abro a porta.
- Aqui é onde mora Harry Black?
- Sim do que se trata?
- Sou o detetive Jack Waterloo, tenho histórias que podem lhe interessar.
Nesse momento até me enrolei para falar, isso era tudo que eu precisava, um escritor precisando de dinheiro, não pensei, apenas o convidei para entrar.
- Senhor Waterloo por favor porque não começa do início. Quando você nasceu, local, como era sua infância, seus anseios mais profundos.
-  Desculpe Harry, mas minha vida só se deu início ao entrar na academia policial, antes disso, bem, prefiro deixar para lá.
- Tudo bem vamos iniciar por onde for do seu agrado, fique à vontade para compartilhar.
Então dessa forma se deu início a uma jornada perfeita, ouvi cada palavra atentamente, meus dedos doíam para escrever em conjunto, sem perder nada que fosse passado por meus ouvidos. Fiz inúmeros cafés, não quis conceder nenhuma pausa longa.
A história começa em Bristol, já formado, acho que detalhes do seu treinamento não precisavam serem inclusos, porém com base em alguma necessidade faria uma citação vez ou outra, para fechar ou abrir alguns pontos que ficarem confusos.
Assim inicia a derradeira e fantástica história de Waterloo, uma batalha sem igual e estou falando de Jack cuja história era tão intrigante quanto a própria história que seu sobrenome carrega.
Jack se formou com prestígios na academia de Polícia de Bristol e logo se tornou detetive na divisão de homicídios em Londres. O seu maior desejo até aquele momento.
Em seu primeiro dia foi apresentado ao chefe do departamento de Polícia, Done o típico estereótipo "policial das rosquinhas" mesmo que rosquinhas não  fossem um costume típico da Inglaterra. Done já foi logo lhe oferecendo algumas rosquinhas de um pacote aberto em cima da mesa, que com a boca cheia explicava sobre os diversos casos em aberto no departamento, Jack achou isso surpreendentemente hilariante.
Então chegou na sala uma jovem detetive, loira e de aparência muito atraente, pernas longas, cabelos loiros, boca rosada, olhos incrivelmente verdes como esmeraldas. Aparência de causar desejo em qualquer homem, mas Jack teve uma reação contrária, como se a ruína em pessoa tivesse passado pela porta.
- Jack, essa é Mandy será sua parceira.
Houve apenas uns sugestivos acenos de cabeça como cumprimento, nenhuma palavra dita, aquele silêncio constrangedor preenchia a sala, isso e também o cheiro de rosquinhas.
Nesse momento Jack sentiu uma sensação ruim, aquele tipo de sensação terrível que nos faz sentir como se houvesse uma bola de papel na garganta, parecia lhe sufocar. Não gostou nada dessa Mandy, uma pequena formiguinha para atrapalhar seu caminho ao topo pensou. Devo mostrar que aqui quem vai mandar sou eu, ela não passa de uma simples operária diante do zangão.
Bom, o caso é o seguinte, Done falou - Ocorreu um roubo seguido de homicídio na casa da família Rontorne, quero que vocês se encaminhem para o local com o resto da equipe que já se encontra avaliando os danos e descubram quem foi.
- Vamos o mais rápido possível, como foguetes a jato - Riu Mandy. Aquele tipo de risada boba e meio constrangida, suas bochechas ficaram coradas e ela se calou.
Jack não gostou e revirou seus olhos com desdém.
- Muito bem, afirmou Done -  Arriverderci, todos temos muito trabalho.
Mandy sairá da sala nesse momento, porém Jack permanecerá para enaltecer de seus feitos.
- Caro chefe Done, nos vemos em pouco tempo e com o caso resolvido, com um piscar de olhos devido as habilidades Sherlockrianas - Disse Jack muito egocêntrico.
- Está bem, não duvido de suas habilidades meu caro, não diante de seu histórico da academia, até mais ver - Disse Done apontando para porta de modo grosseiro porém preguiçoso.
  Jack saiu meio desorientado e pensando que não deveria ter falado nada sobre seus feitos, pois agora o caso deveria ser resolvido rápido, sem distrações que a jovem "Mandy" poderia causar. Nesse momento você se pergunta teria ele reparado na sua aparência angelicalmente sexy e se trata dessa distração ou apenas aquela raiva curiosa por ter que competir com uma mulher. Eu realmente não sei, mas ele sabia.
Mandy possuía um carro lindo, vermelho com listras brancas nas laterais, colocadas de forma igualitárias. Porém, Jack estava discutindo com que carro deveriam ir, sim, qualquer um pensaria que isso não faz diferença. E não faz, mas Jack era de fato muito teimoso e adoraria causar cada vez mais desconforto na Mandy.
- Porque diabos estamos brigando por um maldito carro? Que diferença isso vai fazer? Por um acaso o carro dará alguma dica importante e dessa forma, misteriosamente tudo será resolvido?
- O carro é algo fundamental para um caso. Quando perseguir algum sujeito suspeito, espero que o calhambeque seja muito bem resolvido emocionalmente - Falou Jack Sarcasticamente.
- O meu carro, por exemplo está a dez anos comigo e nunca me deixou na mão.
- Vamos logo no seu carro, não temos tempo a perder - Falou Mandy.
Os dois partiram em direção a residência dos Rontorne, onde a investigação finalmente começaria.
A casa era na verdade uma grande mansão no estilo clássico parecia ter pelo menos 100 anos, aquele tipo de casa passada de geração em geração, uma casa que sobrevive muito bem ao tempo.
A casa tinha muitas janelas, uma enorme chaminé com tijolos de pedra preta. Você até podia sentir o ar da graça de uma casa como aquela, todos os dias, menos nesse.
Naquele dia o sangue escorria no hall de entrada, um corpo de um dos guardas, morreu de hemorragia por um corte feito bem no meio do bucho, o outro guarda logo nas escadas levou um tiro bem no ouvido, miolos decoravam o quadro logo atrás do corpo falecido, uma clássica pintura de Turner chamada "Light and. Color" de 1843, o sangue do pobre rapaz parecia até complementar a bela obra britânica.
Jack chega com Mandy na incrível mansão Rontorne, o clima era tempestuoso e na mente devaneios duvidosos sobre a moça pareciam lhe sufocar, afogando em um mar de espinhos que cravam e arranham sua pele, você tenta nadar e nunca chega na praia, nunca, apenas o corpo morto.
Mandy não perdeu tempo e foi logo coletando dados para saber mais sobre o ocorrido, enquanto Jack observava o corpo no hall, colocou luvas plásticas e pegou uma enorme lupa.
- Superficialmente indica um corte preciso, do umbigo até o pescoço, uma lamina, morreu de hemorragia em poucos minutos - Disse Jack.
- Ele provavelmente foi surpreendido, mas não parede haver sinais de luta, foi um roubo seguido de homicídio, Macon Rontorne, informou que uma peça de valor foi roubada do cofre e que ninguém mais tinha acesso ou sabia da existência do mesmo além dele - Disse Mandy
Nesse momento Jack sobe as escadas onde se encontra o outro corpo, Mandy vai logo atrás. Observando o corpo com cuidado, nota que há uma capsula de calibre 22 no chão a arma que fora usada pelo assassino/assaltante.
- Acho que que a questão é quem roubou planejava o assassinato também? Acho pouco provável - Retrucou Jack em um ar interrogativo.
Se somente o Sr. Rontorne sabia do cofre, o que podia ter acontecido?
- Olhe isso Jack! Falou Mandy entusiasmada - A janela está aberta e à marcas perceptíveis que a mesma foi forçada.
Mandy olhou pela janela e pode ver que lá em baixo havia uma grande caçamba de lixo.
- Certamente o suspeito subiu nela e escalou sem problema, tentou abrir a janela, viu que estava trancada e então a forçou com um pé de cabra. Entrou abriu o cofre sem problema, pois sabia o código, pegou o item, porém nesse momento um dos guardas fez a ronda e o viu, antes que o guarda atirasse, quem atirou foi ele, por algum motivo ele havia só uma bala, não pensava em matar ninguém. O guarda que estava fora da casa, quase dormindo quando ouviu os tiros, entrou no hall e foi surpreendido com uma faca que o encontrou e cortou da barriga garganta.
Jack nem a ouviu, na mente dele, já tinha o suspeito montado, só podia ser uma pessoa, o mordomo é claro, sempre é o mordomo, deve conhecer todos os segredos da casa e esse podia ser só mais um deles.
- Chame o mordomo aqui, para já - Cuspia Jack.
- Jack, pense bem, deveria ser alguém próximo aos Rontorne, você não está raciocinando direito - Falou Mandy.
- Cale a boca, como uma loirinha burra como você poderia saber de alguma coisa?
- Olhe Jack, você deve pensar, que só porque sou mulher, sou inferior, provavelmente pensa que estou atrás do seu cargo, apenas quero ser trata como respeito, sou tão detetive como você.
- Há com certeza, deve ser isso mesmo.
Maldita Mandy. Pensava Jack raivoso, tão raivoso quanto Cujo, ele agiria assim, rasgaria a língua dessa moça magrela, comeria até sobrar apenas os ossos.
Jack não a respondeu, apenas saiu da sala indo para fora de um jeito violento, foi de encontro ao mordomo, puxou-o pela gravata, o cara era baixinho, apenas ergueu as mãos de um jeito apavorado, quase chorando.
- Me diga, onde está?
- Onde está o que?
- Você sabe muito bem seu maldito, sei que foi você, não tem outro jeito, foi você - Falava Jack, empurrando o Mordomo contra a parede.
Enquanto isso Mandy desesperada berrava no ouvido de Jack.
- PARE COM ISSO!
Jack puxou sua arma, colocando-a bem no pescoço de mordomo. Mandy correu para trás de pulando de um modo nada convencional em suas costas. Ele foi cambaleando, quase caindo.
- Jack não foi ele, uma das empregadas me confessou tudo, enquanto você ficava nesse teatrinho Poderoso Chefão.
- Quem foi? - Diz Jack com um olhar flamejante de ódio.
- Foi o filho da empregada, ele se envolveu com agiota, estava sendo ameaçado, então sua mãe facilitou a entrada para ele, deixou a janela do escritório aberta e também conseguiu o código, provavelmente completará a transferência no cais de Waterloo.
(Ponte que atravessa o rio Tamisa em Londres).
Seguiram com o famoso carro que supostamente nunca o deixou na mão, mas convenientemente nesse dia, na metade do caminho o carro resolveu falhar. Jack furioso xingou o carro.
- Lata velha dos infernos.
- Qual era mesmo o carro que nunca o deixava na mão - Disse Mandy sarcasticamente.
- Não temos tempo a perder, vamos a pé – Disse Jack com rapidez.
Assim saíram do carro e começaram a correr o mais rápido que podiam, Jack em disparada como papa-léguas reconheceu o suposto ladrão dando partida no barco de nome rainha Dóris.
Observou que não conseguira pega-lo no cais, teria que pular da ponte, caindo assim bem em cima do barco. Uma manobra muito perigosa e arriscada, Mandy jamais concordaria com tal ação, mas ela é apenas uma loirinha burra na visão de Jack.
Jack saiu correndo sem nem olhar para trás e se jogou, o maior erro que poderia cometer. O barco já estava partindo, Jack foi para o outro lado da ponte e se jogou no barco, caindo com sua perna bem em cima de uma bandeira que ficava na parte de trás do barco, prendendo assim sua perna estava ferida gravemente.
O sangue vermelho estava por todo lado decorando barco branco, o transformando em uma bizarra arte da bandeira do Japão. Jack ia aos poucos apagando, a maior das dores que ele já sentiu.
O ladrão viu a perna de Jack presa e o empurrou derrubando Jack no rio.
  A perna estava totalmente dilacerada, como se um tubarão a tivesse mordido. Jack ia afogando aos poucos, sem nenhum esforço para voltar a superfície. Sua consciência era nula naquele momento, mas por um breve instante viu o que parecia ser o mais belo anjo, com belos cabelos loiros que com graça o tomava nos braços.
O que ele pensava se tratar de um anjo era na verdade a bruxa da Mandy, mais uma vez provando que sua maldita feitiçaria caia sobre ele, sentia inconscientemente.
Jack observa seu próprio corpo na cama de um hospital, a perna totalmente engessada. Ele supõe que esteja em coma, dessa forma deve estar passando por algum tipo de experiência extracorpórea.
Uma sombra negra começa a se aproximar de seu corpo, transmutando-se em um garoto pútrido, sangue escorria de um lado da cabeça.  O fantasma parecia chegar cada vez mais perto dele, em um momento de completo desespero. Jack acorda.
  Com os olhos pesados e a visão embaçada, consegue ver Dorne ao lado de sua cama.
- Que bom que acordou Jack, quase perdemos você companheiro, se não fosse sua parceira você estaria no fundo do rio Tamisa.
- O que aconteceu com o caso? - Falou Jack ainda com esforço.
- Bom, ele se foi, emitimos um alerta e vamos esperar para ver o que acontece. Foi um grande erro da sua parte Sr. Waterloo, mas no momento quero que se recupere bem e depois veremos.
- E a Mandy?
- Ela está bem e reportando tudo o que aconteceu nesse momento. Agora descanse Jack.
Dorne então se retirou deixando Jack em seus pensamentos frívolos e conspiratórios.
A família de Jack passou para vê-lo, sua mãe Mary e seu pai John. Ele não possuía um grande laço com eles atualmente, sua infância foi complicada, era o filho mais novo e de certa forma possuía privilégios, os irmãos mais velhos de Jack tinham um grande ciúme e o ignoravam completamente. Jack esconde essas memórias da infância, prefere pensar que sua vida começou ao entrar na academia de polícia.
Como expliquei no começo. Sim o escritor da história, euzinho Harry continua por aqui, claro que não possuo crédito nenhum, sou um contador de histórias.
Foram dias complicados no hospital, o tempo parecia não passar nunca, a perna cheia de pinos, não podia se levantar nunca, eram lhe dados os famosos banhos de gatos. Muitas vezes acabava por se cagar todo e tinham que o limpar, se sentia cada vez mais humilhado.
Nesse tempo no hospital, a raiva de Jack pela Mandy só aumentava cada vez mais, agora que o tinha salvo, ele lhe devia a vida.
Jack sabia que muito bem que perderia sua posição atual, logo no início da carreira cometer um erro desses, era inadmissível.
Isso lhe fez lembrar de uma coisa que aconteceu durante o treinamento policial. Jack tinha uma amizade com um cara chamado Allan.
Allan era um rapaz esforçado que sempre trabalhou muito duro para conseguir as coisas, vindo de uma família pobre e desestruturada, muitos de seus irmãos entraram em gangues, vendiam drogas, dois deles morreram por conta desse caminho. Ele seria diferente e faria uma caminhada através da ordem.
  Um dia estavam em treinamento, aquele tipo "caça bandido" onde um faz de conta que é o ladrão e o outro policial, como uma batalha de paintball mas sem as tintas.
O responsável deveria dar apenas armas de chumbinho, mas nesse dia aconteceu o terrível acidente, o amigo de Jack morreu com um tiro bem real na sua frente, um erro sem volta que tirou a vida de um possível bom detetive.
  Foi a segunda vez que Jack tinha visto a morte de perto.
Mesmo depois de observar um erro forte como esse, cara a cara, ele não aprendeu, sua mente tinha esquecido completamente daquilo, até esse momento onde está deitado na cama de um hospital, comendo sopa todo dia, cagando na cama, tomando banhos de gato.
E Mandy a heroína, deve estar comemorando sua gloria, como mergulhou e salvou seu estúpido parceiro das garras da morte. Era isso que Jack pensava todo dia, precisava voltar logo a ativa, ou ela pisaria nele mais do que já pisou.
Esse tempo no hospital para algumas pessoas serviria como momento de relaxar, ele não relaxada. Eu como observador digo que nesse momento Jack precisava de apoio, mas não havia ninguém.
Mandy veio lhe visitar no mesmo dia que acordou, eis o que aconteceu.
Ela entra no quarto trazendo um vaso de tulipas e coloca na cômoda ao lado da cama.
- Jack como você está se sentindo?
- Bem, estou todo fudido...
  Mandy porquê você não me impediu?
- Eu tentei, grite, corri, mas vi você despencando e caindo. Pulei no rio para salvar você, isso já é uma grande coisa não?
  - Jack você não me escutou nenhuma vez, éramos para ser uma equipe e você fez por si, não ouvindo nenhuma de minhas suposições e seguindo sua própria cegamente.

- Diga por você, dei tudo de mim e você virou a porra de uma estátua. – Falou Jack forçando sua voz o mais alto que pode. Jack então fechou os olhos e falou – Por favor, quando sair feche a porta que está frio.
Ela saiu do quarto batendo a porta.
Jack teve um tempo para refletir, curiosamente desvendar como a empregada conseguiu a senha, bom isso é bem simples na verdade, observando as teclas onde se digita a senha da para perceber quais foram as mais usadas, foi dessa forma que a senha foi desvendada.
Um dia de chuva, Jack estava tomando café da manhã e pega o jornal para dar uma lida, eis que a seguinte notícia aparece.
Roubo e assassinato - Caso Rontorne encerrado: A oficial Mandy seguiu pistas que a levaram até o Ladrão, através de uma fonte anônima a peça seria vendida para um historiador de Cambridge que não sabia da origem da peça, dessa forma colaborou com a policia marcando de se encontrar com o ladrão, o mesmo foi preso e aguarda seu julgamento...
Realmente aconteceu o que Jack previa, ela ficou com toda a glória do caso, enquanto ele, um maldito aleijado estava preso em uma cama, ele se sentia em cárcere privado, era isso que merecia por querer dar uma de 007.
Jack dormia, em seu sonho, se via de novo na cama, o mesmo fantasma parecia querer dizer alguma coisa, esticando as mãos cada vez mais para perto dele, estava petrificado, não conseguia expressar nenhuma reação enquanto aquelas mãos mortas iam pouco a pouco de encontro ao seu rosto. O que era esse fantasma, o que queria com ele? Sentia que lhe era familiar de alguma forma. Finalmente ele desperta encharcado de suor.

Algum tempo depois, Jack foi para casa, sua perna não estava totalmente curada, mas estava a muito tempo ocupando o leito. Agora ele já conseguia cuidar das suas próprias necessidades.
Jack morava em um pequeno apartamento na rua Baker, claro que o número 221 em que as histórias de Sherlock se passaram, na verdade seria incrível demais, só que não.
Seu apartamento era pequeno, quarto, sala e cozinha tudo no mesmo cômodo, separado apenas o banheiro. Era pequeno, porém confortável.
Ele estava se sentindo um pouco mais livre do que naquele hospital, mas se sentia assombrado, aquele fantasma aparecia sempre em seus sonhos, muitas vezes parecia até se materializar em sua frente... Loucura.
Jack estava tirando um cochilo, a campainha da sua porta toca, ele demora muito para atender, ia berrando aos montes – Estou isso dá pra esperar com calma a porra do aleijado.
Jack abre a porta, era Done.
- Olá Jack, vejo que não estava esperando visitas. Posso entrar?
- Claro, fiquei à vontade.
Done sentou em uma cadeira, ele estava com alguns papéis em sua mão, Jack pensou se tratar de algum caso.
- Então Jack, sei que poderá voltar logo ao departamento, mas infelizmente estou com uma ordem de suspensão de três meses de suas atividades. Olhe fiz tudo o que podia, a suspensão precisa ser cumprida. Então entregou os documentos na mão de Jack.
- Done isso não é possível, posso voltar ao trabalho semana que vem, se quiser posso pegar alguns casos menores.
- Não Jack, infelizmente a ordem é essa, está escrito tudo nos papéis, leia atentamente e assine, amanhã passarei para pega-los.
Done saiu deixando Jack despedaçado.
Jack pegou uma faca, começou a cortar o gesso da sua perna, em uma fúria incontrolável, nem ao menos pensou para fazer tal feito. Ia rasgando aos poucos e todo aquele gesso começou a se esfarelar pelo apartamento. Por um descuido, que para variar Jack estava sendo muito descuidado há muito tempo, colocou seu pé no chão e apagou com a dor dilacerante.
Jack continuava apagado, sonhando com o mesmo fantasma zumbi, dessa vez o fantasma com uma voz quase incompreensível disse – Lembre-se, não esqueça, Jack começa a correr em seu sonho, ele está preso em uma casa, sangue escorre pelas paredes, o pior dos sonhos, continua a correr sem achar uma saída.
Enquanto isso no mundo real, Jack está caído, já se passou um dia.
Done chega até o apartamento de Jack e bate a porta, nenhuma resposta, insiste e chama por ele, nada acontece, Done então liga para o telefone, que toca até cair na caixa posta. Ele sente lá no seu interior que alguma coisa está errada e arrebenta a porta.
  Ele encontra Jack desacordado no chão do quarto, liga o mais rápido possível para a emergência. Jack enfim é socorrido e levado para o hospital novamente, sua perna é engessada, Jack porém não acorda, ele esta em coma, de alguma forma a dor o induzi-o.
Ele permanece em um pesadelo terrível, paredes que sangram, fantasma, parecia um filme de terror sem fim.
Os dias passam, uma semana depois Jack acorda, muito feliz por todo aquele pesadelo ter acabado, mas aquela fúria momentânea lhe causo não só esse pesadelo terrível como um rebaixamento, sim, Jack agora era não mais da divisão de homicídios mas sim de roubos.
Done veio logo naquela tarde que ele acordou para conversar e dar a notícia.
- Olá Jack, fico feliz que tenha acordado mas receio, ter que lhe contar más notícias. - Seu comportamento não só te prejudicou na saúde como no trabalho.
- Explique-me melhor Done, não estou entendendo.
- Jack, sua reação foi logo após lhe dizer que iria ficar suspenso por um tempo. Com certeza você não conseguiu aceitar bem e achou que estava bem um suficiente para cortar a porra do gesso fora.
- Você não pode fazer isso comigo – Falou Jack muito mas muito raivoso, as veias de sua testa chegavam a saltar.
- Não só posso, como vou, faça por merecer. Done sai da sala.
Jack fica enfurecido, detetive de roubos, mas que grande piada, só faltam tirar minha arma.
Ficou um tempo no hospital, mais uma vez passando pela mesma humilhação anterior, banhos de gato, cama cagada e sopas horríveis.
Agora em sua casa, não iria cometer os mesmos erros, iria descansar, ficar tediosamente infeliz, dormindo e sonhando com sua "vingança". Se existirá alguma é de se pensar, Mandy crescendo e resolvendo um caso atrás do outro, ele um inválido detetive de roubos.
Após cinco meses ele estava praticamente bem, mas tinha que usar uma bengala para se locomover, estava manco, sofria de terríveis dores porém suportáveis.
Jack se arrumou, pegou sua bengala de madeira e foi enfrentar o primeiro dia no departamento de roubo.
O que poderia esperar Jack? Sua mente se rodeava de questionamentos, como um soco no estômago, sentia enjoos de ansiedade e por mais que tentasse se controlar diante dessa nova situação, não conseguia. O medo do desconhecido, medo de começar de novo.
Ele abre a porta e entra, não com a cabeça abaixada mas sim levantada como se fosse o dono do lugar. Se dirige até sua mesa, onde se encontra seu então novo distintivo, se senta e observa ao redor, há um grupo rindo a direita, talvez rindo dele, outros parecem mais ocupados com seus afazeres. Jack, diz o então novo chefe dele Marloo. Venha até minha sala por favor. Ele então se dirigiu a sala.
Então Jack bem vindo, espero que esteja melhor e que faça um bom trabalho aqui conosco, sei que estava na homicídios, porém aqui as coisas costuma ir mais devagar, os casos de roubo são fichinha para alguém com sua fama. Pegue esses casos novos que surgiram e mãos a obra.
Jack saiu então da sala e verificou as fichas de roubo, a primeira seria o roubo de uma molheira antiga, Jack cai na risada com ele mesmo.

Os casos do detetive Jack Waterloo Onde histórias criam vida. Descubra agora