Você tem o melhor de mim

Capítulo 2

Hanna

Acordo e passo as mãos pela cama em busca do meu celular. Quando não encontro percebo que tudo foi real e não um pesadelo. Logo seria despejada do apartamento, estava sem o celular e sem emprego. O dinheiro que não era muito, também estava no fim. Suspiro e me levanto. Não tenho relógio então não sei as horas mas pela intensidade do sol já devia passar das 10h da manhã.

Vou até o banheiro e quase dou um grito. Eu estava horrível. Olheiras enormes abaixo dos meus olhos verdes me alertavam sobre a noite mal dormida de ontem. Quando consegui pegar no sono já estava quase amanhecendo.

Meus cabelos que a um dia atrás estavam brilhantes e macios agora eram um ninho de passarinho. Meu lindo nariz agora tinha uma mancha roxa. Maldito garoto lindo! Talvez se ele fosse um pouco mais feio eu conseguiria guardar mágoa.

Tomo um banho demorado, lavo os meus cabelos com calma e me visto com uma calça jeans colada em meu corpo, que realçava meus quadris e minha bunda, e um cropped branco de botões. Visto também uma jaqueta Jeans por causa do clima em Seul. Logo em seguida faço e como macarrão.

Quando termino penteio os cabelos calmamente e analiso os fios castanhos meio enrolados meio lisos. Tinha puxado a cor do meu pai já que minha mãe era naturalmente loira. A textura ficou por conta da minha avó que tinha os cabelos enrolados e meus pais que tinham o cabelo super liso. Quando eu era criança não gostava do meu cabelo. Era estranho e sem graça. A raíz era muito lisa e as pontas não eram cacheadas e sim um pouco onduladas. Nem um nem outro. Além disso era muito cheio o que já tinha me feito cortar muito curto por causa do clima do Brasil. Hoje eles iam até a base da minha coluna em ondas que segundo minha mãe eram charmosas.

Passo os meus dedos pelas pontas e sorrio quando tenho um bom resultado. Passo desodorante,um batom rosado nos lábios e uma base para esconder o roxo do nariz o que até funciona. Por último coloco minhas coisas na entrada do meu apartamento.

Horas depois eu já me encontrava saindo do meu apartamento com minhas malas e na companhia nada agradável da proprietária que me olhava feio.

- Byane pelo atraso no aluguel. Perdi meu emprego por isso não consegui pagá-la. - Falo com a cabeça baixa.

Ouço a proprietária suspirar e seus olhos passaram a demonstrar compaixão.

- Tudo bem menina. Só espero que você encontre seu caminho o mais rápido possível. E juízo pra essa sua cabeça- Disse de modo compreensivo.

- Gomawo - Digo me curvando.

- Adeus.- Disse a proprietária.

- Adeus- Digo e vou caminhando em direção ao telefone público que eu tinha usado ontem a noite.

***

Estava na quarta tentativa quando ouço uma voz rouca gemer ao atender o telefone.

- Quem é? - Disse a voz. Não sei porque mas aquela voz me fez arrepiar.

- Sou a dona do celular idiota! - Digo irritada.

- HA que ótimo! Me diga apenas na minha casa ou na sua- Respondeu.

- O-O QUE?- Grito no telefone.

- Não grita merda!

Ouço ele rindo. Uma risada muito gostosa de ouvir por sinal. Percebo que era só brincadeira. Não posso negar que sinto uma pontada de decepção.

- Me diga onde quer que eu te encontre pra entregar o celular.- Diz rindo ainda.

Pensei por um momento em algum lugar que ambos conhecíamos.