O último ano

Scarlett

Quando atravessei a porta da delegacia eu nunca me senti tão idiota, por que caralhos eu fui tocar no corpo? Isso pode me dar um sério problema, podem me investigar, descobrir sobre Peter e meu histórico familiar e a minha vida acaba. Avisei a Serena, acho que ela está correndo para cá. Meu vestido preto balança até eu chegar a cadeira e me sentar. Minha perna treme e meus dedos batem no encosto da cadeira.

Há caras estranhos algemados entrando acompanhados por policias, pessoas preocupadas sentadas em outras cadeiras e policiais carregando caixas. Um detetive bem jovem e bonito passou por mim e me encarrou estranhando e desviou o olhar. Serena entra correndo toda descabelada na delegacia com uma calça preta e uma jaqueta de couro, saltos e colares brilhantes.

-O que você vai falar??

-A verdade. Eu não quero mentir para polícia -eu hesitei- de novo.

-Não diga que estávamos bebendo!

-Claro que não. Eu menciono você?

-Sim, é melhor.

A mãe da Serena saiu de uma sala, ela tem cabelos ruivos, veste uma calça pantalona, camiseta social e um distintivo em sua cintura, lança um olhar horrível para Serena, desde que nós aprendemos os palavrões que não devíamos falar ela gosta de se intrometer em seus casos.

-Scarlett Viena, pode vir comigo.

Era uma sala toda cinza com a cadeira e mesa de metal e vidros espelhados, igual a toda sala de interrogatório cinematográfico, me sentia uma criminosa esperta que ia falar tão bem que essa conversa não ia dar em nada.

-Você sabe porque te chamamos aqui?

Sentei na cadeira e meu coração começou a bater rápido quando fecharam a porta. Eu não tinha medo da mãe de Serena, que comprava pizza nos sábados e bebia Stella Artois com a minha mãe nos domingos. Mas, ela como detetive, com um distintivo na cintura me deixava um pouco nervosa, sem necessidade porque ela é como uma segunda mãe para mim.

-Sim. - minha voz soou clara e firme mesmo quando eu pensei que fosse sair trêmula. Eu não tinha feito nada.

-Pode me contar o que aconteceu sábado á noite? Eu sei que foi um engano.

-Eu, Lola, Haley e Serena estávamos voltando do shopping como sempre fazemos, distraídas e sem pressa de chegar em casa, Haley foi seguindo na frente e nós não percebemos até que ela gritou, nós surtamos e eu tive a estupidez de tocar no corpo para ver se ele ainda podia viver.

-Vocês ligaram para chamada de emergência?

-Não, nós saímos correndo com medo de quem fez aquilo pudesse estar perto.

Eu falei que não ia mentir! Ela me olhou por um tempo até eu ficar nervosa novamente.

- Obrigada por vir e fique longe de confusão.

-Pode deixar.- digo sorrindo

Sai da sala e Serena se levantou rápido e nós saímos daquele lugar.

-Como foi?

-Foi tranquilo mas eu menti sobre a ligação de emergência.

-Ótimo!! Isso poderia dar um problema.

-Serena! Que mulher latina que ligou???

-Por favor! Tem dezenas de latinos no meu quarteirão, você nunca notou??

Franzi a testa e tentei me convencer de que essa tarde não ia trazer problemas no futuro.

-Você vai pra minha casa? -Serena pergunta