O emprego

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Meu nome é Anelise Bitencourt, tenho 27 anos e sou jornalista. Isso deve ser novidade para você, ou não, mas não importa.

Estava fazendo "meia-noite" quando o despertador tocou, me levanto focada em pensamentos positivos. Sim, hoje farei entrevista na Rollers; a empresa mais conceituada do país, se eu conseguir o emprego vou trabalhar na área de jornalismo aqui na matriz de Belo Horizonte.

Acho que estou atrasada, mas e essa porta que não abre; aff... a maçaneta quebrou. É, eu realmente preciso desse emprego.

Uma das partes mais complicadas é escolher a roupa, faz muito tempo que não vou às compras... Decidido, vai esse vestido rosa bebê mesmo; ele é formal, na altura do joelho e com uns babados nas mangas. Ele é lindo, a propósito; ganhei no meu aniversário de 25 anos.

Corro para o banheiro e paro ao me observar no espelho. Não tenho muitos traços brasileiros, meus pais são de origem alemã, mas me considero uma mulher elegante; cabelos ruivos e ondulados e olhos cor de mel. Bom, só um pouquinho de base para tampar essas sardas, máscara de cílios e um gloss que deixa meus lábios um pouco mais carnudos.

Estou pronta, só falta a minha bolsa importada diretamente de Nova York na cor nude que deve estar no guarda-roupa e meu scarpin preto. Pego o elevador e nesta pequena descida organizo o meu cabelo que está um pouco rebelde.

O trânsito estava infernal. Rollers fica à 7 km do meu apartamento que com o trânsito fez com que eu gastasse cerca de 40 minutos. Nossa, a faixada da empresa é incrível e eu diria que a Rollers é do tamanho de um quarteirão ou maior. Ao entrar me deparo com um funcionário que será durante a minha espera pela entrevista uma espécie de assistente, ele tem o dever de fazer eu me sentir à vontade.

--- Olá, meu nome é Henry, é um prazer conhecê-la. E você deve ser Anelise Bitencourt certo?

--- Bom dia, isso mesmo!

--- Sou jornalista há 5 anos, mas trabalho aqui há 3 anos. Sou da área de esportes e sou assistente nas horas vagas. Pelo que vi você veio para a entrevista para trabalhar na área de classificados não é mesmo?

--- Sim.

--- Bom, vamos entrando.

Pegamos o elevador na recepção e depois nós fomos andando até que chegamos em uma sala enorme com paredes brancas e com móveis em tons de marrom.

--- Aqui é a sala de espera - e apontando para uma porta disse que lá era o RH, onde aconteceria a entrevista.

--- Vai ser com o gerente e a moça do RH?

--- Exatamente. Marco Antônio, o dono da Rollers está resolvendo negócios no exterior, por isso não vai estar presente.

--- Que ótimo! - exclamei sem pensar.
--- Quer dizer; eu estou desempregada faz tempo e acho que perdi o jeito. Sorri amarelo.

--- Eu entendo. Já estava me esquecendo, que cabeça a minha. Você aceita um suco, um café, um chá...?

--- Não, não. Estou bem, obrigada!

Mal acabei de falar quando ouvi meu nome sendo anunciado. Olhei para trás e vi que era uma moça, ela tinha uma voz meiga e aparentemente era bem bonita. Usava uma calça social preta, um camisete branco e um salto não tão alto, tinha o cabelo escorrido castanho escuro e seus olhos eram verde água, ela era bem baixinha inclusive; o que me fez simpatizar logo com ela. Estava perdida em meus pensamentos quando ouvi:

--- Anelise, está tudo bem? Vai lá, é sua vez e mantenha a calma. -disse Henry

--- Estou muito bem, obrigada.

Me dirijo à sala, entro e vejo um homem sentado; ele tinha uma aparência mais velha, tinha uma barba bem aparada, cabelo curto, sendo ambos grisalhos. Olhos castanhos escuros e um sorriso um tanto que amarelo e vestia o uniforme da empresa.

--- Bom dia, Anelise. Meu nome é Jorge e sou o gerente. Não se preocupe comigo quem vai conversar com você é a Thaís, se eu tiver alguma dúvida eu me manifesto.

--- Bom dia, prazer em conhecê-lo. Entendi.

--- Anelise, sou a Thaís, trabalho na área de recursos humanos e te farei algumas perguntas; não existe resposta certa ou errada, são perguntas pessoais. Fique tranquila!
Então vamos começar: seu nome é Anelise Bitencourt, tem 27 anos, e seu estado civil é divorciada correto?

--- Primeiramente, bom dia, é muito bom estar aqui. E é isso mesmo!

--- Há quanto tempo está desempregada?

--- Tem um pouco mais de 5 meses.

--- Qual seu último emprego e quanto tempo trabalhou lá?

--- Trabalhei no JornalCidade.com na parte de entretenimento, no período de 2 anos e 3 meses.

--- E por que você saiu?

--- Passei por alguns problemas pessoais que me desequilibraram emocionalmente e sentimentalmente me causando pequenos danos na saúde, mas me vejo apta para trabalhar novamente.

--- Por que você quer trabalhar na Rollers?

--- Acredito que todo mundo tem a necessidade de crescer profissionalmente, mas cada um encontra um meio para isso. Hoje, vejo a Rollers como um meio para crescer. Eu sempre amei jornalismo, poder atuar na minha área juntamente com funcionários competentes que amam o que faz, não tem preço. Essa empresa é a mais conceituada do país, sendo altíssimo os índices de venda, o que me ajudará bastante.

--- Por que devemos te contratar?

--- Como já disse; eu amo jornalismo e sei que uma das maiores qualidades de um bom funcionário é saber o que faz e amar suas atividades. Vou me destacar por amar a área. Uma empresa deste porte se destaca pelos funcionários que realmente veste a camisa.

--- É só isso, aguarde a nossa ligação, pois entraremos em contato para passar o seu resultado. Boa sorte! -disse Thais.

--- Boa sorte. Obrigado pela confiança! - exclamou Jorge.

--- Imagina, eu que agradeço a oportunidade e a disponibilidade. Tenham um bom dia.

--- Igualmente. -disseram juntos.

Saindo do RH vejo Henry no balcão e o agradeço por toda a gentileza.

--- Como foi? - perguntou ele.

--- Aparentemente bem, eles vão me ligar. Mas agora eu preciso ir, obrigada novamente.

--- Não fiz mais do que minha obrigação. Daqui uns dias você estará aqui conosco.

--- Assim espero. Tchau e tenha um bom dia.

--- Tchau, para você também.

Desço pelas escadas, o elevador está interditado. Chegado em casa coloco uma regata branca e um jeans velho e me lanço no sofá sem pedir nada em troca, assim acabo adormecendo ali mesmo ao lado do telefone. Horas passaram e acordo assustada com um barulho. É o telefone! apressada atendo sem olhar quem era.

--- Alô, com quem eu falo?

--- Oi, é a Anelise.

--- É com a Sra mesmo que eu quero conversar. Sou telefonista da Rollers, me chamo Melissa e liguei para informá-la que sua entrevista foi um sucesso e que está contratada. Você só precisa comparecer amanhã às 14 horas aqui para um breve treinamento e deve trazer todos os documentos, inclusive a carteira de trabalho.

--- Nossa, que alegria! -gritei
Estarei aí amanhã sem falta, no horário combinado. Boa tarde.

--- Qualquer coisa nos telefone. Boa tarde.

Ao desligar o telefone disco apressadamente o número da minha mãe.

--- Alô, mãe? adivinhe quem vai trabalhar na empresa mais conceituada do país?!

Minha mãe, embora goste de discussão e de colocar problemas em tudo desta vez se silenciou e depois comemorou comigo o início desse novo ciclo, afinal é um emprego na Rollers.

Ele voltou para ficarOnde histórias criam vida. Descubra agora