Rick sempre foi o chefe dos garotos. Sempre tivemos total liberdade de sermos quem a gente queria ser fora do horário do expediente. O mercado dos garotos de programa era instável, uma hora no topo outra no abismo. Lembro que quando cheguei éramos uns 20, havia alguns que eu cheguei a nem conversar. Mais com o tempo isso foi mudando, ficamos em Goiânia menos de 9 meses e Rick deicídio mudar para o Rio de Janeiro, onde um velho o bancava e alugava um apartamento pra ele, tal apartamento que vivia eu, Rick e mais três garotos. Éramos uma família, na verdade; Rick era minha família. Eu devia tudo a ele, ele me ensinou como fazer. Me ensinou desde meu primeiro programa como ser um ótimo ativo, ou um tremendo passivo, eu fazia sucesso e ganhava muito dinheiro. Suspeitaria dizer que ganhava até mais que Rick, mais jamais teria coragem de tentar derruba-li além de amigos, éramos parceiros e durante esses cinco anos que ficamos no Rio tivemos uma relação conturbada. Uma hora amigos outra tínhamos um caso.
O problema desse mundo são as consequências, não é só dinheiro que rola. Rola droga, rola roubo enfim; rola muita coisa errada e eu como sempre tentava me ausentar disso tudo.
Depois de três anos no Rio o velho que bancava Rick estava cansado dele, como disse; o mercado e bem rotativo. Como sempre, Rick deu um jeito de ficar com o apartamento, ameaçou expor o velho em troca da escritura do apartamento é uma conta gorda no valor de 300 mil reais. Ele sabia bem jogar como garoto de programa.
Lembro perfeitamente quando Rick havia me contado que queria mais, que não suportava aquele velho nojento atoa e que queria mais dinheiro.
- cuidado com o que irá fazer cara - lembro de avisar Rick sobre sua intensidade em relação ao dinheiro.
Mais ele não me ouviu, dias depois ficamos sabendo da morte suspeita do velhote e a memória de Rick desabafando comigo enquanto estava bêbado sobre ter matado o velho eu nunca irei esquecer. Também não esquecerei que achei excitante e que transamos a noite toda no chão da varanda do apartamento e ríamos enquanto isso do suposto assassinato que Rick havia cometido.
- pra você tudo bem Enzo, ficar comigo, nessas condições? - ele me perguntou após o sexo eufórico feito na varanda, era noite e estava frio.
- Rick, todos temos passados. Você foi impulsionado a fazer isso, não cabe a mim te julgar. - respondi, eu sabia que não era a melhor pessoa para julga-lo lembrando do meu passado.
A história foi omitida por Rick, assim como varias outras. Roubar clientes ou ameaça-los com jovens garotos "usando para justificar um abuso" virou hábito. E a gente ganhava mais dinheiro com isso do que com os próprios programas.
Só que Rick não me amava, ele amava outro. Amava Leandro, e não demorou para que ele aparecesse no apartamento para passar uma temporada e ficar mais dois anos após toda essa confusão da morte do velho e dos crimes seguintes. Eu acabei me afastando de Rick, mesmo morando no mesmo lugar e nossa relação ficou sendo apenas amizade, eu também não o amava e aquela não era minha vida.
Comecei a me arrepender das coisas que havia feito mais Rick parecia ter uma força maior sobre mim e sempre fazia com que eu voltasse a errar. O problema não estava nessa situação mais na força maior que comandava Rick e essa força se chamava Leandro.
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Euforia| Saga Camaleão|livro 2
Mystery / ThrillerSegundo livro da saga camaleão Após se envolver num crime e fugir do hospício Lorenzo muda de personalidade e nome e passa a se chamar Enzo. Levando a vida de garoto de programa para sobreviver acaba tomando gosto pela profissão e se envolvendo em n...