A notícia da morte de Rick havia me abalado mais do que qualquer coisa que já tinha acontecido comigo antes, eu não esperava aquilo. Tivemos uma explicação nada concreta daquela morte e por incrível que pareça fomos convidados ao funeral de Rick pelos pais dele, que também moravam no Rio.
Todos nós 4, que morávamos com Rick fomos e como já era de se esperar Leandro não deu as caras. Só me mandou uma mensagem lamentando o ocorrido, disse que os dois foram atacados por homofóbicos e não deu para que salvasse Rick mais me convidava para ir para a casa que ele iria abrir.

Chegamos no enterro de Rick e por incrível que pareça ser irônico ele tinha mesmo todo uma família, que ele nunca citava antes e que parecia ter um suporte bem favorecido eu não entendia porque ele tinha escolhido essa vida. Poucas palavras foram ditas a mãe lamentava muito e só chorava nos braços do pai. Depois de todos os discursos breves que teve o padre perguntou se alguém queria dizer mais alguma coisa e ninguém se pronunciou, apenas assentiu. Eu decidi então me levantar, das últimas cadeiras do final da igreja e falar.
- vocês não me conhecem, devem estar se perguntando o que estou fazendo aqui, mais por Rick decidi falar. Ele era uma pessoa boa, fora todos os erros o coração dele era gigantesco e vocês sabem disso. Eu queria ter agradecido mais pelo que ele fez por mim, mais não deu tempo. Acho que o estranho da morte e que ela não vem com aviso então ela consequentemente não nos prepara para a perda. Eu sinto muito, de coração mais espero que Deus conforte o coração de nos amigos, da família e de quem realmente gostava dele. - lamentei e encerrei meu discurso não programado, vi que a mãe dele por mais triste que pudesse estar gostou do eu havia dito, então para mim já tinha valido a pena.
Lembro dela me agradecer pelas palavras e dizer que ia ter comida após a missa, mais nós decidimos ir embora, não podíamos nos expor demais. Eu fiquei por alguns segundos, que pareceu eterno olhando a dor e o sofrimento dos pais e amigos de infância. Me colocou já situação deles ou na de Rick diversas vezes e lembrei que já tinha mais de oito anos que eu não via meus pais e amigos verdadeiros.
- Você está bem Enzo? - perguntou Felipe o mais novo dos garotos que moravam com a gente.
- estou sim , vamos embora né galera? Já fizemos o que tínhamos que fazer.
Chegamos em casa e eles me avisaram que o apartamento tinha sido vendido dois dias antes da morte de Rick, assustei por ele não ter nos avisado de nada e assenti a decisão dos meninos, que admiravelmente iriam para a nova casa noturna de Leandro em busca de abrigo.
- vocês vão o que? - perguntei furioso enquanto eles já arrumavam a mala.
- isso nós vamos, não temos onde ficar. Já sabemos que você foi o primeiro a ser convidado a ir e se quiser colar com a gente já estamos quase saindo - me assustei com a euforia de Felipe ansioso a ir para essa tal casa.
Antes que pudéssemos continuar o debate a porta bateu, alguém havia conseguido passar pela portaria e estava na porta do nosso ap, isso era preocupante. Eu então fui abrir a porta.
Era Cláudia, a mãe de Rick.

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