Uma nova manhã

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Aos poucos abro os meus olhos, e vejo o meu quarto iluminado pela luz de uma grande estrela que nos traz direção. É uma nova manhã. O que mais essa estrela vai clarear?

Levanto ansioso, e vou até o banheiro. A água escorre por entre meus dedos, e levo um pouco da mesma até o meu rosto. Ocorre um choque entre a estagnação e a fluidez. Finalmente acordo.

Escovo os meus dentes, e vou até a sala. Ele está sentado no sofá, totalmente focado em um livro que está aberto em suas mãos. Ele lê atentamente cada linha, e observa com cuidado cada palavra daquele texto, por isso minha presença ainda não foi notada.

-Bom dia- Eu digo, fazendo-o mudar o seu olhar para mim.

-Bom dia.

-Dormiu bem?

-Sim, obrigado. Peguei esse livro na sua estante, pois acordei um pouco cedo e não sabia direito o que fazer- Ele diz, fechando o livro e o colocando sobre o sofá.

-É um livro muito bom, um dos meu preferidos, acredito que você vai gostar- Sorrio e ele levanta- Já comeu alguma coisa?

-Só bebi água, não comi nada por enquanto.

-Certo. Vou tomar um banho e te levar a uma padaria aqui perto. Você deveria fazer o mesmo. Se você quiser, posso te emprestar alguma roupa.

-Não precisa me emprestar não, ainda tenho umas na minha mochila.

-Ah, sim. Vou tomar o meu banho, enquanto isso você pode ler mais um pouco- Saio da sala, e vou até o meu quarto.

Depois de pegar tudo o que eu precisava, caminho até o banheiro e retiro toda a roupa do meu corpo, ficando completamente despido. Entro no chuveiro, e a água fria percorre como trilhas todas as partes do meu corpo. Estremeço um pouco.

Quando termino o meu banho, enxugo todas as partes molhadas e visto minhas roupas. Estou pronto. Vou até a sala, encontrando ele novamente lendo no sofá. Dessa vez eu sou prontamente notado.

-Já estou pronto. Sua toalha já está no banheiro, pode ir.

Ele levanta e segue até o banheiro, trancando a porta.

Demora alguns minutos e logo aparece. Está com uma bermuda branca com flores azuis, uma camisa totalmente branca e o tênis de ontem.

-Vamos?- Ele diz, e sorri para mim quando percebe o meu olhar sobre ele.

-Vamos.

Seguimos até a padaria. Queria levá-lo a uma lanchonete que eu gosto muito, mas ela não abre aos domingos. Ele olha para todos os cantos da rua. Ele com certeza nunca veio aqui.

-Lugar novo?-Eu pergunto.

-Sim, não costumava vir para esse lado da cidade, apesar de morar aqui há três anos.

-Por que se mudou para cá?

-Meu pai. O emprego dele, na verdade. Ele recebeu uma proposta melhor aqui, e viemos morar perto dos meus tios.

-Você gosta de morar aqui?

-Eu não sei. Acredito que eu era mais feliz na minha outra cidade. Deixei muita gente importante para mim.

Atravessamos mais uma rua, e entramos na padaria.

-Você gosta de bolo?

-Sim, gosto muito.

-Escolhe algum que você queira.

Ele olha o balcão cheio de opções e escolhe um bolo de cenoura com chocolate. Meu preferido.

-Pode ser esse aqui?- Ele pergunta, com o bolo na mão.

-Claro que pode- Eu pego o bolo – Escolha mais algumas coisas que você quer comer enquanto eu compro alguns pães.

-Certo- Ele diz, e vai até a parte dos salgados.

Compramos alguns doces e salgados a mais, e retornamos à minha casa. Coloco as compras sobre a mesa, e o chamo para tomar café.

-Esse bolo é muito bom- Eu digo.

-Sim, ele é.

Ele não é de falar muitas palavras, não até agora. Parece tímido, ou talvez, aprecie muito o silêncio. Ele é incerto demais, e não sei o porquê, mas isso não me incomoda. 

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Espero que estejam gostando :3

O Homem Quase InvisívelOnde histórias criam vida. Descubra agora