Capítulo 16

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Jessica pensou que só quem já vivenciou o que ela estava sentindo entenderia como é a sensação de estar flutuando. Sirius a segurava com carinho e seus lábios eram macios e quentes, os dedos enrolados no cabelo dela, tocando-lhe a nuca. Ela não queria que esse momento terminasse, então se aproximou ainda mais na tentativa de conseguir mantê-lo junto a ela.

Nunca em toda sua vida tinha sido beijada daquela forma, nunca imaginou que poderia se sentir daquele jeito. Cada toque uma nova onda de calor, um novo choque elétrico. No andar debaixo, ouviram um barulho que os obrigou a parar, institivamente, Sirius se colocou à frente de Jessica. O gesto foi rápido e ambos tiraram a varinha e apontaram para porta.

− Sirius − Jessica sussurrou. − Tem alguém subindo a escada.

− Estou escutando − ele devolveu o sussurro. − Fique atrás de mim.

Os passos pararam e os dois ficaram paralisados, não querendo fazer nenhum barulho e atrair a atenção de quem for que estivesse do lado de fora.

− Sirius? − escutaram a voz de Remo chamar.

− Espero que seja caso de vida ou morte, Remo − Sirius gritou.

Remo abriu a porta do quarto onde estavam, quase sem fôlego, Jessica teve a impressão de que ele havia corrido até eles.

− É o Snape... − começou Remo, ainda tentando normalizar a respiração.

− O que tem ele? − Sirius estava claramente aborrecido.

− Ele... ele... viu você trazer a Jessica... − disse Remo com dificuldade. − Ele seguiu vocês... viu vocês entrando na passagem... tentamos segurá-lo e tivemos sucesso por um tempo... mas ele conseguiu se libertar... Acho que ele vai contar para o diretor.

Sirius virou para Jessica e ela não gostou do que viu no rosto dele. A preocupação que encontrou nos olhos de Sirius foi confirmação o suficiente para saber que se Severo chegasse até o Dumbledore, eles estariam encrencados.

− Precisamos voltar agora − ele disse segurando a mão de Jessica.

Correram pelo túnel a ponto de Jessica não entender como estava conseguindo acompanhar o ritmo dos meninos, mas continuou firme até chegarem no buraco no tronco do Salgueiro. Sirius pegou um tronco caído e enfiou no mesmo lugar que o rato tinha sentado e a árvore paralisou, ele saiu primeiro, ajudou Jessica e Remo veio logo atrás.

− Espero que não seja tarde demais − Sirius desejou em voz alta.

Não avançaram muito quando viram que, de fato, era tarde demais. Dumbledore estava parado, os observando, sério. Tiago e Pedro de um lado, preocupados e Severo do outro, com um sorriso satisfeito.

− Professor, eu posso explicar... − Sirius começou.

− É melhor mesmo − o diretor não o deixou continuar. − Mas não aqui. Venham comigo, vamos resolver isso no meu escritório.

O trajeto até o escritório do diretor foi a caminhada mais longa da vida de Jessica. Ninguém falou nada e os alunos que os viam passar sabiam que eles estavam com problemas.

− Caneta de açúcar − disse o diretor e a estátua de gárgula saiu do caminho e eles subiram em um degrau de uma escada caracol que começou a subir lentamente. Quando a escada parou Dumbledore virou para Jessica.

− Sra Thompson, espere do lado de fora por um momento − ele instruiu. − Preciso dar uma palavrinha com esses cinco primeiro.

− Tudo bem − Jessica se ouviu obrigada a dizer, mesmo odiando a ideia de ficar para fora, a espera só faria a ansiedade aumentar.

Jessica Thompson - Anos dos MarotosOnde histórias criam vida. Descubra agora