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A primeira coisa que veio a mente de Seungcheol foi o dia em que viu Jeonghan pela primeira vez. Eles ainda eram crianças, e Jeonghan estava chorando. Tinha acabado de perder a mãe, e seu pai o havia abandonado. Seungcheol o confortou, mesmo sem o conhecê-lo, e o chamou para morar em sua casa, em uma daquelas fantasias de criança em que tudo pode dar certo. No fim, Jeonghan acabou indo morar com Mingyu, já que suas mães eram amigas próximas, mas os dois não se distanciaram. Acabaram virando melhores amigos, e desde aquele dia nunca se separaram.

Jeonghan gritou, tirou a arma das mãos de Seungcheol e atirou no homem novamente, dessa vez o matando com um tiro no peito. Seungcheol ainda estava de pé, se curvando com a mão sobre a barriga. O tiro o havia atingido na região do fígado, e a cada segundo que passava mais sangue saia da ferida. Jeonghan segurou Seungcheol, colocando sua mão na ferida e fazendo pressão na mesma, e juntos correram para fora do estabelecimento. Wonwoo e Mingyu já esperavam por eles prontos para ajudar, pois haviam ouvido os tiros e sabiam que algo havia dado errado. Assim que colocaram Seungcheol na van, saíram rápido antes que a polícia chegasse.

— Vai mais rápido, caralho! Ele está perdendo sangue! — gritava Jeonghan, desesperado. 

—Pro hospital? — perguntou Wonwoo.

— Claro que não seu idiota! Pra sua casa!

— Jeonghan! Se acalma! — gritou Mingyu em resposta.

Jeonghan pôs a cabeça de Seungcheol em seu colo, e o abraçou, chorando. Suas mãos estavam sujas de sangue, assim como suas roupas e seu rosto. Seungcheol ainda estava consciente, e pedia desesperadamente por alguma droga.

— Essa merda está doendo! Alguém me dá alguma coisa! — gritava ele, se contorcendo de dor.

Mingyu começou a vasculhar pela van, procurando por algo, até achar cigarros e heroína. Ele jogou as drogas para Jeonghan, que acendeu um dos cigarros e o colocou na boca de Seungcheol, que deu um longo trago. Jeonghan tentou injetar a heroína, mas Seungcheol não parava quieto por conta da dor que sentia.

— Pare quieto, por favor! — pedia, entre soluços. — Por favor, meu amor...

Para Jeonghan, aquilo estava doendo mais em si mesmo do que no próprio Seungcheol. Tinha medo de perdê-lo, tinha medo de que o pior acontecesse, e ele não iria se perdoar se Seungcheol morresse.
 

A segunda coisa que veio em sua mente, foi o dia em que se declarou para Jeonghan. O mesmo já havia se dito sobre seus sentimentos para ele, mas tinha medo do que os outros iriam pensar. Quando decidiu que nada mais importava além do que Jeonghan, foi o dia mais feliz da sua vida. Ele tinha plena certeza de que Jeonghan era o amor da sua vida, e iria fazer de tudo para não decepcioná-lo.
 

Ao chegarem na casa de Wonwoo e Mingyu, os dois ajudaram Jeonghan a levar Seungcheol até o banheiro. Jeonghan começou a tentar tirar a bala do ferimento, com Seungcheol aos gritos. Mingyu foi procurar mais algumas coisas para aliviar a dor, enquanto Wonwoo se certificava de que a polícia não os havia encontrado. 

— Para! Isso dói! — gritou Seungcheol.

— Estou quase tirando! Fuma isso aí e fique quieto — ordenou Jeonghan, nervoso.

Ele ainda estava chorando, mas conseguiu remover a bala. Ele começou a fazer um curativo desesperadamente, enquanto Seungcheol se segurava para não gritar. Ele via o quanto Jeonghan estava abalado com aquela situação, e tentou facilitar as coisas para ele. Assim que Jeonghan terminou o curativo, abraçou Seungcheol com todas as forças, chorando de alívio.

— Seu filho da puta desgraçado — disse Jeonghan, ainda o abraçando. — Eu te amo tanto.

— Me desculpe, eu não sabia que isso iria acontecer — sussurrou Seungcheol, sentindo as lágrimas escorrerem pelo seu rosto.

O rosto de Seungcheol estava sujo de sangue, devido as mãos de Jeonghan. O rosto dele também estava sujo, e Seungcheol sujou ainda mais ao puxar o rosto de Jeonghan e dar um beijo profundo e sincero, que dizia o quanto ele o amava, e o quanto era grato por tê-lo em sua vida.
 

A terceira coisa de que se lembrou, foi do dia anterior. Do rosto de Jeonghan sorrindo para ele enquanto corriam por nada. Do quanto gostava de estar com ele mesmo com todas aquelas substâncias percorrendo por suas veias. Ele se lembrou de todas as pequenas coisas que amava em Jeonghan, até uma dor lacinante o atingir.

robbers - yjh. + csc.Onde histórias criam vida. Descubra agora