Alice e Bernardo passaram a encontrar-se com mais frequência. De início era na lanchonete ou no barzinho, em frente ao apartamento de Alice, sempre acompanhados por Caroline e André, até que boatos sobre um possível namoro começou a rolar. Alice, então caiu na real de que aquilo poderia prejudicá-la profissionalmente.
- Não quero ser chato, mas... Isso pode prejudicar sua matéria! – dizia Benjamin - Não quero intrometer-me em sua vida pessoal, mas você gravou um só vídeo na última semana e bem fraquinho. Não foi nem um pouco polêmico! Os acessos caíram. E a coluna está "sem sal nem açúcar".
- Desculpe-me, vou melhorar.
- Você pode namorar se quiser, mas seu comportamento não pode mudar! Você precisa continuar sendo segura e confiante. As pessoas gostam da segurança que você transmite!
- Tudo bem, Benjamin. Essa sou EU, não mudei! Apenas estava um pouco cansada, dormindo e comendo mal... Acho que relaxei na última semana!
- Alice, considere-me seu amigo e ouça meu conselho: Não saia durante a semana e não beba. Não caia na onda dessa molecada da faculdade!
Alice ri: – Confie em mim!
Ele beija sua mão como era de costume, consentindo.
Alice dedicou-se ao máximo durante suas gravações, mas seus sentimentos paralelos intercalavam-se. Sua vontade era de gravar um vídeo gritando ao mundo que estava perdidamente apaixonada! De hora em hora olhava o celular para ver se chagava alguma mensagem dele. Ao chegar do serviço ela imediatamente o ligava.
Afim de dispersar as fofocas, começaram a se encontrar "as escondidas" somente em seu apartamento, e isso ao invés de ser ruim parecia deixar tudo ainda mais interessante. Ela deitava em seu colo e ele por ali perdia um tempão fazendo carinho em seus cabelos e ouvindo tudo que ela dizia. Os beijos eram infinitos e incansáveis. As falas eram sinceras e, às vezes, ofegantes:
- Eu nunca gostei de ninguém assim... – dizia ele, logo em seguida a beijava novamente, e assim faziam sem parar - Você está gostando de mim? – Perguntava ele com os olhos ainda fechados pelo beijo; a respiração era sempre acelerada.
- Você faz meu coração bater mais forte! – Sussurrava ela, rindo.
- Não ria de mim!
- Não estou rindo de você!
- Quero te namorar!
- Seria lindo!
- Um dia vou levar você embora comigo... Juro!
- Eu vou com você.
Após uma entrevista em transmissão ao vivo, pela internet, com um grupo de garotas, Alice e Caroline voltam ao Café, como de costume.
- Sabe Alice, você tinha toda razão, a paixão é psicológica! Vi meu ex ontem e nem me importei, não consegui sentir exatamente nada além de pena. É como se o amor próprio tivesse tomado conta de mim! Devia ter te conhecido antes.
- Que bom, Carol! Você está ótima mesmo. Não te disse que tudo ia melhorar!?
- Sim, você disse, e estava certa!
- Mas você também estava certa! Às vezes tenho a impressão de que não consigo ter tanto controle sobre o que sinto. Ontem o Bernardo falou sobre namorar...
- Que máximo! Você aceitou, né!?
- Benjamin me chamou para uma conversa séria a respeito disso, disse que meu trabalho caiu em qualidade e que meu namoro poderia ferir sim minha reputação como colunista da revista. Devido a minha posição, entende?
- Isso não é justo, seu trabalho é excelente, Alice!
- Ele disse que não quer interferir em minha vida pessoal, mas realmente não estou produzindo como deveria, é como se eu estivesse perdendo minha identidade. Realmente o que eu estava falando nos vídeos era verdadeiro, eu vivia o que eu ensinava! Mas agora sinto que estou vivendo outra coisa, por isso tenho necessidade de falar sobre outras coisas.
- Você se apaixonou por ele.
- Acho que sim!
- Você está pensando em desistir da revista, do canal, do blog?
- Não sei...
- Não sabe!? Estou realmente chocada! – dizia Caroline balançando a cabeça em desaprovação. – Alice! Você me explicou com embasamento em estudos que conseguimos controlar nossa mente, haja pela razão! Existem mil garotas por aí se matando para estar AQUI, em seu lugar. NÃO FAÇA ISSO!
- Não vou fazer isso.
***
No final de semana como de costume Bernardo foi até o seu apartamento. Quando entrou avistou-a linda:
- Ual! Você está maravilhosa!
- De Shorts e blusinha básica!?
- Nunca vi mais linda! – pegou-a pela cintura e a colocou em cima da mesa da cozinha, seus beijos foram diferentes, mais picantes, até que se deitaram sob a mesa.
Disfarçadamente ele levantou e ligou a teve. Começou explicar que era cristão (uma conversa sem nexo para ocasião), sem perceber estavam novamente rolando no chão da sala. "Do nada" ele parou novamente e disse que precisava usar o banheiro, voltou novamente falando sobre a igreja que frequentava... Ela ficou tentando decifrar o enigma; por certo momento imaginou que ele estivesse tentando despistá-la, talvez pelo lance de que as igrejas evangélicas restringirem a questão do sexo antes do casamento, mas ao mesmo tempo ele parecia a desejar tanto, parecia não se importar tanto com aquilo. Alice ficou confusa. Então ele atendeu seu celular e disse que precisava ir embora.
- Ir pra onde, Bernardo!? Tá tão cedo, fica mais um pouco aqui! – dizia ela aproximando-se para beijá-lo novamente. Desta vez deu-lhe uma mordidinha nos lábios que o fez estremecer. Mesmo parecendo querer ficar, ele insistiu:
- Desculpa, vou ter que ir nessa! Os meninos da república queimaram o chuveiro.
E foi.
No dia seguinte, Alice tomou coragem e pediu para Beijamin mudar sua função na revista.
- O quê!? Isso é por causa daquele moleque?
- Beijamin, meus vídeos estão ficando uma porcaria, eu não estou conseguindo! Você tinha razão, as pessoas estão reclamando!
- Não! Não vou abrir mão de você! Vou te dar uns dias de folga está bem!? Você vai repensar.
- Mas eu...
- Não tenho outro lugar pra você aqui, Alice. Você está para completar 23 anos, recém-formada e ganha mais do que muitos empresários. Repense! Viva o que você sempre ensinou: foco! Sua carreira, sua independência, está tudo em suas mãos!
Parece ser fácil fingir. E para muitos é algo natural, mas para Alice não, ela não conseguia mais expressar-se da mesma maneira, pois tudo estava mudando dentro dela. Até pensou em continuar sua coluna de maneira mais romântica, quem sabe? Mas Beijamin não gostava de nada daquilo.
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Não pare no tempo! Ponto final.
Short StoryAlice é uma blogueira de 22 anos de idade, recém-formada em jornalismo que é convidada para trabalhar em uma das revistas mais famosas do país, pelo fato de ter se tornado, em tão pouco tempo, popular na internet! Seu trabalho é aconselhar adolescen...