1 - Espionagem (Parte II)

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Ao entrar na sala, deu-se de frente com três homens respeitáveis

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Ao entrar na sala, deu-se de frente com três homens respeitáveis. O primeiro deles, Sérgio Robson Barbosa — chamado sempre pelo seu segundo nome —, cuja feição séria mesclava-se com os simpáticos fios de cabelo enegrecidos, mais grisalhos na raiz, que destacavam suas entradas, gerando destaque à testa brilhosa. O segundo deles, Júlio Borella, batia levemente a palma da mão por cima do caríssimo terno acinzentado. De face rígida e arisca, não era o dileto dos investigadores, administradores, seguranças e demais profissionais do departamento. E por fim, ao lado dele, Gilberto Ambrosio, a expressão agradável cedendo confiança. Era um senhor negro de portes acadêmicos e conversa aprazível, com um péssimo gosto para combinar gravatas e camisas sociais. Eis a tríade da direção da ASIP, Katerine suspirou.

Em uma escala profissional e hierárquica, Júlio e Gilberto eram apontados como os influentes diretores-assistentes, que lidavam com operações especiais e investigações. Quanto a Robson, este se apresentava como o Diretor-Geral da ASIP, o cargo de mais alto prestígio da agência, responsável pela burocracia, finanças e pedidos formais por recursos.

Havia também, no vago canto de sua mente, uma indagação de por que dos maiores cargos serem ocupados somente pela presença masculina; um assunto que de vez em quando aparecia em suas conversas com Alicia.

— Bom dia, senhores.

— Bom dia, Stein. Agradeço por sua pontualidade. Por favor. — Robson indicou a cadeira para que ela se sentasse à sua frente e esperou com que Katerine o fizesse para prosseguir: — Devo observar que você está conosco há dois anos.

— Sim, senhor.

— Você tem noção sobre o bom trabalho que realiza, Katerine. Sabe disso. Jamais infringiu nossas regras, sempre pensou antes de agir, obteve sucesso em tudo o que fez, é um destaque dentro da equipe onde trabalha. Sem dúvida, devo parabenizá-la.

A investigadora permitiu um sorriso curto, discretamente contido, para manter a seriedade do diálogo.

— Obrigada, senhor.

— Além disso, possui um excelente currículo. Melhores notas no Instituto Preparatório, ótimas referências de seus instrutores e uma notória especialização em crimes hediondos no âmbito familiar. Por ter todas essas qualidades, Katerine, você tem a nossa confiança e admiração.

Katerine assentiu. Nada demais até agora. Cedo para assumir que se preocupara em vão?

— Entrementes, não devo me prolongar. Vou direto ao ponto. Alguma vez chegou aos seus ouvidos qualquer comentário sobre um investigador chamado Daniel Moraes, que trabalha conosco, dentro desta mesma sede da ASIP há mais de quatro anos?

— Sim.

— De que forma?

— Por sua reputação individualista. — Ela se ajeitou na cadeira, mantendo as costas eretas. — É um ótimo profissional, mas prefere trabalhar sozinho, o que ruma na contramão da política da agência, que preza o trabalho em equipe ou parceria.

Ellk (Livro 1) | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora